MediaTalks em UOL

Opinião | Mulheres na comunicação corporativa: é preciso esforço estrutural contra barreiras ao crescimento

Pâmela Vaiano Itaú Unibanco liderança feminina equidade de gênero representatividade mulheres mundo corporativo luta por igualdade diversidade comunicação corporativa esforço estrutural crescimento desenvolvimento carreira autoconfiança mentoria capacitação competências conhecimento apoio

Pâmela Vaiano - Superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco

No Brasil, a comunicação corporativa tem rosto de mulher. Ocupamos 69% dos cargos de liderança no setor, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.

Ninguém contesta o quão estratégica essa área de negócios é para as companhias – especialmente em um cenário complexo como o atual – em seu papel, cada vez mais indispensável, de ler contextos, gerir relacionamentos com públicos de interesse, construir alianças, antecipar e mitigar crises, entre tantas outras atribuições.

Mas o fato de essa atividade ser exercida majoritariamente por mulheres traz implicações para a consecução desse trabalho e para o desenvolvimento das carreiras femininas nem sempre visíveis a todos.

Falo das chamadas microviolências que mulheres enfrentam na sociedade e, por consequência, no ambiente corporativo.

As pesquisadoras Jennifer Kim e Alyson Meister, em um artigo na Harvard Business Review, as resumiram em três tipos: invalidação de competência; invalidação de presença física; desprezo das experiências femininas com vieses de gênero.

São barreiras, muitas vezes disfarçadas, que dificultam o desenvolvimento profissional e retardam, ou impedem com frequência, a ascensão das profissionais de comunicação a postos-chave para que possam efetivamente ocupar papel de influência,como trusted advisors.

Superação das microviolências contra a mulher 

E o que fazer para superar esses entraves que prejudicam o diálogo e minam a autoconfiança?

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que as microagressões existem.

E as lideranças femininas que enfrentaram (e enfrentam) barreiras de gênero têm um papel fundamental em mentorar outras mulheres, compartilhando experiências e aprendizados em espaços seguros de troca.

A capacitação, o desenvolvimento de competências e aquisição de conhecimento são, da mesma forma, instrumentos essenciais – e poderosos – para que as mulheres consigam superar agressões, boicotes e sabotagens.

Temos de fortalecer o poder de argumentação e a capacidade de articulação, mas não só. 

É preciso ter muito mais que apenas visão estratégica do negócio, do mercado, conhecer os públicos diversos com quem a organização se relaciona e compreender o contexto.

Mulheres precisam de apoio, não só de outras mulheres, mas de um esforço estrutural coletivo para combater vieses e quebrar as barreiras de crescimento. 

Sem isso e sem o apoio das empresas e sociedade, com políticas de equidade e papéis divididos, nós, mulheres, demoraremos muito mais tempo para nos sentar às mesas de decisão, espaço que precisa ser conquistado em muitas instâncias para além do mercado de trabalho.

E por outros gêneros, raças e etnias – mas isso é assunto para um outro artigo.

 

Sair da versão mobile