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Forbes desiste de abertura de capital que injetaria US$ 145 milhões na empresa

acordo spac, Forbes, prédio da Forbes Magazine

(Foto: Beyond My Ken/Wikimedia)

A Forbes abandonou seu plano de abrir capital na bolsa de valores de Nova York via SPAC, modelo conhecido como empresas “cheque em branco” nos Estados Unidos, que vive questionamentos por parte dos órgãos reguladores no país.

A Forbes Global Media, editora da revista conhecida por acompanhar a fortuna dos mais ricos do mundo e listá-los anualmente, anunciou no no dia  1º de junho que encerrou o acordo com a Magnum Opus Acquisition, uma empresa de aquisição de propósito específico (SPAC, em inglês) com sede em Hong Kong.

Lançamentos de ações nas bolsas via acordos com SPACs se tornaram populares entre empresas de mídia. O Buzzfeed usou o modelo no ano passado, mas viu suas ações despencarem vertiginosamente. O ex-presidente Donald Trump também optou por uma SPAC para abrir capital de sua Truth Social, mas a operação ainda não aconteceu. 

Acordos via SPAC esfriaram nos últimos meses

Avaliada em US$ 630 milhões, a fusão da Forbes via SPAC foi anunciada em agosto e deveria injetar US$ 145 milhões na revista.

O CEO da empresa, Mike Federle, não detalhou as razões para o fim do acordo, mas especialistas em mercado financeiro avaliam que o modelo das empresas “cheque em branco” caiu em desuso nos últimos meses.

“A Forbes é uma marca procurada e confiável com mais de 100 anos de patrimônio que é sinônimo de sucesso e validação”, disse Federle em comunicado à imprensa.

Segundo ele, a recente “transformação digital” da empresa proporcionou crescimento de receita e lucros de dois dígitos no ano passado.

O jornal Financial Times explica que o interesse dos investidores no mercado SPAC esfriou, citando pessoas familiarizadas com o assunto nos EUA.

Isso porque reguladores financeiros do país colocaram esse modelo de empresas, especialistas em auxiliar companhias a abrir capital na bolsa sem realizar um IPO (Oferta pública inicial), sob escrutínio.

A preocupação é que os números “exuberantes” apresentados por SPACs, incluindo projeções otimistas e incentivos lucrativos para apoiadores e consultores, sejam superdimensionados, já que várias empresas que abriram capital por meio dessas firmas de “cheque em branco” viram suas ações despencarem logo depois.

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Empresas de mídia surfam na onda de acordos com SPACs

A Forbes foi apenas uma das diversas empresas de mídia que tentaram surfar na onda dos acordos com SPACs para ajudar a reverter o cenário crítico deflagrado com a pandemia.

No ano passado, o Buzzfeed abriu capital via esse modelo, mas o jornal New York Post destaca que isso não foi benéfico para o site: as ações caíram de US$ 10,99 na estreia em 6 de dezembro para menos de US$ 4 no mês passado.

Além disso, a empresa mergulhou numa crise interna que resultou em diversos pedidos de demissão em cargos-chave e colocou em risco o próprio futuro do site conhecido pelas listas virais, mas que foi consagrado com um Pulitzer para sua divisão jornalística.

Outras companhias do setor, como a Vice Media e Vox Media, mudaram seus planos com SPACs por incertezas no mercado. A Vox optou por adquirir a editora digital Group Nine, enquanto a Vice contratou consultores financeiros para procurar um comprador ou para se vender em partes, segundo o New York Post.

Em março, o site Axios já tinha adiantado que o acordo SPAC da Forbes parecia instável, pois a empresa estava buscando outras opções ao perceber pouco interesse do mercado na abertura de seu capital.

No fim do ano passado, o Axios revelou que, mesmo com os planos do SPAC em andamento, a Forbes recebeu uma proposta de compra avaliada em US$ 620 milhões de uma empresa de investimento privado.

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Já em fevereiro, a Forbes anunciou que aceitou um investimento de US$ 200 milhões da corretora de criptomoedas Binance, a maior do mundo.

O acordo fez da Binance a segunda maior acionista da Forbes, depois da Integrated Whale Media, empresa de investimentos sediada em Hong Kong que adquiriu 95% da empresa em 2014.

Com mais de um século de existência, a Forbes atinge mais de 150 milhões de pessoas em todo o mundo e publica oito edições impressas por ano. A  maior parte de sua receita nos últimos anos veio do site e eventos, de acordo com o Financial Times.

No início do ano, a empresa afirmou que arrecadou US$ 94 milhões em receita no quarto trimestre de 2021, um crescimento de 51% em relação ao ano anterior. A empresa disse que teve um lucro de US$ 18 milhões no trimestre, um aumento de 80% em relação a 2020.

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