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A dias das eleições, governo Erdogan prende 128 jornalistas e opositores em blitz na madrugada

Recep Tayyip Erdogan presidente da Turquia disputa as eleições e tenta se manter no poder, adotando repressão contra jornalistas e opositores como a operação policial que resultou em 128 prisões em uma madrugada

Recep Tayyip Erdogan tenta a reeleição na Turquia

Faltando poucos dias para as eleições gerais na Turquia, em 14 de maio, o governo de Recep Tayyip Erdogan está sob pressão de entidades internacionais após uma operação realizada na madrugada de 25 de abril que resultou na prisão de 128 opositores, dentre os quais pelo menos 10 jornalistas e um advogado que defende profissionais de imprensa.

Um grupo de 26 entidades de liberdade de imprensa, direitos humanos e liberdade de expressão assinaram uma carta aberta em que pedem “às autoridades turcas que parem com o assédio sistemático e a intimidação de jornalistas curdos”.

As prisões em massa ocorreram em mais de 20 cidades no país e envolveram círculos de opositores pró-curdos, sob acusações nebulosas de ligação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Erdogan vive tensões antes das eleições

A proximidade com o pleito eleitoral acirrou a relação do governo com a imprensa.

Os detalhes da investigação ainda não são conhecidos, já que a promotoria de Diyarbakir decidiu que ela deve permanecer confidencial. Fontes disseram à organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) que os jornalistas seriam transferidos para a diretoria de segurança em Diyarbakir para interrogatório. 

De acordo com o código de processo criminal turco, eles podem ser detidos por um período inicial de quatro dias, que um juiz pode estender por mais quatro dias.

De acordo com Erol Onderoglu, representante da RSF na Turquia, “parece claro que esta foi uma manobra política destinada a desmantelar a mídia pró-curda e desestabilizar os partidos da oposição antes das eleições.”

Estas detenções, que se tornaram tão frequentes que já não causam espanto, constituem flagrantes violações da liberdade de imprensa que devem cessar imediatamente.

Apelamos às autoridades para que parem de usar a justiça para suprimir o pluralismo dos meios de comunicação.

Na esteira dessas perseguições, Erdogan passou mal devido a uma infecção estomacal enquanto participava de um programa de TV transmitido ao vivo. O mal-estar o fez cancelar compromissos oficiais mas no fim de semana ele retomou as atividades de campanha, 

Além dos jornalistas, o texto da carta aberta se solidariza com os “profissionais de mídia, meios de comunicação, advogados que os defendem e funcionários do partido político curdo”.

A carta aberta, assinada por entidades como a Federação Internacional dos Jornalistas (IFJ) e a Human Rights Watch, solicita ainda que os presos tenham acesso a aconselhamento jurídico e que o governo “divulgue todos os detalhes das acusações feitas e garanta que sejam liberados da detenção”.

Oposição de Erdogan aos curdos

Erdogan está no poder desde 2003, quando virou primeiro-ministro, tendo chegado à presidência em 2014 e se mantido nela desde então.

Os curdos representam uma minoria na Turquia, girando em torno de 20% de sua população e a oposição a eles faz parte da agenda do atual governante.

Em meados do ano passado, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), 25 profissionais de mídia pró-curdos foram presos no país, o que o tornou novamente “um dos maiores carcereiros de jornalistas do mundo”.

Em junho de 2022 , uma operação semelhante resultou na detenção inicial de 20 jornalistas em Diyarbakır , dos quais 16 foram colocados em prisão preventiva por acusações de terrorismo enquanto se aguarda um julgamento que começa em 11 de julho de 2023.

Em outubro de 2022 , outros 11 jornalistas curdos foram detidos por acusações de terrorismo nas províncias de Ancara , İstanbul, Van, Diyarbakır, Şanlıurfa, Mersin e Mardin em operações policiais domiciliares simultâneas como parte de uma investigação antiterror liderada pelo Ministério Público de Ancara.

O julgamento deles começa em 16 de maio de 2023, segundo a Federação Internacional de Jornalistas. 

Um levantamento do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) revela que, em todo o ano de 2022, 40 profissionais de mídia tiveram passagens pela polícia.

De acordo com Erol Onderoglu, representante da RSF na Turquia, “parece claro que esta foi uma manobra política destinada a desmantelar a mídia pró-curda e desestabilizar os partidos da oposição antes das eleições.”

Estas detenções, que se tornaram tão frequentes que já não causam espanto, constituem flagrantes violações da liberdade de imprensa que devem cessar imediatamente.

Apelamos às autoridades para que parem de usar a justiça para suprimir o pluralismo dos meios de comunicação.

Na esteira dessas perseguições, Erdogan passou mal devido a uma infecção estomacal enquanto participava de um programa de TV transmitido ao vivo. O mal-estar o fez cancelar compromissos oficiais mas no fim de semana ele retomou as atividades de campanha, 

Quem são os jornalistas presos 

A RSF divulgou os nomes dos jornalistas presos no dia 25 pelo governo de Erdogan às vésperas das eleições.

Foram detidos o editor da Mesopotamia News Agency (MA), Abdurrahman Gök, e seus repórteres Ahmet Kanbal e Mehmet Şah Oruç.

Também, o editor-chefe do jornal diário Yeni Yaşam, Osman Akın; e o editor do jornal curdo ​​Xwebûn Weekly, Kadri Esen.

Completam a lista de jornalistas o repórter Beritan Canözer, do JinNews; e os jornalistas Mehmet Yalçın, Mikail Barut, Salih Keleş e Remzi Akkaya.

O advogado preso foi Resul Temur. Ele representou jornalistas detidos em Ancara e Diyarbakır em junho e outubro de 2022, de acordo com a RSF.

Segundo informações do CPJ, até sexta-feira (28) apenas um dos jornalistas foi libertado, Kadri Esen. 

Cinco dos detidos foram formalmente presos e mais um, chamado de Mikail Barut, foi levado sob custódia.

Segundo a coordenadora do CPJ para a Ásia e o Leste Europeu, Gulnoza Said, “a contínua repressão da Turquia à mídia curda por supostos laços terroristas mostra claramente como as autoridades estão determinadas a silenciar as vozes dissidentes antes das eleições do país”.

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