Em um projeto apoiado pela ONU, a Família Schurmann está percorrendo os mares dos EUA em sua campanha de mobilização social pelo fim da poluição plástica nos mares, promovendo a causa na imprensa, nas redes sociais e até no telão da Times Square, em Nova York.
A campanha chama-se Voz dos Oceanos e tem o apoio do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
Outros brasileiros também se engajaram em ações em defesa dos mares promovidas ou apoiadas por organismos da ONU. Em junho, a surfista Maya Gabeira foi nomeada como Defensora da Unesco para o Oceano e a Juventude” durante a convenção da organização realizada em Lisboa.
Família Schurmann na ONU
Os Schurmann estão velejando há quase um ano para denunciar o problema dos resíduos plásticos, navegando em uma embarcação dotada de recursos para produzir pouco lixo e reaproveitar tudo o que é possível. Eles usam cada oportunidade para promover a causa.
Na passagem por Nova York, Heloísa e David Schurmann tiveram um encontro na sede da ONU com Peter Thomson, Enviado Especial para o Oceano, a fim de debater soluções para conservar e usar os mares de forma sustentável.
O vídeo do projeto Voz dos Oceanos foi exibido no telão da Times Square, com o objetivo de “alertar moradores e turistas da Big Apple para a urgente necessidade de fechar a torneira do plástico! “
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Para a expedição nos EUA, o veleiro Kat adotou fontes limpas de energia e processo de dessalinização para produzir água potável.
Heloísa Schurmann descreve o veleiro como “uma nave auto-suficiente e auto-sustentável”.
Responsável pela cozinha e pela logística da viagem, a italiana Erika Cembe Ternex afirma que é possível e simples viver de forma mais sustentável “mesmo no cantinho da casa”.
A embarcação tem horta, sistema de compostagem e até uma máquina de triturar vidro até virar uma fina areia, facilmente descartável.
Ternex explica que todos os resíduos são separados para que tenham um fim adequado, até mesmo remédios, dando um exemplo do que pode ser feito nas residências. A compactação é outra medida que no mar se torna vital, já que o espaço é pequeno e o veleiro pode navegar por até 15 dias em alto mar.
A energia utilizada a bordo também vem de fontes limpas, com painéis solares e eólicos. Todas as lâmpadas instaladas no veleiro são LED e as baterias de lítio.
A água do mar é dessalinizada para ser consumida, enquanto o esgoto é tratado antes de ser dispensado no oceano.
Tudo isso é promovido em entrevistas e nas redes sociais como forma de estimular o púbico a adotar práticas sustentáveis em suas vidas. Os Schurmann se dirigem aos internautas como “tripulação digital”.
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Heloísa Schurmann: ‘pode ser tarde demais’
Eliminar resíduos plásticos dos oceanos até 2050 foi um dos compromissos assinados na declaração final da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.
No entanto, para a velejadora brasileira Heloísa Schurmann, aguardar três décadas para ver os mares por onde navega limpos pode ser “tarde demais”, como relatou em encontro na ONU na semana passada.
“Eu acho muito tarde. Eu participei de várias reuniões justamente quando eles estavam fazendo as leis, mas eu vejo que esse prazo de 2050 é um pouco longe demais da realidade. […]
Dizem que em 2040 haverá mais plástico nos oceanos do que peixes e eu acredito nisso. A gente encontra uma quantidade assustadora de plástico”.
A campanha realizada pelos Schurmann é baseada na experiência pessoal, uma poderosa forma de convencer cidadãos e autoridades.
“A gente começou a notar a mudança nos mares. Nós navegávamos e íamos para lugares lindos, já são mais de 65 países e culturas diferentes, e um dia passando de uma ilha de Henderson Island no oceano pacífico, uma ilha bem isolada, paramos numa tão isolada que pessoas vão lá a cada três ou quatro anos.
Olhamos para o lado e vimos uns objetos. Azul, verde, vermelho. O que é isso? Gente, estou falando em 1997, já eram os plásticos.”
Além de promover a mensagem de alerta sobre o problema do lixo plástico pela mídia, o projeto Voz dos Oceanos também impulsiona iniciativas de reciclagem nos locais por onde passa.
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