Londres – Apesar de todas as acusações de que tem sido alvo pela justiça americana, o ex-presidente Donald Trump continua favorito na corrida pela indicação republicana à presidência e e a contar com a confiança dos espectadores da Fox News, rede de TV que o apoia de forma quase incondicional.
É o que mostra um recorte da pesquisa feita pelo New York Times e pelo Siena College para avaliar as intenções de voto para a esc0lha do candidato do partido Republicano, em que Trump apareceu com 54% e o governador da Flórida, Ron De Santis, com 17%
As entrevistas foram feitas antes do novo indiciamento desta quarta-feira (2/8) por “esforços para anular as eleições nacionais”, mas já depois de outros dois. Apenas 5% dos espectadores que se informam pela Fox acham que Trump cometeu crimes federais graves, e 91% acham que ele é inocente.
Trump ‘apenas exerceu o direito de contestar resultados’
A Fox News pertence ao magnata da mídia Rupert Murdoch, a quem convém apoiar o postulante republicano que aparenta ter mais chances, se ele não for impedido de concorrer devido aos processos a que responde.
Colunistas e comentaristas da rede são ostensivamente favoráveis ao ex-presidente Trump e absorvem sua narrativa de criticar outros meios de comunicação.
A pesquisa do New York Times e do Siena College revelou que 83% dos entrevistados que assistem à Fox acham que as declarações de Trump após as eleições eram apenas o exercício de seu direito de contestar os resultados.
Esse sentimento incondicional pró-Trump diante de evidências e indiciamentos não é compartilhado por todos os eleitores do Partido Republicano.
Entre os que se informam por outros meios, apenas 58% acham que ex-presidente exerce seu direito de reclamar ao atacar a lisura do pleito. E 38% acham que ele cometeu crimes graves.
A aversão ao atual presidente é outro efeito provocado pela Fox sobre a opinião de seus espectadores, dos quais apenas 2% aprovam a forma como Joe Biden tem conduzido o país. O percentual é muito menor do que os 19% dos republicanos que se informam pelos principais canais de notícias exceto a Fox e aprovam a condução do governo.
Os republicanos que têm opinião muito favorável sobre Trump somam 50% dos que se informam pela Fox e 28% dos que utilizam diversas fontes de notícias.
Esse sentimento se reflete em 60% dos republicanos espectadores da Fox que declaram voto em Trump, contra 42% dos espectadores do mesmo partido que preferem outros candidatos.
O apoio dos principais nomes do jornalismo da Fox a Donald Trump é tão escancarado que chegou a viralizar nas redes sociais. Em março, quando ele foi indiciado pela primeira vez, os apresentadores de um programa suspiraram de satisfação enquanto a apresentadora lia a notícia – e o áudio vazou para a transmissão.
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Dono da Fox, Murdoch é fiel a Trump
O apoio já custou caro a Murdoch, que além da Fox é dono do Wall Street Journal, do The Times de Londres e de um império de mídia na Austrália.
Em abril, a Fox teve que pagar US$ 787,5 milhões (R$ 3,9 bilhões) à empresa de urnas eletrônicas Dominion para colocar fim, antes do julgamento, a um processo de calúnia e difamação cuja sentença poderia causar um prejuízo ainda maior.
A ação foi motivada pelo endosso que comentaristas da rede deram às acusações de Donald Trump e de seus seguidores de que as urnas das últimas eleições teriam sido fraudadas para dar a vitória a Joe Biden.
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Indiciamento de Trump na Fox
Nesta quarta-feira, canais como a Fox e o Newsmax, outra rede de TV favorável ao ex-presidente, convidaram nomes que apoiam Trump para comentar o novo indiciamento.
Trump foi acusado por promotores federais de quatro crimes de conspiração contra a nação. O texto descreve como ele e seus aliados “espalharam conscientemente falsas alegações de fraude eleitoral, convocaram eleitores e tentaram bloquear a certificação da eleição em 6 de janeiro”, que resultou na invasão ao Capitólio.
Um desses aliados, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, que não foi indiciado, foi convidado pela Newsmax para defender Trump e atacar seus opositores.
Na Fox, o apresentador Jesse Watters, que ficou no lugar de Tucker Carlson, demitido após o processo da Dominion, chamou o indiciamento de “guerra biológica política” e “uma atrocidade”. O painel de comentaristas incluiu uma ex-advogada de Trump e uma nora do ex-presidente.
Textos exibidos durante as entrevistas davam destaque à defesa de Trump, que considerou o indiciamento “um ataque à liberdade de expressão”.
Ao longo de seu mandato, Trump tuitou mais de uma vez por dia tendo como alvo a grande imprensa, mirando especialmente na CNN e jornalistas da emissora. Na semana passada, um processo que ele tentou mover contra a rede por crime de difamação foi arquivado por falta de evidências.
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