Londres – Mantida na prisão desde setembro de 2021 quando foi capturada antes de deixar a China a fim de estudar no Reino Unido, a jornalista e ativista Sophia Huang Xuequin começou a ser julgada nesta sexta-feira (22) pelo crime de “incitar subversão”, junto com o defensor de direitos trabalhistas Wang Jianbing.
Ela ficou conhecida como a principal face do movimento #MeToo na China, realizando campanhas e prestando assistência a vítimas de agressão e assédio sexual.
A Anistia Internacional e outras ONG emitiram uma declaração conjunta exigindo que as autoridades libertem os dois retirem as acusações contra eles.
Jornalista sairia da China para fazer mestrado quando foi para a prisão
A dupla foi presa na cidade chinesa de Guangzhou em 19 de setembro de 2021, um dia antes de Huang viajar para fazer um mestrado no Reino Unido.
Segundo a Anistia, acredita-se que a a detenção esteja relacionada com reuniões semanais com outros ativistas, organizadas por Wang Jianbing na residência da jornalista.
Wang Jianbing prestava apoio jurídico a pessoas com deficiência e trabalhadores com doenças profissionais, e também apoiava o #MeToo na China.
Desde a detenção, eles foram impedidas de ver familiares. Dezenas de amigos foram intimados pela polícia e tiveram as suas casas revistadas e os dispositivos eletrônicos confiscados.
“Acredita-se que Sophie Huang Xueqin tenha sido submetida a maus-tratos durante a detenção, o que levou à dramática deterioração da sua saúde”, disse a organização.
Leia também | Em greve de fome e com 37 kg, jornalista cidadã chinesa presa por vídeos sobre a covid é internada
Pesquisa mostrou assédio sexual na imprensa da China
Huang deu voz à versão chinesa do movimento #MeToo em 2018, quando ela escreveu um relatório documentando assédio sexual e casos de agressão enfrentados por mulheres chinesas que trabalham no jornalismo.
Em seu trabalho como ativista, ela ajudou mulheres que acusaram de assédio sexual um professor da Universidade Beihang, em Pequim.
Em junho de 2019, participou de protestos em Hong Kong contra o projeto de extradição apresentado pelo governo, que acabou sendo retirado, e atualizava seguidores usando um blog.
Em outubro de 2019, a jornalista foi detida por “criar brigas e provocar problemas” e foi libertada três meses depois.
Três meses antes de ser presa, ela ganhou um prêmio da Society of Publishers in Asia por sua reportagem sobre Li Qiaochu, mulher detida após falar em nome de seu parceiro e advogado dissidente, Xu Zhiyong.
Leia também | Jornalista australiana completa 3 anos presa na China e relata vida no cárcere: ’10 horas de sol por ano’