Londres – A primeira pesquisa de opinião depois da morte da rainha Elizabeth trouxe boas e más notícias para o rei Charles: 63% dos entrevistados têm confiança em sua capacidade para ser um bom rei, mas menos da metade (45%) quer vê-lo no trono até a morte.

O percentual dos que confiam que Charles será um bom rei é bem superior aos 39% que achavam o mesmo em março. Por outro lado, mais de um terço (35%) acha que em algum momento ele deve abdicar em favor de seu filho William.

As conclusões são do YouGov, o mais importante instuto de pesquisas do Reino Unido. A pesquisa foi encomendada pelo jornal The Times, que nos últimos meses publicou várias denúncias envolvendo doações suspeitas à fundação beneficente do novo monarca. 

Confiança de que Charles será bom rei é menor entre jovens 

As entrevistas foram realizadas no domingo (11) e na segunda-feira (12), quando a população estava sob forte comoção pela morte da Rainha no dia 8. O novo rei foi beneficiado pela onda de popularidade angariada com o protagonismo na cobertura em tempo real da TV no período.

Quase três quartos dos entrevistados (73%) disseram que o rei respondeu bem desde a morte de sua mãe no dia 8 e quase a totalidade (94%) aprovou seu primeiro discurso à nação, no dia 9.

Resultados de popularidade e confiança bem animadores para quem em março tinha 31% achando que ele seria um rei ruim quando assumisse. Esse número caiu para menos da metade (15%) na pesquisa atual.

No entanto, os resultados mostraram variações gritantes de acordo com as faixas etárias dos entrevistados.

Os eleitores mais jovens são os que têm mais reservas em relação ao novo rei, com apenas 46% confiando que ele fará um bom trabalho, índice bem abaixo da média geral de 63%, Um quarto dos jovens acha que ele terá um mau desempenho no novo cargo.

Os jovens também são os mais críticos quanto ao papel unificador de Charles III. Enquanto 45% dos entrevistados veem o novo rei como uma figura unificadora da nação, esse percentual cai para 29% entre os menores de 25 anos.

Os que depositam mais esperanças em Charles são os mais idosos, da faixa de 65 anos em diante: quase oito em cada dez deles (78%) acreditam que ele será um bom rei, contra apenas 7% que pensam o contrário.

Elizabeth II vista como boa rainha por 87% dos entrevistados

Apesar do bom percentual (63%) obtido por Charles III na confiança de que será um bom rei, o número é bem menor do que o obtido por Elizabeth II na mesma pesquisa. 

Quase nove de cada dez entrevistados (87%) disse que o reinado da Rainha era bom para o país. O mesmo percentual também considera que ela entrará para a história como uma das maiores monarcas da Grã-Bretanha.

As diferenças nas avaliações por faixas etárias voltam a aparecer, mas ainda assim sempre positivas em relação à Rainha. Sete em cada dez (71%) dos súditos mais jovens, entre 18 e 24 anos, disseram que ela era boa para a Grã-Bretanha e apenas 11% a consideraram ruim.

Entre os maiores de 65 anos, o apoio foi ainda maior: 97% a consideraram boa, contra apenas 2% que a avaliaram como ruim.

Maior parte dos jovens acha que Camila não desempenhará bem

A rainha Consorte Camila foi aprovada pela maioria dos entrevistados. Apesar dos anos de incerteza sobre como o público responderia à substituta de Diana como cônjuge do Rei, uma parcela de 53% disse acreditar que ela fará um bom trabalho. Menos de um quinto (18%) acha que ela terá mau desempenho.

Mas assim como em relação ao rei, os mais jovens, da faixa de 18 a 24 anos, também são os mais críticos em relação a Camila. A maior parte deles (36%) acha que ela fará um mau trabalho, contra apenas 24% que acreditam que Camilla desempenhará bem.

A situação se inverte entre os que têm mais de 65 anos: 72% acreditam que ela fará um bom trabalho, contra 11% que acham que não desempenhará bem.

Maioria acha que mesmo como rei, Charles deve continuar a emitir opiniões

A pesquisa sobre a confiança no novo rei mostrou que os eleitores acham que, mesmo após assumir o trono, Charles deve continuar a emitir suas opiniões sobre os temas que mais lhe preocupam, como o meio-ambiente.

Uma maioria de 53% acha apropriado que ele continue a fazer intervenções às vezes avaliadas como políticas. Menos de um terço (30%) acha o contrário.

De novo, as variações por faixas etárias aparecem, mas desta vez com os papéis invertidos.

Os jovens com menos de 25 anos são os que dão mais apoio a essa postura, com 70% deles achando apropriadas as manifestações, contra apenas 10% contrários.

Os idosos de mais 65 anos são os mais refratários: embora a maioria (51%) ache que o novo rei deva continuar a se manifestar, mais de um terço (36%) não acha isso apropriado.

Apoio à monarquia permanece inalterado

Se por um lado todos os eventos realizados e a cobertura de TV ininterrupta contribuiram para alavancar a popularidade de Charles III, esse impulso não foi visto na avaliação da monarquia.

A pesquisa mostra que o apoio à monarquia como instituição permaneceu praticamente inalterado, com 62% a favor e 21% contra.