Para o especialista em finanças climáticas Ben Broché, do Global Innovation Lab for Climate Finance, o limite de 1,5°C para o aquecimento global é uma meta que vai exigir não apenas investimentos pesados.

Ele explica que para alcançar o objetivo fixado no Acordo de Paris será necessária uma mudança profunda em todo o sistema financeiro global.

Broché tem visto um interesse crescente da mídia em finanças climáticas, mas lamenta que o assunto seja tratado de forma limitada.

“Se vamos respeitar o limite de 1,5°C e preservar a sustentabilidade da economia a longo prazo, as finanças climáticas precisam se tornar o tema predominante em finanças”, defende o especialista.

Broché lidera o Global Innovation Lab for Climate Finance, uma coalizão de mais de 70 instituições públicas e privadas que desenvolve instrumentos financeiros inovadores para investimento no clima.

O Lab já lançou 62 desses instrumentos, que mobilizaram até agora um total de USD 3,3 bilhões dos quais onze no Brasil. 

Leia a entrevista. 

Aumento da cobertura

“Será muito positivo ver um aumento na cobertura do financiamento climático, não apenas como tópico de interesse pontual, mas como uma tese central para o setor financeiro em termos de investimento em um futuro sustentável capaz de assegurar valor e retornos a longo prazo”.

Sair do nicho

“A mídia ainda trata as finanças climáticas como um nicho dentro da cobertura do setor financeiro. Isso é lamentável, mas reflete o fato de que o investimento climático ainda representa uma pequena parcela dos fluxos financeiros globais”.

Oportunidades

“Os jornalistas devem estar atentos às oportunidades positivas. Por exemplo, o custo de muitas tecnologias necessárias para tornar nossos sistemas energéticos mais sustentáveis caiu exponencialmente nos últimos dez anos, às vezes em até 99%”.

Expansão

“Estamos vendo o que está acontecendo no espaço do capital de risco e do private equity, com empresas abraçando tecnologias climáticas de forma mais ampla, seja nos sistemas de energia ou em outros setores”.

Inovação

“Em meio aos debates da COP, vemos alguma inovação no setor financeiro e nas empresas. É claro que precisamos andar mais rápido, mas há alguns movimentos positivos que a mídia deveria cobrir, à medida que começamos a descobrir oportunidades junto aos riscos que estamos enfrentando”.

Melhores fontes

“São as pessoas que estão na vanguarda, os inovadores, os investidores que já despertaram, e até mesmo aqueles que estão liderando o investimento público e os diálogos sobre políticas públicas. Eles são capazes de explicar a complexidade das finanças climáticas para qualquer público e dizer o que estão fazendo e sua motivação”.

Tese simples

“Seguir o dinheiro, seguir a inovação e se aprofundar a partir daí. Não deixe a complexidade deste ecossistema gigantesco que se tornou o financiamento climático ser uma barreira. Há uma tese simples por trás do todo”.

Próximos unicórnios

“Houve um aumento de capital de 50 ou 100 vezes em todo o setor em alguns casos nos últimos dois anos. Portanto, se prestarmos atenção aos sinais, podemos supor que os próximos 50 ou 100 unicórnios serão da área de tecnologia e clima, o que nós dá esperança”.


Esta entrevista faz parte do MediaTalks Especial COP27