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Livro do Knight Center reúne estudos de caso sobre violência contra jornalistas na América Latina

Protesto no México contra asesinatos de jornalistas

Protesto contra mortes de jornalistas diante da sede do governo mexicano (Foto: Marta Guillén via Twitter)

Em um ano que já é considerado trágico para a imprensa na América Latina, o Centro Knight lança um novo e-book gratuito que analisa estudos de caso sobre a violência contra jornalistas na região e dá orientações sobre como se proteger.

O livro “Proteção dos Jornalistas: Segurança e Justiça na América Latina e no Caribe” reúne 14 reportagens focadas em quatro eixos: cobertura de protestos, cobertura de conflitos violentos, desenvolvimento de mecanismos de proteção, e investigação e judicialização da violência contra a mídia.

A compilação é resultado de oito meses de artigos investigativos produzidos pela equipe da revista digital LatAm Journalism Review com a colaboração de profissionais da imprensa da região.

Dispara violência contra jornalistas latinos

O material foi editado pelo jornalista mexicano Javier Garza e coordenado por Teresa Mioli, do Centro Knight.

 

“É impossível saber quantas vezes jornalistas da América Latina foram atacados nos últimos anos”, destaca Garza.

“Dependendo da fonte, podemos estimar que quase 140 foram mortos na segunda década do século XXI, ou que pelo menos 500 foram mortos ou desapareceram nas últimas duas décadas”, completou, acrescentando que esses números não consideram outras formas de violência contra a imprensa.

O editor aponta que, nos últimos anos, a situação para a mídia latina se deteriorou.

Relatório recente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) corrobora isso ao constatar que Venezuela, Cuba, Nicarágua e Brasil foram os países que mais perderam espaço para a liberdade de expressão

O resultado disso é visto diariamente: o governo nicaraguense estende a censura até a grupos religiosos, enquanto Cuba suprime sistematicamente os jornais de oposição.

Até países que não têm casos recorrentes de agressão a jornalistas, como o Chile, têm se mostrado avessos à imprensa durante a cobertura de protestos populares.

Para orientar jornalistas e governos sobre como aumentar a segurança da mídia em situações de conflito, o livro do Centro Knight traz detalhes de casos que exploram a violência contra profissionais da imprensa.

“O e-book também analisa os atrasos na criação de sistemas para proteger jornalistas, bem como as falhas nas instituições que deveriam prevenir a impunidade”, explica Teresa Mioli. 

“Proteção dos Jornalistas: Segurança e Justiça na América Latina e no Caribe” está disponível em inglês, espanhol e português e pode ser baixado no site JournalismCourses.org.

Livro marca 20º aniversário da morte de Tim Lopes

O lançamento do livro do coincide com 20º aniversário da morte do jornalista Tim Lopes, e também com o 20º aniversário do Centro Knight.

A entidade foi fundada e é atualmente dirigida pelo jornalista e professor Rosental Alves, que trabalhou com Tim, um famoso repórter investigativo da TV Globo no Rio de Janeiro.

Em 11 de junho de 2002, Tim foi sequestrado, torturado e morto por traficantes enquanto fazia uma reportagem sobre a criminalidade no Complexo do Alemão.

“Depois de viver o luto por sua morte, participando ativamente dos protestos e do clamor por justiça para o caso de Tim no Rio, cuidei para que o primeiro projeto do Centro Knight incluísse treinamento sobre segurança e proteção de jornalistas”, diz Alves.

“Durante as últimas duas décadas, trabalhamos em diferentes frentes para enfrentar a violência endêmica contra jornalistas que tem sido alimentada pela impunidade (raramente os crimes são devidamente investigados e levados à Justiça), e a falta de mecanismos para proteger os jornalistas e treiná-los para enfrentar ambientes hostis.”

Com o novo e-book, Alves espera ajudar repórteres e editores a reforçarem a segurança dos profissionais, além de fornecer diretrizes para organizações que trabalham na proteção de jornalistas nas Américas.

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