Londres – Uma conhecida jornalista e blogueira russa que vive na França teve suas propriedades na Rússia confiscadas como parte de um processo judicial fundamentado na lei de fake news sancionada por Vladimir Putin em março de 2022.

Veronika Belotserkovskaya, que já trabalhou como editora da revista Sobaka.ru, foi uma das primeiras indiciadas pela lei de fake news. Ela é acusada de “disseminação de mentiras sobre o exército”. 

A informação sobre o confisco de bens em solo russo foi dada pela advogada Elvira Kashigina durante a primeira audiência do julgamento, realizada nesta sexta-feira (13), e reproduzida pela agência de notícias estatal RIA Novosti. 

Segundo a advogada, a blogueira perdeu um apartamento e uma vaga de garagem em Moscou, além de dois prédios residenciais, um apartamento e um terreno em São Petersburgo.

O valor dos bens seria de 153 milhões de rublos (R$ 11,4 milhões). 

Acusação de fake news no Instagram

Até o início da guerra, Veronika Belotserkovskaya era uma blogueira de estilo de vida e gastronomia. Nascida em Odessa, ela vive no sul da França e dirige uma escola de gastronomia.

No entanto, após a invasão da Ucrânia, ela mudou a foto do perfil da conta e começou a postar opiniões contra a guerra iniciada por Vladimir Putin, cujo governo reagiu classificando o conteúdo como fake news.

Ela tem 1,3 milhão de seguidores, mas como o Instagram está proibido na Rússia, seus posts são acessíveis apenas aos russos que utilizam VPNs. 

Em uma das postagens, ela escreveu: 

“Considero esta “operação especial” uma agressão contra um Estado soberano.

Estou absolutamente horrorizada com a quantidade de mães de ambos os lados que não acreditam que seus filhos voltem para casa. Meninos de 18 a 20 anos, prejudicados por ambições imperiais”

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Em março, foi aberta contra ela uma investigação sob a acusação de “divulgação pública baseada em ódio político ou inimizade sob o disfarce de reportagem confiável, ​​contendo informações sabidamente falsas sobre as ações das Forças Armadas Russas”. 

Se condenada, a pena máxima pode chegar a 15 anos de prisão, além de multa de até 5 milhões de rublos. 

Após o indiciamento, o Ministério da Administração Interna a colocou na lista de procurados e a justiça decretou sua prisão à revelia. 

O confisco de propriedades pode ser uma nova estratégia do governo de Vladimir Putin para punir dissidentes que estejam fora do país.

Segundo o jornal Novaya Gazeta, no mesmo dia em que as notícias sobre o confisco foram reveladas, o presidente da Duma Estatal, Vyacheslav Volodin, propôs confiscar as propriedades dos russos “que partiram e que se permitem despejar sujeira publicamente sobre a Rússia, insultando soldados e oficiais”.