Londres – Sete meses após a morte da jornalista grávida Rasha Abdullah al-Haraz em um atentado a bomba, um triste padrão volta a se repetir no Iêmen, causando comoção e reação de entidades defensoras da liberdade de imprensa
O repórter Saber al-Haidari, que trabalhava para a emissora estatal japonesa NHK, morreu quando seu carro explodiu, na quarta-feira (15), em Áden. Ele tinha 42 anos.
A forte explosão da bomba que foi colocada no veículo do jornalista também matou outras duas pessoas não identificadas que viajam com ele e deixou uma terceira ferida, segundo informações do grupo regional Gulf Center for Human Rights (GCHR).
Jornalista morto por bomba trabalhou no governo do Iêmen
O Iêmen está guerra desde 2014, e o jornalismo livre vem sendo cada vez mais reprimido.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, a divisão do país em áreas controladas pelos rebeldes Houthi, o chamado governo legítimo, e os separatistas do sul exacerbou as perseguições. mídia. Até o fim do ano passado, pelo menos 19 jornalistas foram assassinados.
Saber al-Haidari dirigia o carro na cidade portuária do distrito de al-Mansoura, na província de Áden, quando houve a explosão.
Anteriormente, o jornalista trabalhou no departamento de relações públicas do Ministério da Informação do governo iemenita, de acordo com reportagem da rede árabe com sede no Reino Unido Al Araby.
O grupo Gulf Center for Human Rights condenou o atentado contra o profissional de mídia, em um caso que não é isolado nem incomum no país.
“O GCHR está preocupado com os ataques contínuos à liberdade de expressão no Iêmen por todos os lados, incluindo a prisão de jornalistas, alguns dos quais enfrentam a pena de morte por seu trabalho e o assassinato de jornalistas com carros-bomba.
Pedimos a libertação imediata e incondicional de todos os jornalistas detidos no Iêmen, o fim imediato de seus assassinatos e que os responsáveis sejam responsabilizados.”
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O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) também protestou contra o assassinato a bomba do jornalista no Iêmen.
Justin Shilad, pesquisador sênior do CPJ para Oriente Médio e Norte da África, cobrou que as autoridades do país parem de atacar os profissionais de imprensa, enquanto a comunidade internacional deve se posicionar contra esses tipos de atentados.
“O assassinato do jornalista Saber al-Haidari em Aden mostra o custo do silêncio da comunidade internacional sobre a liberdade de imprensa no Iêmen e como os jornalistas continuam pagando o preço.”
O Sindicato dos Jornalistas do Iêmen lamentou a morte do profissional, e lembrou que repórteres de meios de comunicação estrangeiros são um “alvo contínuo” de atentados em Áden.
“[Jornalistas] são alvo de campanhas deliberadas de incitamento contra que leva à repetição de tais crimes terroristas, e nesta ocasião reafirmamos a necessidade de prover proteção para todos os colegas que trabalham no jornalismo.”
Morte de jornalista repete padrão no Iêmen
O CPJ ainda acrescentou que a morte de Al-Haidari faz parte de um padrão de jornalistas visados no Iêmen, particularmente em Áden, onde a repórter Rasha al-Harazi foi morta em um carro-bomba em novembro do ano passado. Ela tinha 27 anos e estava grávida de nove meses.
A jornalista estava acompanhada do marido, o também jornalista Mahoud al-Atmi, que ficou gravemente ferido na explosão.
Após o atentado, ele sinalizou que ataque partiu de rebeldes Houthi apoiados pelo Irã, mas, na época, nenhum grupo reivindicou autoria, segundo a Associated Press.
A província de Áden está sob o controle do Conselho de Transição do Sul, apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, segundo o GCHR.
O CPJ confirma que jornalistas de todo o país enfrentam riscos crescentes, com pouco recursos da justiça em meio ao colapso da lei e da ordem no Iêmen.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU formou um órgão de investigação para documentar de forma independente os abusos de direitos humanos no país durante o conflito, incluindo ataques a jornalistas, mas o conselho decidiu em votação encerrar o mandato do órgão em outubro de 2021, de acordo com o comitê.
O Iêmen é um dos piores países do mundo para a liberdade de imprensa, e foi classificado em 169º lugar na avaliação de 180 países feita pela organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) neste ano — a mesma colocação de 2021.
A RSF destaca que fornecer notícias de forma independente no país é difícil, pois a mídia é controlada pelas várias partes do conflito e os riscos de mortes por carros-bombas são grandes:
“Há poucos repórteres estrangeiros no local. Onde quer que estejam, os jornalistas são observados de perto e podem ser presos por suas postagens nas redes sociais.”
“As milícias os submetem à violência e abusos, e jornalistas correm o risco de serem alvos de ameaças de morte, assassinatos ou bombardeios.”
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