Londres – O chefe de inovação e monetização de podcasts do Spotify, Bill Simmons, deixou de lado a elegância do comunicado oficial que anunciou o fim do contrato entre a plataforma e o príncipe Harry e Meghan, tachando-os de “grifters” (aproveitadores, em tradução livre).
O rompimento do acordo de US$ 20 milhões foi divulgado na sexta-feira (16) como uma decisão de comum acordo entre o Spotify e os Sussex.
Imediatamente, porém, começaram a circular especulações sobre os possíveis motivos, como insatisfação com o conteúdo e uma suposta baixa produtividade da dupla – que acabaram abordadas por Simmons em seu podcast no fim de semana em um tom bem diferente, revelando que as coisas não iam bem.
Independência financeira para os Sussex
O contrato milionário com o Spotify foi selado em 2020, quando Harry e Meghan romperam os laços com a família real britânica e se mudaram para os EUA.
Um dos motivos alegados para a partida foi o desejo de independência financeira, seguindo uma carreira profissional que não seria possível dentro das regras de membros sêniores da monarquia.
O principal produto do acordo com o Spotify era o podcast Archetypes (Arquétipos), estrelado por Meghan e descrito como “um programa onde investigamos, dissecamos e subvertemos os rótulos que tentam bloquear o avanço das mulheres”.
Além do programa em áudio, Harry e Meghan fizeram também um documentário com a Netflix, e o príncipe escreveu seu livro de memórias, Spare.
No Archetypes, a duquesa de Sussex conversou com celebridades como Paris Hilton, Mindy Kaling, Mariah Carey e Serena Williams. Apenas 12 episódios foram produzidos em três anos.
O Wall Street Journal sugeriu que Harry e Meghan não cumpriram os requisitos de produtividade para receber o pagamento total de US$ 20 milhões. Harry nunca fez um podcast.
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Harry & Meghan e os cortes no Spotify
A dispensa de Harry e Meghan não foi um fato isolado. A plataforma tinha anunciado no início do mês uma mudança em sua estratégia, que resultou no corte de 200 profissionais.
Embora a indústria de podcast esteja navegando bem no ambiente de crise da mídia, com audiência crescente, o problema no Spotify foi o tamanho do investimento feito na área: mais de US$ 1 bilhão desde 2019, aplicados em tecnologia, aquisições e acordos com celebridades.
Bill Simmons foi um dos que teve seu negócio incorporado pela plataforma de áudio. Ele vendeu sua rede de podcasts Ringer para o Spotify por US$ 196 milhões, entrou para o quadro de executivos da companhia e manteve seu The Bill Simmons Podcast.
Foi nele que Simmons não mediu palavras – e palavrões – para se referir ao trabalho de Harry e Meghan no Spotify.
A palavra que ele usou, grifters, tem vários sentidos pejorativos, que variam de “aproveitadores” a “vigaristas”.
Ele disse que o nome do podcast deveria ter sido “The F***ing Grifters” (algo como “Os malditos aproveitadores”).
Falou de uma suposta conversa bizarra com Harry em que discutiram uma ideia para um podcast.
“Eu tenho que ficar bêbado uma noite e contar a história do Zoom que tive com Harry para tentar ajudá-lo com uma ideia de podcast. É uma das minhas melhores histórias.”
E arrematou com um “ferrem-se eles”.
Não foi o primeiro ataque de Bill Simmons a Harry e Meghan. Em janeiro, ele disse:
“Estou cansado desse cara. O que ele traz para a mesa? Ele só reclama de m* e continua dando entrevistas. Quem se importa? Quem se importa com a sua vida? Você nem era o filho preferido.”
Ao Wall Street Journal, a empresa de mídia Archewell, que administra os negócios de Harry e Meghan, disse que desenvolverá novos conteúdos em outra plataforma.
Ao mesmo tempo, a mídia britânica especula que o acordo com a Netflix também está sob risco, depois que os Sussex sinalizaram a intenção de virar a página e deixar de falar da família real.
O príncipe Harry está processando vários jornais, entre eles o Daily Mirror, alegando que jornalistas adotaram práticas ilegais para obter informações sobre sua vida privada e a de pessoas próximas a ele.
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