Celebridade digital com mais de 5 milhões de seguidores no TikTok e 800 mil no YouTube, a tiktoker egípcia Tala Safwan foi presa pelas autoridades da Arábia Saudita sob acusação de “insinuar relações homossexuais” nas redes sociais.

A influenciadora nasceu no Egito, mas mora no país que é um dos mais conservadores do mundo e onde o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo é proibido. Ela nega as acusações.

A prisão da jovem, confirmada pela polícia do reino na segunda-feira (25). aconteceu após uma campanha online pressionar o governo saudita a tomar providências contra uma live realizada por ela recentemente.

Tiktoker diz que vídeo foi tirado de contexto

O público de Tala Safwan  é majoritariamente adolescente. A exemplo de  diversos outros influenciadores, ela fala sobre temas da cultura pop, como filmes e séries do momento, além de fazer desafios e de responder perguntas enviadas por fãs, de acordo com informações da BBC.

Mas uma live feita por Tala com uma amiga saudita colocou um alvo nas costas da tiktoker sem que ela se desse conta.

No vídeo, ela convida a amiga para a sua casa, em Riad, dizendo que está sozinha, A amiga recusa, respondendo que já é tarde.

“Ainda melhor, porque todos estarão dormindo e não vão ouvir o que vou fazer com você”, respondeu Tala, segundo o site da Al Jazeera. “Eles não vão ouvir seus gritos… de tanto nos divertirmos”, completou.

Um clipe contendo apenas esse diálogo viralizou e causou a ira dos internautas na Arábia Saudita, que iniciaram uma campanha no Twitter contra a tiktoker.

Com a hashtag em árabe que se traduz como “Tala ofende a sociedade”, usuários criticaram a influenciadora dizendo que ela fez insinuações de cunho LGBT no vídeo.

“Esse tipo de decadência que está acontecendo nas lives do TikTok precisa ser controlada. O governo deveria fazer de uma dessas celebridades baratas um exemplo e deixá-la apodrecer na cadeia para os outros aprenderem a respeitar a sociedade árabe”, diz uma das publicações.

Com a repercussão nas redes sociais, Tala Safwan disse que o vídeo foi retirado do contexto da live para “causar um escândalo”. E negou qualquer insinuação ou subtexto lésbico em sua fala, acrescentando que não queria ofender ninguém.

Mas as negativas da tiktoker não foram suficientes. No início da semana, a polícia da Arábia Saudita informou que prendeu uma egípcia residente do país “que apareceu em uma transmissão em um site de mídia social conversando com outra mulher com conteúdo sexual e sugestivo que prejudica a moralidade pública”.

As autoridades compartilharam o trecho do vídeo com a imagem borrada e não identificaram a influenciadora.

Após a prisão ela foi encaminhada ao Ministério Público, segundo informações da imprensa local.

O caso da tiktoker aconteceu apenas alguns dias depois de o órgão regulador da mídia na Arábia Saudita obrigar o YouTube a remover anúncios considerados ofensivos aos “valores e princípios muçulmanos”.

Segundo a BBC, a exigência foi feita após pais sauditas dizerem que os filhos estavam sendo expostos a “conteúdo impróprio” nas propagandas da plataforma de vídeos. Caso o YouTube não atenda a medida, o Google poderá ser processado no país.

Filme infantil é banido no Oriente Médio

Em junho, a censura na Ásia e Oriente Médio contra manifestações LGBT atingiu o novo filme da Pixar, Lightyear, por causa de uma cena com beijo gay entre duas personagens femininas.

Ao menos 14 países que criminalizam relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, incluindo a Arábia Saudita, baniram o lançamento da animação em seus cinemas.

O Catar, sede da próxima Copa do Mundo, também foi uma das nações que proibiram a exibição do filme infantil famoso pelo personagem Buzz Lightyear, celebrizado pela animação Toy Story.

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Relação entre duas personagens femininas em “Lightyear” bane filme do Oriente Médio (Foto: Reprodução)

A animação infantil conta a história da origem do astronauta Buzz Lightyear.

Com sua comandante e melhor amiga Alisha Hawthorne (dublada pela atriz Uzo Aduba), Buzz chega com sua nave em um planeta hostil. As centenas de pessoas a bordo tentam construir uma comunidade temporária enquanto ele faz voos teste para encontrar uma rota de fuga.

O beijo que motivou o banimento do filme é dado por Alisha Hawthorne em sua parceira.