MediaTalks em UOL

Ucrânia lista Unilever como “patrocinadora internacional” da Rússia na guerra

Unilever entra para lista de patrocinadores da guerra da Ucrânia por continuar operando na Rússia

Ukraine Solidarity Project instalou um outdoor diante da sede da Unilever em Londres (divulgação)

Londres – O governo da Ucrânia intensificou sua ofensiva na guerra de relações públicas travada na mídia global contra a Rússia, incluindo nesta segunda-feira (3) a Unilever na lista de “patrocinadores internacionais da guerra”. 

A Agência Nacional de Prevenção da Corrupção da Ucrânia (NACP, na sigla em inglês) explica no comunicado que o objetivo da lista é atingir a reputação das empresas para pressioná-las a deixar a Rússia e assim pararem de contribuir para o financiamento da guerra.

Outras empresas globais como a concorrente Procter & Gamble, a Yves Rocher, a Bonduelle e a Leroy Merlin já fazem parte da lista. Uma manifestação aconteceu na sede da companhia de bens de consumo, em Londres. 

O grupo Ukraine Solidarity Project instalou um outdoor diante do prédio mostrando imagens de pessoas mutiladas, inspirado na linguagem visual das campanhas da marca Dove, com a mensagem “ajudando a financiar a guerra da Rússia na Ucrânia”. 

Um vídeo publicado nas redes sociais pedindo à Unilever para deixar a Rússia compara o pagamento de impostos ao preço de um míssil

O ato coincide com a chegada de um novo CEO ao comando da Unilever, Hein Schumacher, que assumiu o cargo no dia 1º de julho. 

A empresa é dona de marcas como Dove, Rexona, Lipton e Domestos. 

Patrocinadores da guerra na Ucrânia ‘ajudam Putin’

O presidente da NACP, Oleksandr Novikov, disse que “a Unilever não pode dizer que é contra a guerra ao mesmo tempo em que apoia a máquina militar de Putin”.

Segundo o comunicado divulgado pela NACP, mais de 3 mil funcionários trabalham na Unilever na Federação Russa. Em 2022, o negócio russo representou 1,4% do faturamento da Unilever e 2% de seu lucro líquido, que em 2022 aumentou 24,9% em relação a 2021 e totalizou € 8,03 bilhões.

A NACP afirma que após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a empresa prometeu suspender todas as importações e exportações de seus produtos para a Rússia, bem como paralisar gastos com mídia e publicidade.

No entanto, durante o ano da guerra, os lucros da Unilever Rússia dobraram de 4,8 bilhões de rublos (€ 56 milhões) em 2021 para mais de 9,2 bilhões de rublos (€ 108 milhões) no ano passado, afirma o órgão. 

A Unilever Rus LLC pagou cerca de US$ 50 milhões em impostos ao orçamento da Federação Russa para 2022, disse o governo por meio da agência anti-corrupção. 

Oleksandr Novikov, presidente da NACP, cobrou a saída da empresa: 

“A Unilever não pode se opor à guerra e, ao mesmo tempo, promover a máquina de guerra de Putin.

Incluímos esta empresa na lista de patrocinadores internacionais da guerra, porque as suas centenas de milhões de contribuições fiscais para o orçamento da Federação Russa ajudam a financiar a guerra contra a Ucrânia e podem financiar mesmo indiretamente algum grupo de mercenários russos.”

O que diz a Unilever 

Em fevereiro deste ano, a Unilever divulgou uma nota com sua posição sobre as atividades na Rússia, assegurando que desde março de 2022, interrompeu todas as importações e exportações de produtos para dentro e fora da Rússia gastos com mídia e publicidade.

Mas que continuava a fornecer alimentos e produtos de higiene diários fabricados na Rússia para as pessoas no país por não encontrar opção melhor. 

A empresa diz entender as pressões para deixar a Rússia, mas argumenta que se sair do país, onde tem quatro fábricas, uma sede e emprega 3 mil pessoas, as operações seriam absorvidas pelo Estado. 

A outra opção seria vender os negócios, mas a Unilever explica que não encontrou comprador. 

Diante da situação, segundo a empresa, a melhor alternativa a seu ver é seguir operando, tanto para evitar o risco de os negócios “acabarem nas mãos do Estado russo” como para “ajudar a proteger o povo”. 

Em março, a Unilever anunciou que investirá 20 milhões de euros em uma nova unidade de produção na região de Kiev, na Ucrânia, a ser inaugurada em 2024, “para apoiar o crescimento de nossos negócios e demonstrar nosso compromisso de longo prazo com o país”.

Atualmente a empresa tem 100 funcionários na Ucrânia. 

Sair da versão mobile