Londres – Primeiro jornalista americano preso pela Rússia desde o fim da Guerra Fria, o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich completa seis meses no cárcere nesta sexta-feira (29).
Ele foi capturado quando fazia uma reportagem em um complexo militar russo na região dos Montes Urais onde são fabricadas armas usadas na guerra com a Ucrânia, e teve negado todos os pedidos de liberdade condicional.
A Dow Jones, empresa jornalística dona do WSJ, convocou para esta sexta-feira uma ‘manifestação online’ nas redes sociais para pressionar a Rússia a libertar o jornalista e retirar as acusações contra ele.
‘Social storm’ por repórter do Wall Street Journal preso na Rússia
O movimento foi chamado de ‘social storm’, ou tempestade social. A sugestão é de que os apoiadores postem fotos individuais ou em grupos exibindo a hashtag e a imagem da campanha, marcando os seis meses de prisão.
Também foram criados cards para serem usados nas principais redes sociais: Instagram, Facebook, X e LinkedIn.
A campanha sugere que as postagens utilizem a hashtag #IStandWithEvan e um texto:
Já se passaram 6 meses desde que Evan Gershkovich, repórter do Wall Street Journal, foi injustamente detido pela Rússia durante uma viagem de reportagem e falsamente acusado de espionagem.
O Wall Street Journal e o governo dos EUA negam veementemente a alegação e continuam a pedir a sua libertação imediata.
A prisão de Evan é uma violação descarada da liberdade de imprensa e não só apresenta consequências de longo alcance para o jornalismo, mas também para os governos e as democracias em todo o mundo.
Uma imprensa livre é parte integrante de uma sociedade livre. Todos nós temos interesse nisso.
Em um vídeo publicado pelo Wall Street Journal e em entrevistas à mídia americana, os pais do jornalista, soviéticos que imigraram para os EUA, descreveram que o filho está saudável e com espírito positivo.
Eles visitaram Evan Gershkovich duas vezes, mas só puderam se comunicar separados por uma proteção de vidro e por cartas.
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Entenda o caso do jornalista preso
Cidadão americano, o jornalista de 31 anos foi preso pelo serviço de segurança FSB em 29 de março em Yekaterinburg, na região dos Urais.
Segundo o FSB, Gershkovich estaria usando sua credencial de jornalista para “espionagem no interesse do governo americano”, acusação negada por ele, pelo Wall Street Journal e pelo governo dos EUA.
Inicialmente ele ficaria preso até 29 de maio, mas a pedido do FSB, o Tribunal Distrital de Lefortovo, em Moscou, estendeu a detenção até 30 de agosto.
Cinco dias antes da data marcada para a libertação, a preventiva foi renovada até novembro. Há especulações de que Evan Gershkovich pode ser trocado por algum prisioneiro russo nos EUA.
Segundo o Wall Street Journal, Evan Gershkovich foi preso como parte de uma operação liderada por uma unidade clandestina do Serviço Federal de Segurança da Rússia.
Esse grupo é apontado como responsável por espionar americanos de alto perfil no país, invadir seus quartos para plantar dispositivos de gravação, recrutar informantes do pessoal administrativo da Embaixada dos EUA e enviar jovens mulheres para persuadir os fuzileiros navais destacados em Moscou para revelar segredos.
A DKRO, que é praticamente desconhecida fora de um pequeno círculo de especialistas e oficiais de inteligência russos, também teria ajudado a deter outros dois americanos na Rússia, os ex-fuzileiros navais Paul Whelan e Trevor Reed, segundo as fontes do WSJ.
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