A democracia vem sido atacada no mundo todo nos últimos anos e o jornalismo, que deveria ser um dos pilares dela, está passando por uma crise de confiança, falta de recursos e redução da força de trabalho.
Para discutir o assunto e encontrar soluções, a Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, uniu grandes nomes do jornalismo, historiadores, políticos e acadêmicos para lançar o projeto FaultLines: Democracy.
A iniciativa terá início com uma conferência em Nova York nos dias nos dias 25 e 26 de abril, destinada a formar um fórum de compartilhamento de informações entre as pessoas na linha de frente dessas questões e ajudar a coordenar as melhores práticas para as instituições e pessoas que se preocupam em defender a democracia.
Inscrições são gratuitas
Os ingressos estão disponíveis no site da Columbia e são gratuitos tanto para assistir pessoalmente quanto para receber uma gravação após o evento.
O nome escolhido para o projeto, Faulty Lines, é uma referência a falhas geológicas que causam problemas como terremotos, mas nem sempre são vistas da superfície.
É uma metáfora para simbolizar um problema que pode não estar sendo percebido mas tem o potencial de causar grandes danos.
A partir da conferência, a Columbia afirma que outros projetos serão formados, incluindo uma série sobre democracia e imprensa na Escola de Jornalismo da Columbia.
Para o reitor, Jelani Cobb, a crise do jornalismo dos Estados Unidos, facilitou a fragilização da democracia americana:
“Esta não é a primeira crise a afetar a democracia americana, mas todos os impasses anteriores foram superados com a ajuda de uma imprensa livre vibrante e comprometida”
Entre as palestras estarão grandes nomes do jornalismo, política e academia.
O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama fará um pronunciamento por vídeo. Ele tem se manifestado regularmente sobre mídia e democracia.
Em um discurso com grande repercussão feito na Universidade de Stanford em 2022, Obama cobrou mais responsabilidade por parte das redes sociais alertando:
“Há pessoas que estão morrendo devido à desinformação”.
Presencialmente, vão falar nomes como Joe Kahn, do New York Times; Sally Buzbee e Eugene Robinson, do Washington Post; Kevin Merida, do Los Angeles Times e Margaret Sullivan, do The Guardian.
O evento terá também palestras dos historiadores Annette Gordon-Reed e Eric Foner, além de professores da Escola de Jornalismo de Columbia.
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Jornalismo em crise, democracia em crise
Jelani Cobb cita a mobilização de supremacistas brancos em Charlottesville e a tentativa de anular os resultados das eleições de 2020 como exemplos das ameaças às práticas democráticas nos Estados Unidos – que não são exclusivas do país.
E destaca o papel da imprensa.
Assim como em outros países, o setor vem sendo afetado nos últimos anos por queda nas receitas, diminuição da confiança do público, redução da força de trabalho e o surgimento de “um sofisticado ecossistema de desinformação”, como aponta o reitor de Columbia.
“A imprensa, como indicam os debates sobre as vacinas contra a covid-19 e sobre as eleições de 2020, teve dificuldade em convencer muitos americanos dos fatos básicos.”
“Este projeto tem como objetivo ajudar a estabelecer as bases de como o ‘Quarto Poder’ pode guiar melhor a nação para enfrentar seus desafios”, afirma Jenali Cobb.
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