Londres – A violência contra a imprensa nas Filipinas fez mais uma vítima, o jornalista de rádio Cris Bundoquin, assassinado na madrugada de 31 de maio por dois homens em uma motocicleta.
É o terceiro crime envolvendo profissionais de imprensa na gestão do presidente Ferdinand Marcos Jr. Todos os profissionais mortos trabalhavam em rádio.
Em setembro 2022, os jornalistas Percy Lapid, um dos mais conhecidos do país, e Rey Blanco, foram assassinados a tiros, em ataques separados.
Imprensa alvo de violência no país da Nobel da Paz
As Filipinas têm um histórico de violência e de perseguições judiciais contra profissionais de imprensa.
O maior exemplo é Maria Ressa, que embora tenha recebido um Nobel da Paz, continua sendo alvo de processos e tentativas de impedir seu site de notícias, o Rappler, de continuar funcionando.
Bundoquin, de 50 anos, apresentava o programa de rádio Ayos Mandin na emissora local DWXR 101.7 Kalahi FM e era dono da emissora de internet MUX Online Radio.
De acordo com a administração da estação, Bundoquin era conhecido pela cobertura contundente de questões locais, incluindo problemas ambientais, disputas políticas e jogos de azar ilegais.
Ele teria recebido várias ameaças antes de sua morte, de acordo com a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ).
Segundo a mídia local, um agressor foi morto no local enquanto o outro escapou. As informações são desencontradas sobre se o filho de Bundoquin teria matado o agressor ou se teria sido a própria polícia.
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O chefe da Polícia Nacional, general Benjamin Acorda Jr., disse à imprensa que a polícia criou uma força-tarefa especial investigar o caso e está tentando confirmar o motivo do ataque.
“O assassinato do repórter de rádio Cris Bundoquin mostra que aqueles que atacam jornalistas permanecem implacáveis sob o governo de um ano do presidente Ferdinand Marcos Jr.”, disse Shawn Crispin, representante do Comitê de Proteção a Jornalistas no Sudeste Asiático.
“Até que o governo filipino mostre que leva a sério o fim da impunidade nos assassinatos da mídia, tais assassinatos provavelmente continuarão.”
As Filipinas ficaram em sétimo lugar no mais recente Índice de Impunidade do CPJ, que destaca países em todo o mundo onde jornalistas são mortos e os assassinos são libertados.
A União Nacional de Jornalistas das Filipinas também instou o governo de Ferdinand Marcos Jr. a acabar com a impunidade.
“Embora os motivos por trás do ataque a Bundoquin ainda não estejam claros e uma investigação policial esteja em andamento, este novo assassinato é um lembrete sombrio de que o jornalismo continua sendo uma profissão perigosa nas Filipinas”.
No caso de Percy Lapid, que chegou a provocar protestos de rua, o chefe do sistema prisional filipino foi indiciado, mas ainda não foi julgado.
As Filipinas ocupam o 132º lugar no ranking de liberdade de imprensa da Repórteres Sem Fronteiras.
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