Londres – O governo da Ucrânia intensificou sua ofensiva na guerra de relações públicas travada na mídia global contra a Rússia, incluindo nesta segunda-feira (3) a Unilever na lista de “patrocinadores internacionais da guerra”.
A Agência Nacional de Prevenção da Corrupção da Ucrânia (NACP, na sigla em inglês) explica no comunicado que o objetivo da lista é atingir a reputação das empresas para pressioná-las a deixar a Rússia e assim pararem de contribuir para o financiamento da guerra.
Outras empresas globais como a concorrente Procter & Gamble, a Yves Rocher, a Bonduelle e a Leroy Merlin já fazem parte da lista. Uma manifestação aconteceu na sede da companhia de bens de consumo, em Londres.
O grupo Ukraine Solidarity Project instalou um outdoor diante do prédio mostrando imagens de pessoas mutiladas, inspirado na linguagem visual das campanhas da marca Dove, com a mensagem “ajudando a financiar a guerra da Rússia na Ucrânia”.
Um vídeo publicado nas redes sociais pedindo à Unilever para deixar a Rússia compara o pagamento de impostos ao preço de um míssil
Did you know that one of world's favourite beauty brands is helping fund Russia's war in Ukraine? Yes, it’s @Dove, owned by @Unilever. Unilever paid an estimated $331 million in taxes to Russia in 2022. A kalibr missile costs $1 million. The math is simple.
Get out of Russia. pic.twitter.com/NnpICgI62h
— Ukraine Solidarity Project (@SolidarityUKR) July 3, 2023
O ato coincide com a chegada de um novo CEO ao comando da Unilever, Hein Schumacher, que assumiu o cargo no dia 1º de julho.
A empresa é dona de marcas como Dove, Rexona, Lipton e Domestos.
Patrocinadores da guerra na Ucrânia ‘ajudam Putin’
O presidente da NACP, Oleksandr Novikov, disse que “a Unilever não pode dizer que é contra a guerra ao mesmo tempo em que apoia a máquina militar de Putin”.
Segundo o comunicado divulgado pela NACP, mais de 3 mil funcionários trabalham na Unilever na Federação Russa. Em 2022, o negócio russo representou 1,4% do faturamento da Unilever e 2% de seu lucro líquido, que em 2022 aumentou 24,9% em relação a 2021 e totalizou € 8,03 bilhões.
A NACP afirma que após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a empresa prometeu suspender todas as importações e exportações de seus produtos para a Rússia, bem como paralisar gastos com mídia e publicidade.
No entanto, durante o ano da guerra, os lucros da Unilever Rússia dobraram de 4,8 bilhões de rublos (€ 56 milhões) em 2021 para mais de 9,2 bilhões de rublos (€ 108 milhões) no ano passado, afirma o órgão.
A Unilever Rus LLC pagou cerca de US$ 50 milhões em impostos ao orçamento da Federação Russa para 2022, disse o governo por meio da agência anti-corrupção.
Oleksandr Novikov, presidente da NACP, cobrou a saída da empresa:
“A Unilever não pode se opor à guerra e, ao mesmo tempo, promover a máquina de guerra de Putin.
Incluímos esta empresa na lista de patrocinadores internacionais da guerra, porque as suas centenas de milhões de contribuições fiscais para o orçamento da Federação Russa ajudam a financiar a guerra contra a Ucrânia e podem financiar mesmo indiretamente algum grupo de mercenários russos.”
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O que diz a Unilever
Em fevereiro deste ano, a Unilever divulgou uma nota com sua posição sobre as atividades na Rússia, assegurando que desde março de 2022, interrompeu todas as importações e exportações de produtos para dentro e fora da Rússia gastos com mídia e publicidade.
Mas que continuava a fornecer alimentos e produtos de higiene diários fabricados na Rússia para as pessoas no país por não encontrar opção melhor.
A empresa diz entender as pressões para deixar a Rússia, mas argumenta que se sair do país, onde tem quatro fábricas, uma sede e emprega 3 mil pessoas, as operações seriam absorvidas pelo Estado.
A outra opção seria vender os negócios, mas a Unilever explica que não encontrou comprador.
Diante da situação, segundo a empresa, a melhor alternativa a seu ver é seguir operando, tanto para evitar o risco de os negócios “acabarem nas mãos do Estado russo” como para “ajudar a proteger o povo”.
Em março, a Unilever anunciou que investirá 20 milhões de euros em uma nova unidade de produção na região de Kiev, na Ucrânia, a ser inaugurada em 2024, “para apoiar o crescimento de nossos negócios e demonstrar nosso compromisso de longo prazo com o país”.
Atualmente a empresa tem 100 funcionários na Ucrânia.
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