Londres – A conta de pelo menos 67 jornalistas assassinados em 2022 aumentou, com mais uma vítima de violência no Haiti, país que este ano se tornou o segundo mais perigoso para a imprensa nas Américas, perdendo apenas para o México.
Francklin Tamar, que apresentava os programas “Kompa, Kompa” e “Sábado Cultural” na rádio Solidarité, foi baleado no centro de Porto Príncipe no dia 18 de dezembro por uma pessoa em uma motocicleta, segundo relatos da mídia e de associações de jornalismo locais.
Ele morreu a caminho do hospital.
Violência contra a imprensa virou rotina no Haiti
Embora não exista confirmação de que o crime esteja associado ao trabalho, organizações internacionais cobraram apuração, diante do histórico de violência contra a imprensa no país.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) lamentou o nono assassinato de um jornalista no Haiti, o segundo país mais atingido nas Américas pela violência contra a imprensa.
A instituição reiterou o recente apelo feito por sete organizações aos estados da região para combater a violência contra jornalistas.
Michael Greenspon, presidente da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), condenou o assassinato:
“Lamentamos a morte de outro repórter haitiano, o que mais uma vez demonstra os riscos de violência contra os comunicadores, vítimas de agressões e abusos de gangues, manifestantes e policiais”.
Os outros jornalistas assassinados este ano no Haiti são Fritz Dorilas, assassinado em 5 de novembro; Romelo Vilsaint, 30 de outubro; Tess Garry, 24 de outubro; Frantzsen Charles e Tayson Lartigue, 11 de setembro; Maxihen Lazarre, 23 de fevereiro; Wilguens Louissaint e Amady John Wesley, em 6 de janeiro.
Em alguns dos casos, os profissionais de imprensa foram torturados e mortos com extrema violência.
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Na semana passada, um manifesto contra o agravamento das condições do exercício do jornalismo na América Latina foi assinado pela SIP e por outras oito entidades (Artigo 19 México e América Central; Comitê para a Proteção dos Jornalistas; Fundação para a Liberdade de Imprensa, IFEX-ALC; Repórteres Sem Fronteiras e Voces del Sur).
As organizações apelaram aos Estados para que adotem estratégias de combate à violência contra a imprensa em todas as suas formas “para que não se repitam e não aumentem os lamentáveis números de agressões registradas na América Latina”.
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A Federação Internacional de Jornalistas repudiou o novo ato de violência e exigiu que as autoridades realizem uma investigação exaustiva para determinar os motivos do assassinato de Francklin Tamar e levar à justiça os responsáveis.
E voltou a cobrar a aprovação da Convenção para a Segurança e Independência de Jornalistas pela ONU, que entre outras medidas inclui a que a criação de um instrumento específico para a proteção de profissionais de imprensa.
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