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Opinião | Mudança em prol da equidade de gênero não é linear, mas é irreversível

Silvia Penna Uber equidade de gênero representação das mullheres licença maternidade mudança irreversível luta por igualdade

Estou voltando ao trabalho depois de minha primeira licença maternidade. Nunca fiquei tanto tempo afastada, 100% dedicada a um projeto tão pessoal.

Tento traduzir um turbilhão de emoções e experiências neste texto.

A primeira reflexão é sobre o privilégio de trabalhar para uma empresa como a Uber. Tive medos antes da licença, mas perder minha posição ao voltar não foi um deles.

Tinha confiança de que voltaria e teria suporte em minha nova fase, o que infelizmente não é comum.

O apoio veio de vários lugares – alguns até inesperados: da liderança, da equipe e de líderes mulheres de outros países, com quem tinha menos contato. Todos gentis e generosos em suas mensagens de apoio.

Caminho para mudança é longo e não linear

Acredito que a mudança que estamos vendo, ainda que em passos pequenos, é irreversível.

Quando saí da faculdade de engenharia, o debate sobre equidade de gênero ou maternidade era quase inexistente nas empresas. Mesmo com muito ainda a se andar, a conversa hoje existe e tem mais visibilidade.

Esses movimentos nas empresas e na sociedade promovem o início de uma transformação inevitável.

Mesmo nos momentos em que o progresso parece lento ou impossível, tento lembrar que a jornada não é linear, especialmente no atual contexto social e econômico.

Equidade de gênero: avanços aquém da velocidade desejada

Olhando para trás, é possível ver que muito mudou, ainda que não seja (e não é) na velocidade e abrangência desejadas.

Contando com isso, o próximo desafio é a educação que darei ao meu filho para ele enfrentar o mundo.

Que transformações que ele encontrará? Será que teremos um mundo menos hostil para as mulheres? E o meu papel como mãe e líder nesse futuro?

São muitas perguntas, poucas respostas exatas, mas uma certeza: quero um futuro em que mulheres não tenham que desistir das carreiras porque sonham serem mães.

Que não tenham que se preocupar com a roupa que vão usar ao sair de casa. Que não tenham medo de perder os filhos simplesmente pela cor da pele.

Sei que transformações levam tempo e precisam de apoio para acontecer, mas não podemos desistir de trabalhar por elas.

Cada um de nós tem um papel a desempenhar, seja na educação mais consciente dos filhos, seja atuando em uma organização.

A luta por igualdade não acabará de um dia para o outro.

Quero acreditar que, se trabalharmos juntos, as mudanças acontecerão, mesmo que leve tempo. Essa possibilidade, para mim, é nossa maior chance de sucesso.

Este artigo faz parte da edição especial Representação de Mulheres na Mídia
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