Enquanto algumas mães aproveitarão o Dia da Criança felizes com seus recém-nascidos, outras podem estar tristes com a aparência do corpo pós-parto graças ao que encontram no Instagram.  

Um estudo conduzido pela Universidade de Sydney revelou que publicações sobre pós-parto na plataforma vendem uma imagem de corpos irreais para novas mães. 

Uma análise de 600 publicações feitas com a hashtag #postpartumbody (#corpopósparto) constatou que 95% delas mostram mulheres que tiveram filhos recentemente magras e usando roupas de academia — ou seja, ocultando como um corpo que recém deu à luz realmente é.

Instagram impacta saúde mental de novas mães

O monitoramento liderado pela pesquisadora Megan Gow descobriu que somente 5% das publicações na hashtag mostram características verdadeiras de corpos pós-partos: estrias, flacidez, celulite e cicatrizes de cesarianas.

Em todo o mundo, 39% dos usuários ativos mensais do Instagram são mulheres de 18 a 44 anos. E, apesar da plataforma parecer propícia para a difusão de  mensagens de saúde facilmente acessíveis para as novas mães, ela tem sido associada à insatisfação corporal, principalmente entre meninas adolescentes.

Por isso, a rede social foi escolhida pelos pesquisadores, que investigaram qual o tipo de conteúdo as mulheres provavelmente estarão expostas durante o pós-parto.

“Compreender as imagens nas mídias sociais direcionadas às mulheres no pós-parto é um passo importante para determinar a utilidade do Instagram como uma via potencial para direcionar mensagens de saúde pública para esse grupo”, dizem os pesquisadores.

A análise descobriu que a maioria das publicações com a #postpartumbody — que recebe cerca de 1 mil imagens por dia — mostravam mulheres com gordura corporal baixa/média (91%), com 52% posando para a foto. Ou seja, não foi uma captura espontânea.

Apenas 5% das imagens traziam mulheres posando para acentuar uma característica corporal pós-parto. E em 40% de todas as publicações as novas mães estavam vestindo roupas de ginástica.

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“As mulheres de menor adiposidade (gordura) são mais propensas a postar imagens de si mesmas no Instagram marcadas com #postpartumbody do que as mulheres de maior adiposidade, o que pode refletir o aumento do orgulho corporal nesse grupo, mas pode reduzir a satisfação corporal para algumas espectadores”, destaca Gow. 

A pesquisa ressalta que muitas fotos da rede social podem ter sido editadas antes de serem publicadas para apresentarem uma “versão ‘ideal’ em vez de ‘real'” dos corpos femininos:

“Foi demonstrado que a visualização frequente de tais imagens leva à insatisfação corporal e distúrbios do humor. Isso é particularmente importante para as mulheres no pós-parto, que já são um grupo vulnerável com risco aumentado de insatisfação corporal.”

A colunista da Vogue britânica Nell Frizzell compartilhou seu relato ao se aventurar na hashtag investigada no estudo:

“Acabei de dar uma olhada no #postpartumbody e não vi absorventes para seios, cabelos sujos, bochechas manchadas de lágrimas, pele flácida. Nada – em suma – que se parecesse comigo depois do nascimento do meu filho.

As imagens encontradas nas mídias sociais – particularmente nas plataformas de fotos, como o Instagram – são tão irreais, artificiais e insalubres quanto as encontradas em revistas e na televisão.”

A declaração de Frizzell está alinhada à conclusão dos pesquisadores: visualizar corpos “ideais” de novas mães pode impactar a saúde mental de mulheres que tiveram filhos recentemente e seus corpos não estão como os que aparecem no feed do Instagram.

“As mulheres que veem e se comparam a essas imagens idealizadas podem ter maior probabilidade de experimentar sentimentos de inadequação e insatisfação corporal, particularmente mulheres no pós-parto que sofreram mudanças corporais dramáticas recentemente durante e após a gravidez”, explicam no estudo.

Acesse a pesquisa completa (em inglês) neste link.