Londres – A morte da rainha Elizabeth II, no dia 8 de setembro aos 96 anos e com reputação protegida de escândalos e crises, era de certa forma esperada devido à idade e ao estado frágil que ficou evidente em sua mais recente aparição, ao receber dois dias antes a nova primeira-ministra britânica no castelo de Balmoral (Escócia).

A trajetória e o legado da monarca serão por muito tempo analisados por vários ângulos, um deles a comunicação.

Sob a monarca, a família real ganhou o apelido de “Firma”, que para muitos tem um sentido pejorativo.

Mas para comunicadores, ela sintetiza a eficiência e o profissionalismo na gestão da imagem e na reação às muitas crises que abateram a realeza nos 70 anos de Elizabeth II no trono. 

Em uma entrevista ao MediaTalks para uma edição especial sobre o Jubileu de Platina, o publicitário Washington Olivetto, que mora em Londres, a rainha é (ou era) “a melhor agência de propaganda que o Reino Unido poderia ter”. 

Há críticos do modelo, baseado em uma expressão de quatro palavras que destoa de muitos manuais de gestão e crises: “nunca reclame, nunca explique”. A ideia de não comentar escândalos ou entrar em embates públicos não agrada a todos.

Reputação da rainha Elizabeth, desafio em uma família cheia de problemas 

Mas se demonstrou eficiente ao proteger a reputação da rainha Elizabeth II dos muitos obstáculos enfrentados em sua vida sob os holofotes e com a familia nem sempre se comportando bem como ela.

O momento mais tenso para a sua imagem foi a morte da princesa Diana, quando foi criticada por não ir imediatamente a Londres (estava na Escócia), onde homenagens eram prestadas diante do Palácio de Buckingham. 

Mas até isso foi atenuado com uma boa justificativa: ela estava com os netos, William e Harry, que eram sua prioridade naquele momento.

Para a reputação da Rainha Elizabeth a justificativa reforçou um dos aspectos mais fortes de sua persona: a ligação com a família, em linha com o pensamento de um país tradicional e conservador. 

O público não entendeu bem isso no momento – e a popularidade da rainha caiu. Mas o tempo apagou as mágoas, e ela morreu com 76% de aprovação pública, a figura mais admirada da Grã-Bretanha, distante dos colocados seguintes, que têm 68%. 

Acompanhe aqui as histórias e as repercussões sobre a morte de um símbolo de reputação e de uso magistral das ferramentas de comunicação disponíveis em cada época – do rádio e das fotografias em preto e branco às redes sociais e reuniões via Zoom, que na pandemia substituíram os muitos eventos públicos dos quais participou exaustivamente enquanto a saúde permitiu.