A morte do segundo jornalista mexicano em uma confirma a posição do país como um dos mais letais para a imprensa no mundo – ou o mais letal, dependendo da metodologia usada para contabilizar as fatalidades.
Nelson Matus, diretor do portal de notícias Lo Real de Guerrero, foi morto a tiros no sábado (15) em um estacionamento em Acapulco.
Uma semana antes, o corpo de Luis Martín Sánchez havia sido encontrado com sinais de violência em Tepic, estado de Nayarit.
Segundo a Unesco, a região da América Latina e Caribe foi a mais fatal para jornalistas, com mais da metade das 86 mortes em 2022. O México teve mais casos do que a Ucrânia: 19, no registro da organização.
Os números variam conforme a metodologia usada pelas organizações. Algumas contabilizam apenas casos em que investigação policial formalizou a associação do crime com a profissão, o que muitas vezes não acontece justamente pela impunidade que é marca registrada da violência em países com regimes autoritários ou assolados pelo crime organizado.
Jornalista mexicano denunciava crimes
É o caso do México, onde os jornalistas mortos são em sua maioria de regiões dominadas pelos cartéis de drogas e comandadas por políticos acusados de corrupção.
O presidente Andrés Manuel Lopez Obrador é criticado por manifestações regulares contra a imprensa, o que é visto como incitação à violência.
Nelson Matus foi baleado à luz do dia e seu corpo foi encontrado dentro do carro no estacionamento de um centro comercial ainda com sinais vitais, mas ele não resistiu e morreu no local.
O jornalista tinha mais de 15 anos de carreira na reportagem policial, e fundou o portal para denunciar crimes na região.
Ele já tinha sofrido um atentado em 2019. Segundo a associação de imprensa Alianza de Medios, o administrado do Lo Real de Guerrero, Gerardo Torres Rentería, também foi assassinado este ano.
A última notícia publicada no portal, em 15 de julho, registra o encontro de restos mortais dentro de bolsas em uma praia de Acapulco.
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A violência contra a imprensa no México
O caso provocou reação das organizações de mídia globais e até dos EUA. O National Press Club, sediado em Washington, emitiu um comunicado expressando preocupação com a situação dos jornalistas mexicanos.
A Anistia Internacional e a Human Rights Watch afirmam que este é o sétimo caso de jornalista assassinado no país este ano.
As circunstâncias são parecidas com os crimes anteriores, em que as vítimas são jornalistas independentes ou de mídias regionais.
Em seu relatório anual sobre a violência contra a imprensa no mundo em 2022, a Unesco destacou o aumento de ataques diretos a profissionais de mídia, tanto na guerra da Ucrânia como em países como México e Haiti.
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