Londres – Mesmo antes da presença do presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva e da ex-ministra Marina Silva na COP27, no Egito, o público do Brasil já apresentava um alto grau de conscientização e sobre a emergência climática e de confiança nos progressos que podem advir da cúpula encerrada neste de semana. 

É o que constatou a pesquisa PlanetPulse da Kantar a partir de entrevistas realizadas entre 2 e 6 de novembro em doze países: Egito, EUA, Reino Unido, Espanha, Itália, Índia, Alemanha, França, Colômbia, China, Brasil e Austrália.

A visibilidade da conferência da ONU foi significativa: dois em cada três dos entrevistados em todo o mundo já tinham ouvido falar do encontro, que ainda teria mais 12 dias pela frente e acabou com um acordo de perdas e danos que não agradou a todos. 

Brasil otimista com a COP27

Os brasileiros estiveram entre os que mais relataram ter compreensão do que significa a conferência (44%), quase empatando com o índice de 45% apresentado pelos indianos e britânicos, estes últimos os anfitriões da COP26.

E o Brasil também se alinhou entre os países mais otimistas: 42% dos entrevistados disseram acreditar em grandes avanços provocados pela cúpula, enquanto a taxa média mundial foi de 22%. 

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Quase nove em cada dez dos brasileiros (86%) disse esperar pelo menos um pequeno progresso a partir da cúpula. Os mais céticos foram os norte-americanos: lá, somente 67% esperam algum progresso.

Percepção sobre responsabilidade corporativa durante a COP27

A Kantar investigou também a opinião das pessoas sobre o papel das empresas em relação à agenda climática. 

Mais de seis em cada dez entrevistados (64%) acreditam que as corporações têm a responsabilidade de ajudar a combater os efeitos das mudanças climáticas, depois de governos (82%) e do público em geral (75%). O índice das corporações é quase o dobro do da mídia (34%).

Para 76% dos entrevistados, os planos das empresas não são ambiciosos ou não têm a ambição à altura do desafio imposto pela mudança climática. No Brasil, essa é a opinião de 84% dos pesquisados. 

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Globalmente, apenas 12% concordam fortemente que a maioria das empresas está tomando medidas eficazes para fazer frente à crise climática. E 38% acham que elas estão pioriando a situação em maior ou menor grau. 

Trata-se de uma avaliação pior do que a dos próprios formuladores de políticas públicas. 

Para a Kantar, os resultados deixam claro que as marcas devem prestar atenção aos rumos ditados pela COP27.

Seja sobre o evento, empresas ou governos, as pessoas têm expectativas de uma transformação mais ousada e rápida. 

A necessidade de ação é evidente, mas a agenda para as marcas causarem rapidamente um impacto real continua sendo desafiadora”.

Karine Trinquetel, Líder Global de Sustentabilidade da Kantar, observou que marcas que continuarem operando da maneira antiga serão deixadas para trás. 

“Uma nova cultura de consumo está emergindo e as marcas devem repensar como criar valor.  

Um modelo de negócio sustentável requer novas percepções e novas formas de pensar e operar”.

Mudanças climáticas vão provocar mudanças de atitude 

A Kantar acredita que  a COP27 deve impulsionar mudanças no cotidiano da população, pois globalmente 93% dos entrevistados afirmam perceber as consequências da mudança climática.

Os temores são variados, liderados pelo medo de a crise provocar escassez de alimentos, água e energia, a perda da natureza e da vida animal e danos à saúde humana.

A Kantar destaca diferenças regionais na percepção das ameaças geradas  pelas mudanças climáticas. 

Enquanto 43% dos europeus enfatizam a perda de vidas humanas, 56% dos chineses temem a aparição de outras doenças infecciosas. E 41% dos egípcios se preocupam com a saúde mental.

Dentre os temas centrais da agenda da COP27, 62% das pessoas escolheram a energia renovável e a transformação energética como o tema a ser abordado com maior urgência pelos governos e empresas.

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Entre as questões mais urgentes os entrevistados incluem a gestão sustentável dos recursos hídricos e as medidas relacionadas à promoção da agricultura, biodiversidade e descarbonização.