Londres – Enquanto as atenções dos ambientalistas estiveram voltadas nas duas últimas semanas para a proteção da biodiversidade, tema da cúpula COP15 em Montreal, uma das mais renomadas fotógrafas de natureza do mundo reuniu imagens feitas por alguns dos melhores profissionais da NatGeo em um projeto de apoio a programas de conservação e à fotografia ambiental.
A iniciativa é liderada por Ami Vitale, premiada fotógrafa da National Geographic, e pretende arrecadar US$ 1 milhão com a venda de mais de 100 trabalhos de autoria de fotógrafos da natureza de vários países, a maioria profissionais que trabalham ou já trabalharam para a revista.
Uma delas é a própria Vitale, autora desse retrato mostrando a empatia entre Kilifi, um rinoceronte de 18 meses, e seu tratador, Kamara.
As fotos custam entre US$ 100 e US$ 5 mil, dependendo do tamanho e se forem assinadas pelos autores, como verdadeiras obras de arte.
Parte dos recursos da venda serão investidos em projetos de mentoria de mulheres fotógrafas conduzidos pela Vital Impacts, organização que Vitali comanda junto com Eileen Mignoni, e para a obra de Jane Goodall, maior especialista do mundo em chimpanzés.
Goodall, ambientalista e autora de fotografias da natureza
Mensageira da Paz da ONU, a bióloga e ativista de 88 anos se tornou conhecida no mundo por ter sido uma das pioneiras na observação desses animais.
Ela coordena o Jane Goodall Institute, que continua cuidando de chimpanzés no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia.
Algumas das imagens à venda são de autoria da própria Goodall, produzidas há mais de 60 anos. Neste vídeo, ela fala da iniciativa com a Vital Impacts e das fotos que produziu.
Uma das fotos que faz parte do projeto é um autorretrato.
Bem antes de as selfies virarem moda, Goodall pendurou a câmera em uma árvore e fez um registro de si própria contemplando a floresta em busca dos primatas.
Nesta, a ambientalista e o fotógrafo Hugo van Lawick estudam uma família de chimpanzés na Reserva Gombe em 1965. A foto foi feita pela mãe de Jane, Vanne Goodall.
Esta fotografia está viajando no espaço sideral como parte do Golden Record da Nasa na espaçonave Voyager. Os Voyager Golden Records são discos contendo sons e imagens selecionados para retratar a diversidade de vida e cultura na Terra caso seja encontrados por seres extraterrestres.
Aqui, Jane Goodall retratou Fifi, uma supermãe que deu à luz nove vezes, na foto com um de seus filhos, Faustino.
Outros fotógrafos também cederam fotos de primatas para o projeto.
Esta é Mila, fotografada por James Balog. Depois que a família foi morta por caçadores, ela foi retirada da natureza e passou parte da vida em uma gaiola em um bar na Tanzânia, onde foi viciada em bebidas e cigarro.
Jane Goodall conseguiu levá-la para um orfanato da vida selvagem na Zâmbia. A imagem mostra o momento em que ela deu seus primeiros passos na natureza.
Na Bolívia, Nick Brandt registrou a imagem de Chascas, macaco-aranha ameaçado de extinção, ao lado do fazendeiro Lúcio, que perdeu suas colheitas depois de fortes inundações na região de Senda Verde.
Ameaçado de extinção por desmatamento e caça ilegal, os orangotangos estão entre os animais mais inteligentes do planeta, capazes de usar ferramentas e imitar o comportamento humano.
Foi o que fez este jovem registrado por Andrew Suryono, protegendo-se da chuva com uma folha.
O autor desta imagem, Jim Naughten, é um artista que explora assuntos históricos e cenas da natureza usando fotografia, estereoscopia e pintura.
O trabalho faz parte de uma série que altera as imagens originais com elementos artificiais para acentuar o corte da conexão dos seres humanos com a natureza.
Os leões também reinaram na seleção de fotografias da natureza feita pela Vital Impacts.
Anup Shah nasceu no Quênia e registrou um velho leão e seu jovem companheiro na reserva Maasai Mara.
Já Shaaz Jung capturou a solidão do rei da selva sob um céu tempestuoso.
O mesmo fez Britta Jaschinski, que passou três dias procurando um leão solitário e o encontrou descansando à sombra de uma acácia.
Ninguém tinha certeza do que havia acontecido com ele, embora ele possa ter sido forçado a sair de seu orgulho por um homem mais jovem.
Seu rosto parecia suportar o peso de uma vasta experiência. Uma fera velha e sábia. Enormemente poderoso, mas talvez perdido – por um momento – em sua própria solidão.
Cenas de ternura também estão entre as imagens que fazem parte do projeto.
Pode ser uma girafa com seu filhote, como na foto feita por Gurcharan Roopra, do Quênia, um dos mais reconhecidos fotógrafos da África.
A cena de proteção dos filhotes pelos elefantes adultos foi foi registrada por Annie Griffiths, uma das primeiras fotógrafas mulheres da National Geographic.
E Jody MacDonald capturou a alegria de Rajan, um elefante asiático de 66 anos que vivia nas Ilhas Andaman. Ele foi o último sobrevivente de seu bando e morreu em 20216.
As demais fotos que fazem parte do projeto podem ser vistas e adquiridas no site da Vital Impacts.
As imagens foram publicadas com autorização da Vital Impacts.
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