Londres – Durou pouco mais de 24 horas o bloqueio de jornalistas no Twitter por decisão de Elon Musk: após o resultado da segunda enquete indicando que 58,7% dos 2,7 milhões de usuários que votaram queriam as contas reativadas, ele anunciou que estava voltando atrás da polêmica medida.
A mais nova confusão de Elon Musk começou na quinta-feira (15), quando jornalistas do Washington Post, CNN, The New York Times, Mashable e alguns independentes que cobrem tecnologia foram abruptamente bloqueados, sob a alegação de que tinham praticado doxxing, ao postarem notícias sobre a remoção de uma conta que publicara a localização do jato do empresário.
Musk afirmou que o carro em que seu filho estava foi perseguido por um “stalker” em Los Angeles depois que o pouso do jato foi compartilhado pela @ElonJet no dia anterior.
A conta foi bloqueada, Musk anunciou que vai processar seu dono, o estudante de 19 anos Jack Sweeney, e as regras da plataforma foram atualizadas para proibir “informações de localização ao vivo” que “revelem o paradeiro de uma pessoa, independentemente de essa informação estar disponível publicamente”.
Bloqueio de jornalistas críticos a Musk no Twitter
O bloqueio dos jornalistas, todos com histórico de fortes críticas a Musk, gerou revolta de entidades de liberdade de imprensa e até da União Europeia, o que pode ter ajudado o empresário a mudar de ideia.
A vice-presidente de Valores e Transparência da UE, Vera Jourova, disse na sexta-feira (16) que as suspensões eram “preocupantes” e que o proprietário bilionário arrisca cruzar “linhas vermelhas” na lei da UE que protege a liberdade de imprensa.
News about arbitrary suspension of journalists on Twitter is worrying. EU’s Digital Services Act requires respect of media freedom and fundamental rights. This is reinforced under our #MediaFreedomAct. @elonmusk should be aware of that. There are red lines. And sanctions, soon.
— Věra Jourová (@VeraJourova) December 16, 2022
Com tantos problemas a resolver no Twitter, enfrentar o risco de sanções de órgãos reguladores é tudo de que ele menos precisa no momento.
O empresário fez a volta atrás, dizendo que “as pessoas falaram”, e que contas que praticaram doxxing com a localização dele seriam reativadas.
The people have spoken.
Accounts who doxxed my location will have their suspension lifted now. https://t.co/MFdXbEQFCe
— Elon Musk (@elonmusk) December 17, 2022
Antes, ele havia ironizado as críticas recebidas da imprensa, tuitando: “Tão inspirador ver o recém-descoberto amor pela liberdade de expressão pela imprensa”.
A pesquisa foi a segunda sobre o tema. A primeira, que também tinha dado resultado favorável ao fim do bloqueio dos jornalistas, foi considerada “com muitas perguntas” por Musk, e refeita para acabar chegando ao mesmo resultado.
Unsuspend accounts who doxxed my exact location in real-time
— Elon Musk (@elonmusk) December 16, 2022
A irritação do empresário com a história chegou a levar a uma suspensão temporária do Twitter Spaces, sob alegação de conserto de um bug.
A saída do ar ocorreu depois que jornalistas entraram em uma transmissão no Twitter Spaces em que Musk participava e o confrontaram com a suspensão por causa de notícias a respeito da exclusão da conta @ElonJet.
A jornalista de tecnologia Katie Notopoulos, do BuzzFeed, que ancorava a sessão com Musk, revelou que havia sido banida do Spaces depois que o serviço foi reativado.
It seems my account is banned… but only from Spaces. (This is what I get if I try to join or start a Space) pic.twitter.com/3PsiLIELsq
— Katie Notopoulos (@katienotopoulos) December 16, 2022
E links para a rede social Mastodon continuam sendo bloqueados, como passou a acontecer no dia em que os jornalistas foram suspensos.
Várias organizações de mídia relataram que não conseguem mais publicar links para suas contas na rede social que está abrigando muitos decepcionados com os rumos do Twitter após a compra por Elon Musk.
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