Em meio à onda de violência que se abateu sobre o Equador, a jornalista Lissette Omarza deixou o emprego na Majestade Television e planeja sair do país com a família após ameaças de morte e de uma perseguição que resultou em acidente automobilístico.
A repórter e apresentadora fez uma reportagem (já removida do site da estação devido a questões de segurança) sobre falha de freios em um ônibus lotado que teria causado um acidente em 28 de maio, deixando dois passageiros mortos e 25 feridos.
“As autoridades equatorianas devem investigar minuciosamente o assédio à jornalista Lissette Ormaza e garantir que aqueles que ameaçaram sua vida sejam responsabilizados”, disse Carlos Martinez de la Serna, diretor do Comitê de Proteção a Jornalistas.
Violência contra jornalistas no Equador
Segundo o CPJ, pelo menos dois jornalistas já fugiram do Equador este ano por questões de segurança.
“As autoridades devem usar todos os recursos à sua disposição, incluindo o mecanismo de proteção a jornalistas do país, para garantir a segurança de Ormaza e sua família”, cobrou Senra.
Quando Ormaza buscou comentários da empresa de ônibus mencionada na reportagem, um gerente ordenou que a jornalista e seu cinegrafista fossem embora. “Ele estava com muita raiva e tentou acertar a câmera”, disse ela ao CPJ.
No início e meados de junho, ela recebeu quatro ameaças de morte de contas do Facebook que não conseguiu identificar.
Uma delas dizia: “Espero não ter que usar a bala que tem seu nome nela. Espero que você entenda, informante”.
O acidente aconteceu no dia 20 de junho, quando ela dirigia em uma estrada de sua casa, em La Concordia, para a sede do canal, na cidade vizinha de Santo Domingo.
Lissette Ormaza relatou que um SUV preto sem placas desviou na frente de ela e a obrigou a sair da rodovia. O carro caiu em uma vala e capotou. Ela sofreu ferimentos leves no pescoço, tórax e pernas no acidente.
Em 22 de junho, a jornalista recebeu uma mensagem de uma conta do Facebook que não conseguiu identificar, dizendo:
“Agora você sabe do que somos capazes. Seu jornalismo não nos assusta e da próxima vez não será por acaso. Será uma bala no meio da sua testa”.
O CPJ afirma que a violência crescente no Equador está provocando um aumento de ameaças e violência contra jornalistas no país.
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