A violência de grupos criminosos contra a imprensa no México continua fora de controle: esta semana, o jornalista Carlos Jimenez foi ameaçado de morte por meio de um vídeo em suas redes sociais e colocado sob proteção policial pelo governo.

Jimenez vive na Cidade do México e apresenta na rede Canal 6 o noticiário C4 em Alerta, especializado em casos policiais, com uma linguagem forte típica de programas de denúncias criminais. 

No dia 4 de julho, ele recebeu o vídeo em que pistoleiros mascarados ameaçavam matá-lo, chegando ao requinte de mostrar a caixa de papelão que planejavam usar para enviar seus restos mortais para a sua família. 

O jornalista afirmou que continuará fazendo o seu trabalho. No dia seguinte, ele divulgou o vídeo em seu programa. Houve também mensagens em áudio para o seu telefone, com o mesmo teor. 

Os homens relataram saber de todos os hábitos do jornalista ameaçado de morte e também de sua família.

Jornalistas sob risco de ataque e morte no México

O México destaca-se em todos os levantamentos de ONGs de liberdade de imprensa por seu alto número de mortes de jornalistas. Segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), foram 11 crimes associados ao trabalho em 2022. 

Um relatório da Repórteres Sem Fronteiras contabilizou 125 fatalidades no país em 20 anos, deixando o México atrás apenas de duas nações que tiveram guerras (Síria e Iraque). 

No entanto, o caso de Carlos Jimenez muda um padrão que se repete no país:  a ameaça aconteceu na capital, e não em regiões mais isoladas dominadas pelo narcotráfico, apontado como possível responsável por várias das mortes registradas no últimos anos. 

Nas regiões de maior risco para a imprensa há também jornalistas agredidos ou mortos por terem denunciado más práticas e corrupção de políticos locais em veículos regionais e em páginas de notícias no Facebook. 

Segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), o sindicato local da categoria confirmou que o jornalista Carlos Jimenez recebeu do governo um carro blindado e escolta policial.

Mas cobrou que as medidas sejam estendidas à sua família, que é mencionada no vídeo com as ameaças. 

“Não pode haver plena liberdade de expressão no México se os profissionais dos meios de comunicação carecem de garantias para o desempenho de sua atividade profissional.

Tanto o Estado quanto seus representantes são responsáveis por proteger os direitos humanos dos jornalistas.”

A direção do Canal 6 pediu uma investigação rigorosa para identificar os autores da ameaça. 

“A proteção dos jornalistas deve ser sempre uma  prioridade do Estado, pois a eles recai a responsabilidade de informar a sociedade”, disse a rede em nota.