Londres – O número de mortes de jornalistas que realizam a cobertura da guerra na Ucrânia continua aumentando apesar dos apelos de entidades e organizações de direitos humanos para a proteção dos profissionais da mídia que documentam o conflito.
O jornalista francês Frédéric Leclerc-Imhoff, de 32 anos, da emissora BFMTV, morreu na segunda-feira (30) ao ser atingido por estilhaços após um ataque russo a um veículo de resgate na Ucrânia, tornando-se o oitavo profissional de imprensa a perder a vida na guerra.
A contagem oficial das entidades de defesa da liberdade de imprensa não inclui o caso de Oleksandr Makhov, que apesar de ser jornalista, havia deixado a atividade para combater na guerra e morreu no dia 4 de maio.
Ao menos 8 mortes de jornalistas cobrindo a guerra na Ucrânia
Dos oito profissionais de imprensa mortos enquanto trabalhavam na guerra da Ucrânia, sete são jornalistas de imagem ou documentaristas. Antes do francês já tinham morrido os cineastas Mantas Kvedaravicius, lituano e Brent Renaud, americano; , o cinegrafista ucraniano Evgeny Sakun, da Kiev Live TV, o cinegrafista Pierre Zakrzewski, da Fox News americana, e o fotógrafo da Reuters Mark Levin.
Frédéric Leclerc-Imhoff estava pela segunda vez na Ucrânia documentando a guerra para a BFMTV desde o início do conflito, segundo a empresa. Ele foi morto enquanto cobria uma operação de evacuação ucraniana na região de Severodonetsk.
O repórter acompanhava a operação humanitária de dentro de um veículo blindado, que foi atingido por tropas russas.
Leclerc-Imhoff estava com o colega Maxime Brandstaetter, que teve ferimentos leves, e a produtora local (fixer) Oksana Leuta, que saiu ilesa.
A BFMTV disse que o jornalista, funcionário do canal há seis anos, morreu “vítima de estilhaços”.
“A redação da BFMTV tem a imensa dor de anunciar a partida de Frédéric Leclerc-Imhoff, jornalista de imagens, morto na Ucrânia.
O grupo de mídia Altice e a equipe editorial da BFMTV compartilham a dor de sua família e entes queridos. Este trágico evento nos lembra dos perigos enfrentados por todos os jornalistas que relatam este conflito com risco de vida há mais de três meses.”
No Twitter, o presidente Emmanuel Macron prestou condolências aos familiares do jornalista morto na Ucrânia.
“O jornalista Frédéric Leclerc-Imhoff esteve na Ucrânia para mostrar a realidade da guerra. A bordo de um ônibus humanitário, ao lado de civis forçados a fugir para escapar das bombas russas, ele foi morto a tiros.
Compartilho a dor da família, parentes e colegas de Frédéric Leclerc-Imhoff, a quem envio minhas condolências. Aos que cumprem a difícil missão de informar nos teatros de operações, reitero o apoio incondicional da França.”
Je partage la peine de la famille, des proches et des confrères de Frédéric Leclerc-Imhoff, à qui j’adresse mes condoléances. À celles et ceux qui assurent sur les théâtres d’opérations la difficile mission d’informer, je veux redire le soutien inconditionnel de la France.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) May 30, 2022
A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, disse que a morte do jornalista foi “profundamente chocante” e que a França exigiu que uma “investigação transparente seja realizada o mais rápido possível”.
Serhiy Haidai, governador regional de Luhansk, disse que o repórter francês sofreu um “ferimento fatal no pescoço”.
“Estilhaços de granadas perfuraram a blindagem do carro. Um ferimento fatal no pescoço foi recebido por um jornalista francês credenciado que estava fazendo material sobre a evacuação. Um policial de patrulha foi resgatado por um capacete.
Estamos oficialmente parando a evacuação.”
A morte de Leclerc-Imhoff é ao menos a oitava registrada entre jornalistas durante a guerra na Ucrânia, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Um nono jornalista, o ucraniano Oleksandr Makhov, que foi soldado voluntário no conflito, também morreu, mas não é contabilizado pela entidade por ter morrido como militar e não profissional da mídia.
Leia mais
Repórter que deixou TV para combater como soldado voluntário morre na Ucrânia
O CPJ lamentou a morte do cinegrafista francês e cobrou ações das autoridades russas e ucranianas.
“Sua morte é mais um exemplo do horrendo tributo cobrado aos não-combatentes pela guerra da Rússia na Ucrânia. Os jornalistas são civis que mostram uma coragem particular ao reportar de zonas de guerra e nunca devem ser alvos de seu trabalho”.