Para quem ainda duvida que a inteligência artificial chegou no jornalismo para ficar e pode tirar empregos de profissionais do setor, o site de noticias Kuwait News colocou no ar neste fim de semana a mais nova estrela de sua equipe: a apresentadora “Fedha”.

A estreia foi em um vídeo de 13 segundos postado no Twitter. A apresentadora, com aparência de escandinava e cabelos à mostra, falou em árabe para anunciar sua chegada. 

O site faz parte do Kuwait Times, primeiro jornal inglês da região do Golfo, criado em 1961.

Em sua primeira interação com o púbico, a novata não procura esconder suas origens tecnológicas. 

“Sou Fedha, a primeira apresentadora gerada por inteligência artificial trabalhando no Kuwait News. Que tipo de notícia você prefere? Vamos ouvir suas opiniões?

 

Executivo diz que apresentadora loira representa a diversidade

Fedha tem ainda a voz robótica, mas aparência bem humana. É loira e de olhos claros e apareceu vestindo um terno preto sobre uma camiseta branca.

Abdullah Boftain, vice-editor-chefe, disse à AFP que ela representa a diversidade do país, que tem muitos expatriados de outras nacionalidades. 

Boftai também explica a origem do nome: 

“Fedha é um nome popular e antigo do Kuwait que se refere à prata, o metal. Sempre imaginamos que os robôs são prateados e metálicos, então combinamos os dois”

Ele acrescentou que Fedha poderá adotar o sotaque árabe falado no Kuwait e apresentar boletins de notícias na conta do site no Twitter.

Apresentadora criada por inteligência artificial na China

O Kuwait não é o primeiro a usar inteligência artificial para criar apresentadores. A China já faz isso há pelo menos quatro anos. 

O primeiro apresentador gerado com recursos de inteligência artificial apareceu no país em 2019, durante a feira de tecnologia Big Data Expo, segundo o site de notícias de tecnologia What’s On Weibo. 

Atualmente, uma das estrelas robóticas chinesas é a âncora Ren Xiaorong, que “trabalha” apresentando notícias no aplicativo do jornal estatal People’s Daily, e fica disponível 24 horas por dia lendo as principais manchetes do país.

Embora os apresentadores virtuais e o uso do ChatGPT para criar textos estejam se tornando comuns no jornalismo, uma pesquisa do Pew Research Center sobre nove aplicações de inteligência artificial em campos que vão da agricultura à medicina mostra que o público norte-americano acredita que o setor de redação de notícias foi o que menos avançou com o uso da tecnologia.

Considerando os familiarizados com o uso da inteligência artificial em cada campo de atuação, quase a metade dos entrevistados (45%) consideram que a tecnologia não trouxe qualquer avanço à redação de notícias.

Mas a realidade é que ela já começa a entrar em atividades antes reservados a jornalistas de carne e osso.