Reconhecer imagens que representem os esforços em direção a um mundo pacífico e atos de bondade para atenuar o sofrimento humano é o objetivo do prêmio de fotografia Global Peace Photo Award, que está com as inscrições abertas até 22 de maio para participantes de todo o mundo.
O concurso, que tem apoio da Unesco, oferece um prêmio de € 10.000 (R$ 52.600,00) para a Imagem da Paz do Ano e € 1.000 (R$ 5.260,00) para a melhor fotografia da Paz Infantil do Ano, categoria aberta a menores de 14 anos. As inscrições são gratuitas.
Em 2021, a brasileira Letícia Valverdes ficou entre as finalistas com o ensaio “E agora meus filhos sabem”, no qual mostra os problemas e as belezas da Amazônia em um conjunto de imagens manipuladas por ela e pelos filhos.
Prêmio de fotografia elege a melhor Imagem da Paz profissional e infantil
Criado em 2003, o prêmio de fotografia é uma homenagem aos dois vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 1911: Alfred Hermann Fried (jornalista, escritor e pacifista austríaco) e Tobias Michael Carel Asser, jurista e político holandês.
Cada participante pode enviar várias fotografias como inscrição individual, sem estarem associadas a um único tema, ou até 12 imagens contando uma história.
Os organizadores destacam que o júri está em busca de cenas que transmitam mensagens, indo além de fotos ‘escapistas’ como a beleza de um pôr do sol, ou imagens que se limitem a documentar as tristezas do mundo.
Os trabalhos inscritos devem retratar situações que inspirem esperança, como esforços para apoiar refugiados, imagens de felicidade pessoal, exemplos de espírito comunitário; combate à pobreza e projetos de conservação da natureza.
Os cinco melhores trabalhos do Global Peace Photo Award serão homenageados com a Alfred Fried Peace Medal, e concorrem ao prêmio de Imagem da Paz do Ano, no valor de €10.000 (R$ 52.600,00).
Os selecionados participarão da cerimônia de premiação em Viena, no dia 14 de novembro de 2022. A foto vencedora será incluída na coleção de arte do Parlamento austríaco.
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Brasileira foi finalista do prêmio de fotografia em 2021
A fotógrafa brasileira Letícia Valderdes foi uma das finalistas do Global Peace Photo Award do ano passado, com a série de imagens “E agora meus filhos sabem”. feita a partir de sua documentação da Amazônia ao longo de 20 anos.
As imagens originais foram manipuladas e transformadas por ela junto com os filhos, utilizando fogo, ouro, sangue, terra e folhas. O objetivo foi “tentar tocar a dor sentida pelo nosso planeta e encontrar esperança no processo”, contou a autora do trabalho.
“O Brasil foi afetado pela pandemia da covid-19 de maneira devastadora e a Amazônia foi duramente atingida. Nesse período tornei-me tutora dos meus filhos.
A princípio seguimos com as aulas escolares enquanto observávamos o comportamento irresponsável do presidente Bolsonaro em relação à Amazônia e ao resto do Brasil”.
“Percebi que as crianças precisavam aprender sobre essa realidade. Que a floresta está chegando a um ponto sem volta de se tornar uma savana mais vulnerável aos incêndios, com enormes consequências para a região e o planeta.
Eu queria que eles soubessem que a Amazônia está em grande perigo, que o ataque e o descaso com a floresta e seu povo acontecem de maneiras diferentes e que se não fizermos nada agora, todo esse ecossistema não existirá da mesma forma no futuro.
Convidei meus filhos a imprimirem imagens do meu arquivo e transformá-las. Discutimos, de maneira apropriada para a idade deles, quais são as ameaças e os desafios que a região enfrenta”.
“Espero tê-los educado com sensibilidade sobre essa tragédia iminente. Através de seus olhos e marcas, pude tocar na dor e na sensação de importância que sinto pelo fato de tribos inteiras e seus habitats poderem deixar de existir.
No entanto, eu queria mostrar a eles a beleza dos momentos que compartilhei com esses povos e a floresta. Esperamos que nossa série inspire outros jovens a aprender, fazer perguntas e amar o habitat e as pessoas que a humanidade não pode perder”.
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Conheça a Imagem da Paz do Ano e os vencedores do prêmio de fotografia em 2021
Dor extrema, mas também alegria extrema, por Maggie Shannonn, EUA
A Imagem da Paz do Ano do prêmio de fotografia Global Peace Photo Award é de Maggie Shannonn, dos EUA, fotógrafa especializada em retratos e documentários.
Sua série “Dor extrema, mas também alegria extrema” (Extreme Pain, but Also Extreme Joy) captura momentos como o de um pai beijando seu recém-nascido. “É um retrato de uma paz profunda em um tempo de eventos sem paz”, disse o júri.
Shannon acompanhou quatros parteiras durante o bloqueio em Los Angeles na primavera de 2020, quando os hospitais estavam lotados de pacientes com covid e nas maternidades não era permitida a presença do cônjuge.
Ela ficou impressionada com a calma e a determinação das mulheres que deram à luz em casa, documentando com sensibilidade o contato corporal em tempos de proibição de contato, o surgimento de uma nova vida em tempo de mortes.
Conhecendo Sofie, por Snezhana von Büdingen, Alemanha
Snezhana von Büdingen nasceu na Rússia e teve suas fotografias selecionadas para o prêmio de Imagem da Paz do Ano.
A fotógrafa quis mostrar com o seu trabalho “a beleza de ser diferente”. No passado, uma criança com Down era chamada de “Little mongol”. O termo pejorativo foi descartado e hoje se fala Trissomia 21 ou Síndrome de Down.
A série “Conhecendo Sofie” (Meeting Sofie) documenta o amor entre mães e seus filhos com Síndrome de Down.
Sofie mora em uma fazenda do século XVI localizada em um pequena cidade da Alemanha. “A casa tem um jardim de contos de fadas, e muitas antiguidades e pinturas antigas. É como se fosse de outra época”, diz a fotógrafa.
Ela explica seu trabalho:
“Tenho esperança de derrubar os ‘limites imaginários’ entre nós e a vida dos outros, fronteiras feitas de ‘preconceitos e ignorância’. Nós, definitivamente precisamos de mais aceitação, mais integração e mais amor.
Até onde deve ir um diagnóstico pré-natal? Os críticos os veem como uma busca direcionada por crianças doentes no útero de suas mães – por embriões com Síndrome de Down.
Eles também questionam o que esse controle médico significa para as pessoas que vivem com essa condição – seus direitos à assistência, participação e inclusão, que significa dar às pessoas com deficiência presença e visibilidade na sociedade – e a fotografia é um meio para isso.
Com minha série quero mostrar a beleza de ‘ser diferente’ e assim contribuir para uma maior aceitação, integração e amor entre nós humanos”.
Um Acre e Meio: Imagens dos silos de mísseis Minuteman desativados na América, por Nate Hofer, EUA
“One and a half acres” (Um acre e meio) foi outra das séries vencedoras do prêmio de fotografia Global Peace Photo Awards. Em suas fotos, Hofer quis transmitir a mensagem de que a paz pode ser alcançada.
O pai de Hofer era menonita (denominação cristã que surgiu na Europa no século XVI, na mesma época da Reforma Protestante). Ele não permitia que o filho assistisse ‘The Day After”, uma produção de 1983 sobre as terríveis consequências de uma guerra nuclear fictícia entre as superpotências.
Mas essa proibição não impediu o fotógrafo de adotar uma postura crítica em relação ao aumento do armamento. Foi o pacifismo da igreja menonita que mais o influenciou.
As imagens feitas com drone mostram pedaços retangulares de terras no meio-oeste americano. São usados para diversos fins: estacionamento para carros sucateados, área de vegetação nativa, praça de uma igreja ou plantação.
Mas abaixo deles está escondido o que poderia ter causado a morte de milhões: 450 plataformas de lançamento de mísseis balísticos intercontinentais, visando a União Soviética.
Eles foram construídos a partir de 1962, em Missouri, em Montana, em Dakota do Sul e do Norte, longe suficientemente ao norte para poder alcançar não apenas a Rússia, mas também a China, uma ameaça potencial nos tempos da Guerra Fria.
Em 1991, um acordo entre o presidente dos EUA George Bush e o presidente soviético Mikhail Gorbachev selou o fim dessas plataformas.
Com as instalações de lançamento de mísseis desmontadas, a terra foi vendida e esses espaços agora são locais de paz.
Nossa jornada, por Shabana Zahir, Afeganistão/Grécia
Shabana nasceu em 1998 em Baghlan, no norte do Afeganistão. Seu pai deixou a família quando ela era muito jovem.
Quando ela tinha 16 anos, sua mãe decidiu fugir da guerra com Shabana e dois irmãos e partir em busca da paz.
A fuga durou dois meses. Ela e sua família passaram pelo Afeganistão, Iraque, Turquia e Grécia, onde chegaram de barco. Eles tinham esperança de chegar à Europa Ocidental, a Alemanha, pela rota dos Balcãs.
Presa no campo de refugiados de Diavata na Grécia há dois anos, ela descobriu a fotografia durante um curso organizado pela ONG italiana “A hand for a smile – for children“ (Uma mão por um sorriso).
Ali ela aprendeu a captar de forma expressiva a vida cotidiana no campo de refugiados, bem como as emoções dos seus residentes, como tristeza, saudade, esperança e resistência.
Paz e força, por Derrick Ofosu Boateng, Gana
Para o júri do prêmio de fotografia Global Peace Photo Award, Derrick Ofusu Boateng representa toda uma geração de jovens fotógrafos africanos “que ensinam a não nos acomodarmos em nossas ideias tradicionais da África”.
“É para não esquecer que, além do Sudão do Sul e do Boko Haram na Nigéria e da corrupção na Tanzânia, existe outra África cujo povo sonha exatamente com as mesmas coisas que todos: a liberdade de viver despreocupado e em harmonia”.
Suas imagens têm cores fortes e vivas, alegria, diversão e criatividade. Derrick ama a África e suas culturas e quer celebrar a força dos africanos e sua poesia através das suas fotos.
Ele começou a fotografar em 2017, inspirado nas ruas e feiras de Acra. Pelo Instagram recebeu os primeiros incentivos para o seu trabalho que hoje se concentra em imagens de paz.
Imagem da Paz Infantil do Ano
Volta da paz, por Aadhyaa Aravind Shankar, Índia
Apesar de aberta a jovens de até 14 anos, a categoria Imagem da Paz Infantil do concurso de fotografia foi vencida por uma menina de apenas sete.
Aadhyaa nasceu em Bangalore, na Índia, onde estuda. Quando tinha quatro anos, pediu uma câmera fotográfica aos pais. Como as câmeras eram muito grandes para ela, seus pais compraram um celular.
Shankar diz que gosta mais de fotografar momentos felizes e comemorações e de criar álbuns de fotos.
Ela descreve sua imagem:
“Esta foto mostra minha mãe descansando no colo de sua mãe, que está lendo. Ao lado delas há plantas que proporcionam frescor. De fora chega uma brisa refrescante.
Seja ainda criança ou adulto, todos encontram paz em tais momentos. Encontram segurança e relaxamento. Têm a oportunidade de esquecer todas as dificuldades.
Tirei a foto colorida, mas a transferi para preto e branco e a cortei para o olhar se concentrar em sua mensagem.
Independentemente das fronteiras dos países, idiomas e culturas, os “filhos da Mãe Terra” têm as mesmas necessidades. E devem ter o mesmo objetivo pacífico: cuidar da terra. A paz só é possível se a terra permanecer saudável”.
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