Londres – Não podia ser diferente: a imprensa britânica se esmerou para refletir em suas capas o impacto da morte da rainha Elizabeth, com fotos marcantes e dedicatórias emocionadas.

“Obrigado”!. “Você cumpriu o seu dever”! “Nossos corações estão partidos”! “Nós te amamos”! Essas foram algumas das manchetes escolhidas pelos editores, que classificaram a saída de cena da rainha nesta quinta-feira (8) como o fim de uma era.

Afinal, quem tem menos de 70 anos no Reino Unido nunca viu outro rei ou rainha no poder. Elizabeth II foi a monarca que ficou mais tempo no trono da história da coroa britânica. 

Imagens de Elizabeth II tomou conta de todas as capas 

O impacto de sua morte foi tão grande que até o jornal econômico Financial Times dedicou toda sua primeira página à rainha, deixando de lado os assuntos financeiros globais.

Com uma foto da rainha sorridente envergando sua coroa ocupando quase toda a primeira página, o Financial Times destacou:

“Elizabeth II, a monarca mais longeva da Grã-Bretanha, morreu, deixando seu povo de luto, mas grato por sua vida de cumprimento do dever, em que ela uniu o país por 70 anos marcados por  mudanças importantes”.

Com um fundo preto em sinal de luto, o Daily Mirror optou por um agradecimento à Rainha na primeira página. 

Na coluna “Voice of the Mirror”, o jornal elogia a rainha morta: “Sua Majestade foi um modelo para tudo o que há de melhor no Reino Unido.

“Ela viveu sua vida como gostaria que outros levassem a sua: com decência, humildade e compreensão.

“Mesmo os republicanos mais obstinados deevem admirar seu senso de dever e sua defesa de valores que poderiam facilmente ter sido perdidos de outra forma.”

Também com fundo preto, o Daily Telegraph compartilha na capa uma imagem em preto e branco da rainha e uma de suas famosas frases: “O luto é o preço que pagamos pelo amor”. 

Nas páginas internas, o jornal inclui um encarte de 28 páginas com as principais fotos da vida e do reinado de Elizabeth II.

A colunista Allison Pearson descreve a morte de Sua Majestade como “insuportavelmente triste” e “uma perda quase grande demais”. Ela pergunta: 

“Como vamos viver sem ela? Quem somos nós sem ela? 

“Ela sempre esteve lá – um ponto imóvel em um mundo tumultuado. O mostrador do relógio sobre o qual os ponteiros do tempo giraram por tanto tempo quanto cada um de nós pode lembrar.”

Usando a mesma foto e o mesmo fundo preto, o Daily Express anuncia na capa: “Nossa amada rainha está morta”. E completa:

“O mundo sofre a perda de uma monarca realmente grande e inspiradora”.

O colunista Leo McKinstry descreve a rainha como “uma luz brilhante para a humanidade”:

“Com a notícia de sua perda, uma onda de tristeza varreu não apenas seu amado reino, mas também o mundo inteiro”, diz ele.

“Nas horas que se seguiram ao anúncio da morte, o respeito pungente por ela foi revelado na enxurrada de homenagens de líderes políticos e religiosos de todo o mundo. Mas tão importante quanto isso foi a enxurrada de cartas e flores de pessoas comuns, que a amavam e lutam para imaginar a Grã-Bretanha sem ela.”

Com uma foto colorida da Rainha jovem, o Daily Mail prestou homenagem com a manchete “Nossos corações estão partidos”. 

A colunista Sarah Vine, um dos principais nomes da imprensa britânica, escreve sobre a morte da rainha Elizabeth:

“Como encontrar as palavras?

“Nossa dor é uma centena de emoções diferentes, todas difíceis de entender.”

Foto da coroação da rainha Elizabeth foi usada na capa por vários veículos de imprensa 

A foto que estampa a capa do jornal i foi a mais usada nas primeiras páginas da imprensa britânica: a imagem oficial da coroação da rainha Elizabeth. 

As chamadas destacam os dez dias de luto pela morte da rainha e o esperado discurso nacional do rei Carlos III nesta sexta-feira (9).

A colunista Anne McElvoy pergunta:

“Se é tão natural e esperado que um monarca aos 96 anos morra em paz, por que dói tanto?”

A mesma foto da rainha coroada segurando o orbe real e o cetro aparece na primeira página do The Independent. 

O articulista Sean O’Grady presta homenagem à diplomacia da rainha: 

“Durante todas as amargas divisões sociais – através do terrorismo, ameaças políticas à união, alegrias e traumas familiares, bons e maus momentos – a rainha foi um símbolo de unidade e continuidade”.

A primeira página do tabloide The Sun, que muitas vezes noticiou os escândalos da família real de forma impiedosa, inclui uma homenagem tocante à rainha: “Nós te amamos, Madame”. A logomarca aparece em roxo, em sinal de luto.

A foto da capa é a mesma escolhida pelo Daily Express e The Daily Telegraph. Na contracapa, o jornal destaca uma foto da rainha jovem, do início de seu reinado de 70 anos.

O jornal circulou também com um encarte de 46 páginas sobre a vida da rainha.
“Descanse em paz, senhora. O The Sun e nossos leitores a amavam. Estamos orgulhosos de que você tenha sido nossa rainha”, diz o jornal. 

O editorial descreve o dia de ontem como “o dia que a Grã-Bretanha e grande parte do mundo temiam”.

O jornal não poupa reconhecimentos: “A mãe de nossa nação. A mulher mais famosa, amada e respeitada da Terra. A monarca que mais tempo reinou em nossa história. A espinha dorsal da Grã-Bretanha”.

O The Guardian também optou pela fotografia oficial da coroação para ocupar toda a sua primeira página.

Nas páginas internas, o colunista Jonathan Freedland escreve que a morte da rainha marca não apenas o fim da segunda era elisabetana, mas o início de “um novo futuro”:

“Haverá uma cabeça diferente na moeda, palavras diferentes para o hino nacional.

“O único elemento em nossa vida coletiva que era consistente e confiável… se foi.”

Usando a mesma fotografia em toda a sua primeira página, o Daily Star expressa gratidão: “Você cumpriu seu dever, senhora”. O logotipo do jornal aparece em preto, em sinal de luto.

No editorial, o veículo de imprensa diz que a morte da Rainha Elizabeth “deixa um enorme buraco no coração da nação”:

“Ela trouxe graça e dignidade incomparáveis ​​ao cargo”.

“Houve momentos em que ela teve que lidar com escândalos e tragédias. Mas ela sempre se recuperou e mostrou ser forte.”

“Simplificando: Sua Majestade nos deixou orgulhosos de ser britânicos.”

A edição do The Times reflete a “vida de serviço” da rainha e está envolta em uma capa especial dedicada à monarca. 

Na primeira página totalmente sem cor, o jornal anuncia a morte da rainha em letras garrafais e diz: “Sua Majestade a Rainha, a monarca reinante mais longa que este país conheceu, morreu pacificamente em Balmoral”. 

Seu editorial a descreve como “a mulher que salvou a monarquia neste país”.

“Isso não quer dizer que sem ela já teríamos uma república, ou que a monarquia não passou por alguns momentos conturbados durante seu reinado, quando a impopularidade de alguns de seus membros levou os críticos a questionar seu próprio futuro.”

“Mas é graças à sua dedicação e firmeza de propósito que uma instituição que às vezes parecia ultrapassada e fora dos valores da sociedade contemporânea ainda hoje tem relevância e popularidade.”

O jornal gratuito Metro, distribuído no transporte público,  optou por uma capa sem muitos elementos, mas talvez com a de efeito mais bonito.

Apenas uma foto da rainha no esplendor de sua juventude, seu nome e os anos de seu nascimento e morte ilustram a primeira página.  O resto, o legado deixado por Elizabeth II fala por si.

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