Londres – A guerra com a Rússia fez com que a Ucrânia perdesse a chance de sediar a próxima edição do Eurovision, maior competição musical do mundo e um dos eventos de maior audiência na TV. Na manhã desta segunda-feira (25), os organizadores confirmaram que a final acontecerá no Reino Unido. 

Em 2022, a banda ucraniana Kalush Orchestra conquistou o primeiro lugar no concurso com a maior votação popular da história, e por isso o país seria a sede da final do ano que vem. Mais de 200 milhões de espectadores assistiram ao show realizado em Turim, na Itália. 

Devido às condições de segurança e diante da falta de perspectivas para o fim do conflito, no entanto, a União Europeia de Radiodifusão decidiu transferir o evento para Reino Unido, cujo representante, Sam Ryder, ficou em segundo lugar. 

Eurovision terá elementos remetendo à Ucrânia 

A cidade da final ainda não foi confirmada. Segundo a BBC, que fará a transmissão, Glasgow e Manchester manifestaram interesse. Haverá uma licitação para a escolha. 

A EBU disse que o local anfitrião deve acomodar cerca de 10 mil espectadores, ser de fácil acesso a um aeroporto internacional e ter rede hoteleira suficiente para pelo menos 2 mil delegados, jornalistas e espectadores.

A Ucrânia participa automaticamente da grande final junto com outros quatro países que se classificaram entre os cinco melhores. Os demais finalistas são escolhidos em rodadas classificatórias da competição.

A BBC divulgou um comunicado lamentando que os amigos da Ucrânia não possam realizar o Eurovision 2023. E garantiu que está comprometida a refletir a cultura ucraniana no show, ao lado da diversidade da música britânica. 

Mesmo antes da confirmação da transferência, a briga para se tornar a cidade-sede já tinha começado, com Liverpool, terra dos Beatles, disputando com Leeds em uma pesquisa divulgadoa pelo próprio Eurovision.

Banda ucraniana que venceu Eurovision vira pop no mundo 

A Kalush Orquestra, que venceu o Eurovision 2022 ficou conhecida em todo o mundo e já se apresentou fora da Ucrânia, em eventos como o festival britânico de Glastonbury. 

Ela recebeu 439 pontos dos 480 que poderia obter na votação do público em 40 países, maior votação popular já registrada em todas as 66 edições do festival. 

O britânico Sam Ryder ficou em primeiro na votação do público. Ele virou celebridade no TikTok ao postar canções durante o lockdown da covid-19. 

A Kalush foi formada em 2021 e se concentra no hip hop com motivos folclóricos e elementos da música tradicional ucraniana. No retorno ao palco para receber o troféu, o vocalista PsiJuk dedicou a vitória a todos os ucranianos.

Na entrevista coletiva após a consagração, o líder da banda revelou que o visto temporário recebido os obrigava a deixar a Itália em dois dia. E que retornariam à Ucrânia prontos para lutar, caso necessário:

“Como qualquer ucraniano, estamos prontos a lutar até o fim”.

A música vencedora, “Stefania”, um engajado hip hop composto antes da guerra, inicialmente concebido como uma mensagem à mãe de um dos integrantes.

A letra acabou ganhando uma força adicional após a eclosão da guerra, extensiva à mãe-pátria, com versos como:

“Eu sempre encontrarei o meu caminho de volta para casa, mesmo se todas as estradas estiverem destruídas”.

No dia seguinte à vitória no Eurovision,  soldados que lutavam na Ucrânia postaram vídeos com interpretações de Stefania direto do front da batalha.

Alguns nem tinham instrumentos, mas usaram apenas a voz, da escuridão do bunker, para entoar o novo hino da guerra.

A Rússia foi suspensa do Eurovision 2022. 

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