Londres – Quem anda refletindo neste Dia da Imprensa (1º de junho) sobre a escolha da carreira e acha que poderia ter feito outra coisa na vida não está sozinho: uma pesquisa feita entre profissionais dos EUA constatou que 44% dos candidatos a emprego com diploma universitário listados em um site de vagas demonstraram arrependimento pela faculdade que cursaram.
E justamente o jornalismo é o curso que reúne mais arrependidos, segundo a ZipRecruter.
Os graduados mais felizes são os que se formaram em ciências da computação e da informação e em criminologia – uma área em alta em um país recordista mundial em ataques a locais públicos como escolas por pessoas armadas.
Mas o motivo não é o desencanto com a profissão de jornalismo, e sim o problema que afeta jornalistas em todo o mundo: as perspectivas de conseguir um emprego e uma boa remuneração, em um setor afetado pela concentração das verbas publicitárias nas mãos das plataformas digitais, que tiraram receita das empresas jornalísticas.
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A data de 1º de junho foi escolhida como Dia da Imprensa em alusão ao início da circulação do jornal Correio Braziliense, em 1808. Era uma atividade muitas vezes voluntária, ou praticada por políticos que escreviam artigos sobre temas em evidência.
Mais de 200 anos depois, o jornalismo se tornou um grande negócio, com empresas gigantes comandando redes internacionais de mídia. Mas nem todos os jornalistas estão satisfeitos com as perspectivas da profissão em nível pessoal.
Entre os graduados nas duas carreiras com menor arrependimento, 72% escolheriam o mesmo curso novamente se tivessem que fazê-lo hoje.
Na lista das dez atividades em que os profissionais se dizem satisfeitos com a opção, há apenas duas não ligadas a negócios, finanças ou tecnologia: enfermagem, em quarto lugar, e psicologia, em oitavo.
O mundo pós-covid pode ter tido uma influência na opinião, já que são áreas com boas perspectivas de carreira durante e depois da pandemia.
Os graduados em ciência da computação estão em alta demanda em uma ampla gama de setores, de ciência a tecnologia, consultoria e gerenciamento, afirma Sinem Buber, economista da ZipRecruter, que salienta os altos salários:
“Eles estão conseguindo empregos de alta remuneração, com um salário médio anual de quase US$ 100 mil.”
Comunicação e Marketing entre as carreiras com maior arrependimento
Depois de jornalismo, os cursos mais lamentados são sociologia e Arte. Comunicação aparece em quarto lugar no arrependimento, e marketing em sexto.
Dentro de cada campo, os entrevistados mais bem pagos têm muito mais chances de ficarem felizes com a escolha da faculdade, segundo a economista da ZipRecruiter.
Entre os graduados em comunicação, os que estão satisfeitos com sua área estão ganhando 1,6 vezes mais do que aqueles que escolheriam um curso diferente.
O mesmo vale para graduados em administração de marketing e pesquisa: aqueles que estão satisfeitos com sua escolha principal estão ganhando três vezes mais do que aqueles que se arrependem.
Entre os graduados que se arrependem de sua especialização, as principais áreas que gostariam de ter escolhido são ciência da computação (selecionada por 13%) e administração de empresas (selecionada por 11%).
A ciência da computação é bem menos popular entre as mulheres. Apenas 8% das que se arrependem de seus cursos gostariam de ter estudado ciência da computação, em comparação com 19% dos homens.
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