Londres – Ex-líder da Yandex, conhecida como “Google da Rússia”, o executivo Tigran Khudaverdyan abriu um processo em um tribunal da União Europeia para tentar reverter as sanções aplicadas a ele em represália à invasão da Ucrânia por seu país.
Além de deter o maior buscador da Rússia, com 61% do mercado, a Yandex é um conglomerado que tem negócios nos segmentos de táxi, comércio eletrônico, delivery, educação online e outras área de tecnologia.
O executivo ingressou com a ação no dia 7 de junho, mas a notícia só foi revelada na segunda-feira (1) pela emissora internacional RTVI, que transmite em idioma russo mas está acessível no país apenas via internet.
Google da Rússia teria ocultado informações da guerra
Tigran Khudaverdyan havia deixado o posto de diretor executivo e vice-presidente da Yandex em março, após ser atingido por um congelamento de seus ativos da UE e proibição de viagens.
Ele vinha sendo o executivo principal da Yandex por vários anos, enquanto o fundador, Arkady Volozh, permaneceu oficialmente como CEO da empresa. Volozh renunciou em junho depois de também ser alvo de sanções europeias após a invasão da Ucrânia.
Na época das sanções a Khudaverdyan, Bruxelas acusou o buscador Yandex de manipular resultados de pesquisa e “ocultar informações” do público russo.
A União Europeia disse que ele foi adicionado à sua lista de indivíduos sancionados por sua posição na Yandex, pelo suposto apoio da divisão de notícias da empresa ao regime de Putin e à guerra contra a Ucrânia e por uma reunião dele com oligarcas e autoridades russas no Kremlin em 24 de fevereiro, onde discutiram o impacto das sanções iminentes.
No comunicado anunciando as medidas contra o empresário, a UE afirma que os usuários do mecanismo de busca Yandex estavam sendo impedidos de ler notícias mais completas sobre a Ucrânia com base nos resultados da pesquisa “depois que o governo russo ameaçou a mídia russa sobre o que eles publicam.”
Mas no processo judicial, Khudaverdyan argumentou que “não apoia as ações do governo da Federação Russa em relação às intervenções na Ucrânia”, e por isso não deveria ser alvo de sanções.
A Yandex não foi afetada pelas sanções ocidentais, mas o valor de suas ações caiu desde o início dos combates e os negócios foram severamente impactados.
O chefe do “Google da Rússia” é um dos muitos cidadãos do país alvo de sanções depois que a guerra começou, e alguns estão igualmente tentando reverter as medidas.
No início de junho, a agência Bloomberg revelou pelo menos 20 bilionários russos lançaram contestações legais contra as sanções da UE impostas após a invasão.
Mais de 1 mil russos, incluindo o presidente Vladimir Putin, estão na lista de sanções da UE. Em represália, o governo russo tem anunciado medidas contra empresários, políticos e jornalistas de outros países, alegando reciprocidade.
A mais recente delas atingiu cidadãos da Nova Zelândia, acusados de “agenda russofóbica”.
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O futuro do Google da Rússia
Com a invasão da Ucrânia e a economia russa deteriorada, analistas observam com atenção os rumos da Yandex, que liderou em 2021 pelo quinto ano consecutivo a lista de empresas de tecnologia e internet mais valiosas, estimada em US$ 23 bilhões.
Antes da invasão militar da Ucrânia, o Google da Rússia era aclamado como referência tecnológica global, mas a guerra atrapalhou os negócios.
No balanço financeiro do trimestre, divulgado em abril, a empresa diz que seus negócios foram afetados por “eventos geopolíticos”.
A agência de classificação Fitch Ratings cortou as notas da Yandex e de outras grandes companhias russas, observando que “as ações de classificação refletem o choque severo no ambiente operacional na Rússia e a flexibilidade financeira enfraquecida, e seguem o rebaixamento da agência dos ratings soberanos da Rússia”.
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Em março, o site de tecnologia TechCrunch informou que a Yandex estaria em negociações para vender sua divisão de mídia à gigante russa de redes sociais VK.
Mais recentemente, reportagens na mídia russa sugerem que a invasão militar russa da Ucrânia dividiu a equipe de gerenciamento do Volozh em “restantes” e “expatriados” – aqueles que apoiam a manutenção de operações na Rússia e aqueles que pedem a realocação no exterior.
Segundo o site russo The Bell, o fundador do Google da Rússia poderia concordar com um novo acionista e estrutura administrativa em troca da permissão do Kremlin para desenvolver alguns dos ativos da Yandex de forma independente no exterior.
Volozh vive em Israel há vários anos, com alguns gerentes que se juntaram a ele este ano. Reportagens da mídia russa sugerem que a equipe de gestão se dividiu entre os que apoiam a manutenção de operações na Rússia e os que pedem a realocação no exterior.
O Google da Rússia poderia se dividir em uma unidade doméstica para operar na economia fortemente sancionada e uma unidade internacional administrada por ex-executivos da empresa.
Em 2019, Volozh já sobreviveu a tentativas de aquisição estatal e fechou um acordo de governança corporativa com o Kremlin.
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