Londres – Um novo estudo publicado no Journal of Medical Internet Research confirmou que terapias destinadas a tratar obsessão por redes sociais podem ser eficazes não apenas para reduzir o chamado ‘uso problemático’, mas também para aliviar sintomas gerais de depressão não relacionados diretamente a esse uso. 

O trabalho foi feito por pesquisadoras do University College London (UCL), consolidando resultados de 23 experimentos registrados em bancos de dados científicos internacionais entre 2004 e 2022, envolvendo principalmente jovens.

Em 39% deles, intervenções resultaram em melhoria geral do bem-estar psicológico, e em 70% houve melhorias “notáveis” em sintomas de depressão. Técnicas cognitivo-comportamentais se demonstraram mais eficientes do que limitar o uso de mídia social ou abstinência total em 83% dos experimentos. 

Impacto das redes sobre depressão e saúde mental 

O trabalho do UCL é assinado pelas pesquisadoras Ruth Placket, Alessandra Blyth e Patricia Schartau. Elas salientam que evidências sobre o impacto das mídias sociais na saúde mental ainda são conflitantes.

Alguns estudos relatam benefícios do uso das redes para a saúde mental, incluindo maior apoio social, vínculos fortalecidos e busca de ajuda.

Outros mostram que o alto uso de redes tem sido associado à depressão, ansiedade, problemas psicológicos e sofrimento, principalmente para os jovens.

As autoras explicam que o uso problemático de redes sociais é caracterizado quando provoca afastamento de tarefas primárias e negligência de responsabilidades em outros aspectos da vida. 

Terapia, pausa parcial ou completa nas redes

Os experimentos analisados para o novo estudo avaliaram  a eficácia de diferentes tipos de intervenções para melhorar o bem-estar mental, variando de abordagens baseadas em terapia, pausas parciais e completas no uso dos aplicativos de conexão.  

Enquanto as intervenções baseadas em terapia trouxeram mais benefícios para a saúde mental em 83% dos estudos, apenas 20% deles encontraram melhorias com a limitação do uso de redes sociais, e 25% com a suspensão temporária do uso.

“Técnicas terapêuticas como terapia cognitivo-comportamental ou aconselhamento psicológico em grupo focadas em estimular a reflexão sobre comportamentos, pensamentos e sentimentos em torno da mídia social  têm sido usadas ​​para ajudar os alunos a gerenciar seu uso de mídia social, concentrando-se em como eles gastam seu tempo e como podem melhorar seus relacionamentos e habilidades de comunicação offline”, diz o trabalho do UCL.

Mas as pesquisadores destacam que mais estudos são necessários, com amostras representativas sobretudo de adultos e não apenas de jovens, para investigar quem pode se beneficiar mais das intervenções para combater o uso problemático das redes sociais.

“Isso ajudará a desenvolver orientações e recomendações para formuladores de políticas e médicos sobre a melhor forma de gerenciar o problema”, diz o relatório.