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ONGs cobram libertação de repórter sequestrado na Ucrânia e preso na Rússia há mais de um ano

Dmytro Khyliuk, jornalista ucraniano está preso na Rússia há mais de um ano

Dmytro Khyliuk (foto: perfil Facebook)

Londres – Uma investigação conduzida pela organização Repórteres Sem Fronteiras confirmou que Dmytro Khyliuk, um jornalista da Ucrânia sequestrado por soldados russos em março de 2022, logo após o início da guerra, ainda está vivo, reforçando a pressão internacional por sua libertação. 

Khyliuk trabalhava para a agência de notícias ucraniana UNION. Ele  foi capturado no jardim de casa, ao norte de Kiev, menos de duas semanas depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, e nunca mais foi visto. Em junho deste ano, enviou mensagens para a família informando que estava em uma prisão no país. 

As autoridades russas sempre negaram oficialmente sua captura, mas a RSF afirmou ter encontrado provas de sua transferência recente para uma prisão a leste de Moscou.

Jornalista cobriu início da guerra na Ucrânia

O jornalista cobria movimentos da sociedade civil e direitos humanos na Ucrânia. Segundo o projeto FrontLine Defender, era uma personalidade conhecida, chamando a atenção para a importância da reforma judicial e destacando os esforços anticorrupção da sociedade civil ucraniana.

Após a invasão russa da região de Kiev, Dmytro Khyliuk trabalhou nas cidades e vilas próximas à linha de frente, transmitindo notícias sobre as populações civis sob ataque. 

Em 1º de março de 2022, ele escreveu no Facebook  que as tropas russas estavam ocupando o vilarejo de Kozarovychi, onde ele e sua família moravam. 

Em 3 de março de 2022, o jornalista ucraniano desapareceu quando militares russos foram ver sua casa, que havia sido danificada por um bombardeio, relatou o FrontLine Defender. 

Com a ajuda da organização de direitos humanos CICV, a família de Dmytro Khilyuk recebeu em agosto de 2022 uma carta dele, com o selo do correio russo no envelope. A carta continha uma frase: “Queridos mamãe e papai, estou vivo, saudável e passando bem.”

A carta foi datada de 14 de abril de 2022. Eles escreveram uma carta em resposta, mas não se sabe se chegou ao destino.

Eles contrataram advogados, mas as autoridades russas lhnegaram acesso para ver ou falar com seu cliente e não deram nenhuma confirmação oficial de seu paradeiro. Também não há informações disponíveis sobre as possíveis acusações feitas contra ele, relatou o FrontLine Defender. 

Ucraniano transferido para prisão perto de Moscou 

De acordo com as informações da RSF, Khyliuk ficou no Centro de Detenção Pré-julgamento nº 2 em Novozybkov, uma pequena cidade no extremo sudeste da Rússia, sem base legal por pouco mais de um ano. 

Em meados de maio ele foi transferido para uma das prisões da região de Vladimir, localizada a algumas centenas de quilômetros a leste de Moscou. 

Em uma mensagem para sua família no início de junho, ele disse: “Estou bem. Eu te amo. Diga à UNIAN que estou preso na Rússia.”

Ele foi visto duas vezes em sua nova prisão no final de maio, segundo fontes que a RSF encontrou no mês passado na Ucrânia, que preferem permanecer anônimas por razões de segurança. 

“Ao prender este jornalista ucraniano que não cometeu nenhum crime, a Rússia continua a desrespeitar a Convenção de Genebra”, protestou Arnaud Froger, chefe da área de investigações da Repórteres Sem Fronteiras. 

O uso de civis como prisioneiros s de guerra para extrair informações ou fazer lavagem cerebral neles é mais uma da longa lista de atrocidades que a Rússia cometeu desde o início da guerra.

Dmytro Khyliuk agora é um refém do estado. Ele deve ser libertado incondicionalmente”.

A região de Vladimir tem 14 centros de detenção. De acordo com as informações da RSF, Khyliuk está detido na Colônia Penal nº 7 (IK-7) perto de Kovrov ou no nº 6 (IK-6) em Melekhovo. Esta última é uma prisão de alta segurança com uma “reputação terrível”.

Tornou-se famosa nos últimos anos pela presença de Alexei Navalny, um dos principais oponentes políticos de Vladimir Putin. Uma fonte disse à RSF que soube por ex-prisioneiros russos que ucranianos também estavam presos lá.

Um dos soldados entrevistados pela RSF também relatou que o chefe da prisão havia dito a eles que sua presença em Kovrov significava que eles “seriam trocados em breve”. 

Segundo a organização de direitos humanos CICV, 10 mil pessoas estão desaparecidas, suspeitas de terem sido detidas pela Rússia. As autoridades ucranianas estimam que pelo menos 25 mil civis da Ucrânia estão presos, capturados depois da guerra, alguns há mais de um ano, como o jornalista Dmytro Khyliuk. 

A Front Line Defenders condena veementemente a prática de desaparecimento forçado de civis em territórios ocupados pela Rússia, incluindo o defensor dos direitos humanos Dmytro Khyliuk, que está sendo privado de assistência jurídica, comunicação com sua família e qualquer outra assistência.

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