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Teste revela que Twitter não remove conteúdo de ódio de contas com Selo Azul

Pesquisa mostra que contas com Selo Azul do Twitter seguem postando conteúdo de ódio mesmo quando postagens nocivas são relatadas

Londres – Um teste feito pela organização britânica Center for Countering Digital Hate (CCDH) constatou que o Twitter não tomou atitudes em relação a 99% do conteúdo com discurso de ódio postado por assinantes do Twitter Blue e reportados à plataforma.

Segundo o CCDH, isso sugere que a rede social está permitindo que usuários que pagam pelo selo de autenticidade quebrem as regras da comunidade e aumentem algoritmicamente os tweets tóxicos.

Os posts sinalizados ao Twitter pela organização continham conteúdo racista, homofóbico, neonazista, antissemita ou de conspiração. Todos foram postados em abril e maio. 

Discurso de ódio sinalizado pelas ferramentas do Twitter 

Para o teste, os pesquisadores coletaram tweets com discurso de ódio de 100 assinantes do Twitter Blue. O mecanismo foi criado por Elon Musk depois da aquisição da plataforma e gerou controvérsia desde o início. 

Anteriormente, o selo azul era dado a contas de organizações e pessoas famosas gratuitamente, para evitar contas falsas. Agora, qualquer pessoa pode adquirir o selo azul, e os processos de verificação se demonstraram falhos. 

Os tweets coletados pelos analistas do CCDH foram relatados à plataforma usando as próprias ferramentas da rede social para reportar discurso de ódio.

Quatro dias depois, apenas um tweet foi removido, mas a conta permaneceu ativa, assim como todas as demais em que postagens nocivas foram encontradas. 

“O selo azul do Twitter costumava ser um sinal de autoridade e autenticidade, mas agora está ligado à ao discurso de ódio e de teorias da conspiração”, criticou Imran Ahmed, diretor executivo do CCDH. Ele acrescentou:

“O que dá confiança aos atores de ódio donos do selo azul para despejar seu ódio é a certeza de que o Elon Musk simplesmente não se importa com os direitos civis e humanos de negros, judeus, muçulmanos e pessoas LGBTQ+, desde que ele possa ganhar seus 8 dólares por mês”. 

A lista de agressões encontrada no teste do CCDH é assustadora, como demonstram os exemplos destacados pela organização. 

  • “A cultura negra causou mais danos [do que] a Klan [Ku Klux Klan] já fez”

  • “A Máfia Judaica quer substituir todos nós por pessoas marrons”

  • “Hitler estava certo”, acompanhado por uma montagem do ex-ditador.

O Twitter não agiu, apesar do fato de que os tweets surgidos pelo Centro claramente violarem as políticas da plataforma contra discurso de ódio, que proíbem o abuso com base em raça, etnia, nacionalidade, orientação sexual e identidade de gênero.

A falta de responsabilidade do Twitter por remover o discurso de ódio não é surpreendente, diz o CCDH.  

Estudos anteriores da organização analisaram o ódio antijudaico e antimuçulmano no Twitter, descobrindo que a plataforma não agiu em 89% e 97% das postagens, respectivamente.

Monetizando com conteúdo de ódio 

A pesquisa não apenas levanta preocupações de que os usuários do Twitter Blue possam postar conteúdo de ódio sem serem incomodados, mas que eles também se beneficiam da amplificação algorítmica como resultado de suas assinaturas pagas.

O Twitter diz em seu site que os usuários do Twitter Blue recebem “classificações priorizadas em conversas e pesquisas”, afirmando que “as pessoas no Twitter verão uma ligeira preferência por respostas de contas verificadas Blue em relação a outras respostas”.

Elon Musk twittou recentemente para confirmar isso, anunciando em 25 de abril que “contas verificadas agora são priorizadas”.

“Qualquer pessoa com US$ 8 dólares por mês e um número de telefone verificado pode se inscrever para receber o Selo Azul, ameaçando a credibilidade das contas e a precisão do conteúdo”, alerta a ONG.

Os pesquisadores constataram que os tweets dos usuários do Twitter Blue na amostra muitas vezes pareciam ter recebido prioridade nos tópicos.

Em um exemplo de um tópico contendo quase 100 tweets de usuários não verificados, a resposta mais bem classificada foi de um usuário do Twitter Blue pedindo violência contra migrantes.

Imran Ahmed critica Elon Musk e também os anunciantes que financiam o Twitter. 

“Nossa sociedade se beneficiou de décadas de progresso na tolerância, mas Elon Musk está desfazendo essas normas a uma taxa cada vez mais acelerada, permitindo que conteúdo de ódio prospere no Twitter, tudo com a aprovação tácita dos anunciantes que permanecem em sua plataforma”, disse. 

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