Londres – Pela primeira vez na história da monarquia, a reunião do Conselho de Adesão que proclamou Charles III como novo rei, e os anúncios ao público diante do Palácio de St.James e da Bolsa de Valores de Londres foram transmitidas ao vivo pela TV.
Exatamente às 11h55 as trombetas soaram diante do prédio que fica no centro financeiro, dando início à segunda parte da cerimônia que havia sido iniciada às 10h com a reunião do Conselho de Adesão, em que Charles III foi oficialmente proclamado, assinou o juramento e fez uma declaração.
His Majesty The King gives a personal declaration at today’s Accession Council, where he was formally proclaimed King Charles III.
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— The Royal Family (@RoyalFamily) September 10, 2022
O local para da segunda proclamação é estratégico e faz parte da tradição. A estabilidade financeira do reino é um de seus fundamentos de sua sobrevivência.
Depois de uma procissão pelo centro, os representantes do Conselho se posicionaram nas escadarias do prédio da Bolsa de Valores. A leitura da proclamação foi feita e o hino – agora God Save the King – foi novamente executado, em uma cerimônia misturando elementos medievais nacionalistas e religiosos.
A decisão de exibir a proclamação pela TV e pela Internet foi uma eficiente forma de engajar ainda mais o público, que desde quinta-feira, quando o agravamento da saúde da Rainha Elizabeth II começou a ser noticiado, acompanha passo a passo os acontecimentos pela TV e pela Internet.
Mais cedo, ao som de trombetas na varanda do Palácio e diante de uma multidão, o Garter King of Arms (Rei de Armas da ordem Garter) vestido em trajes medievais, leu a proclamação, anunciando que Charles III é o novo rei.
E declarou: God Save The King. O hino da Inglaterra foi então executado, sob gritos e aplausos da multidão, e uma salva de tiros foi feita.
Depois, o tradicional “hip hip hurra” foi entoado três vezes, em uma combinação de tradição e modernidade. O mesmo aconteceu diante da Bolsa de Valores uma hora mais tarde.
Há 70 anos, o mesmo ato que consagrou Elizabeth II foi feito a portas fechadas, embora a família real já utilizasse o meio de comunicação extensivamente para documentar suas atividades e viagens.
Em 1952, quando Elizabeth foi proclamada, ela estava fora do país, mas talvez ela tivesse sido favorável à transmissão. Um ano depois, a coroação foi transmitida contra a vontade do então primeiro-ministro Winston Churchill, que segundo os historiadores era contra essa “modernidade”.
Charles III é um usuário ativo de redes sociais, como parte da eficiente máquina de propaganda da família real. O evento foi transmitido desde 10h (horário local, 6h no Brasil) pelas redes de TV nacionais, como BBC, SkyNews, ITV e GBNews, algumas com acesso via internet no Brasil.
O canal The Royal Family no YouTube, que tem quase 1 milhão de inscritos, também transmitiu.
Aos 73 anos, Charles automaticamente se tornou rei com a morte de sua mãe, mas o Conselho de Adesão tem a função histórica de confirmar o papel do novo monarca.
O Conselho é composto por conselheiros privados – o primeiro-ministro, membros do gabinete, arcebispos, representantes dos reinos da Commonwealth e outras figuras públicas importantes.
Entre os membros do Conselho de Adesão responsável pela proclamação de Charles III como novo rei estão a primeira-ministra Liz Truss, membros de seu gabinete, o arcebispo de Canterbury, o arcebispo de York e representantes de cada um dos países que compõem o Reino Unido. Todos os ex-primeiros-ministros também estão no conselho.
A rainha consorte, Camilla, e o príncipe William, que ontem recebeu de Charles o título de príncipe de Gales, também são conselheiros. Ao todo são 700, mas apenas 200 participaram da reunião de proclamação de Charles III.
A Proclamação é feita também em outras cidades, incluindo Edimburgo, Cardiff e Belfast, e geralmente em Windsor e em York, onde o prefeito tradicionalmente bebe pela saúde do novo soberano com uma taça de ouro.
Em reconhecimento ao novo soberano, as bandeiras da união foram hasteadas a pleno mastro desde o momento da Proclamação Principal no Palácio de St James e assim permanecem até uma hora após as Proclamações de Charles III na Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales. Depois, elas retornam a meio mastro respeitando o luto pela morte da rainha Elizabeth.
Historicamente a cerimônia de proclamação acontece no dia seguinte após a morte de um monarca, mas nesse caso foi programada para dois dias depois porque a morte de Elizabeth II só foi anunciada no início da noite de quinta-feira (8), sem tempo hábil para os preparativos.
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