O premiado documentarista lituano Mantas Kvedaravicius entrou para a lista de profissionais de mídia que morreram ao cobrir a guerra na Ucrânia.
O Ministério da Defesa ucraniano informou que o cineasta de 45 anos foi morto em Mariupol por forças russas, no sábado (2), quando tentava deixar a cidade.
Ele ficou conhecido pelo filme “Mariupolis”, de 2016, que ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Lithuanian Film Awards, além de receber elogios nos festivais de cinema de Berlim, Hong Kong e Estocolmo, segundo o Hollywood Reporter.
Documentarista é 7º profissional de mídia morto na Ucrânia
Outros seis profissionais de mídia já perderam a vida na guerra da Ucrânia, entre eles um outro documentarista, o americano Brent Renaud.
O Ministério da Defesa da Ucrânia confirmou a morte do lituano por meio de um tweet.
Segundo o órgão, o documentarista lituano foi baleado por soldados russos enquanto tentava sair de Mariupol — cidade sitiada pelo exército da Rússia em meio à guerra contra a Ucrânia.
O cineasta chegou a ser socorrido para um hospital, porém não resistiu.
While trying to leave #Mariupol, the 🇷🇺 occupiers killed Lithuanian director Mantas Kvedaravičius, who is the author of the documentary Mariupolis.
RIP #StopRussia #RussianWarCrimes pic.twitter.com/5EfZ9jEWQU— ArmyInform 🇺🇦 (@armyinformcomua) April 2, 2022
Kvedaravicius também dirigiu o premiado documentário “Batzakh”, de 2011, sobre a guerra da Rússia na Chechênia. O filme ganhou o prêmio de cinema da Anistia Internacional em Berlim naquele ano e foi reconhecido pelos pares.
As Federações Internacional e Europeia de Jornalistas (IFJ-EFJ) condenaram seu “assassinato deliberado” e exigiram que as forças russas deixem os profissionais de mídia trabalharem na guerra da Ucrânia sem serem alvos de ataques mortais.
As Federações Internacionais e Europeias de Jornalistas condenaram o ataque que tirou a vida de Kvedaravicius:
“Estamos profundamente chocados e condenamos veementemente este assassinato deliberado de outro funcionário da mídia. Mais uma vez, os jornalistas são civis e devem ser protegidos e respeitados como tal.
O assassinato do documentarista lituano Mantas Kvedaravicius é um crime que não pode ficar impune”.
No filme “Mariupolis”, o cineasta retratou como era a vida na cidade ucraniana, situada a leste da Crimeia e, no passado, povoada por gregos.
No documentário de 2016, ele retratou como Mariupol já sofria diariamente com ameaças de bombas. Veja abaixo o trailer:
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Ataques contra a mídia fizeram mortos e feridos na Ucrânia
Pelo menos outros sete jornalistas foram mortos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no final de fevereiro, e dezenas ficaram feridos em ataques deliberados das tropas russas.
Brent Renaud, o outro documentarista morto, foi alvejado por soldados russos na cidade Irpin, no dia 13 de março, e não resistiu aos ferimentos.
A primeira morte de profissional de mídia registrada foi a do cinegrafista ucraniano Evgeny Sakun, da Kiev Live TV, que perdeu a vida após ser atingido no bombardeio da torre de televisão da capital, no dia 1º de março.
Apenas um dia após a morte de Renaud, o cinegrafista americano Pierre Zakrzewski, da Fox News, e a produtora ucraniana que o acompanhava, Oleksandra Kuvshinova, também foram vítimas fatais de um ataque por parte de soldados da Rússia.
Na última sexta-feira (1), o corpo de um experiente fotógrafo de guerra ucraniano que já tinha documentado conflitos em vários países e fazia parte da equipe de colaboradores da agência Reuters foi encontrado em uma vila ao norte de Kiev, local fortemente bombardeado.
Além de colaborar para a Reuters, Maks Levin trabalhava para o site de notícias ucraniano LB.ua. Suas fotos sobre a invasão foram publicadas em vários meios de imprensa internacionais. Ele também já havia colaborado com outras mídias globais como BBC, TRT World e Associated Press.
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