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Sol, lua, galáxias e auroras: Observatório de Londres apresenta as melhores fotos do céu do ano

Londres – Lar da hora mundial, o Observatório Real de Greenwich, em Londres, anunciou os vencedores da 15ª edição de seu concurso de fotografia astronômica, que reconhece imagens espetaculares de estrelas, galáxias, nebulosas e a magia da Aurora Boreal. 

O registro de um arco de plasma perto da Galáxia de Andrômeda, feito pelos astrônomos amadores Marcel Drechsler, Xavier Strottner e Yann Sainty em Nancy, na França, foi o escolhido o melhor entre mais de 4 mil fotos submetidas por profissionais e amadores de 64 países. 

Andrômeda, Inesperada © Marcel Drechsler, Xavier Strottner e Yann Sainty / Prêmio Fotógrafo de Astronomia do Ano do Royal Observatory Greenwich

Embora amadores, eles fizeram uma descoberta surpreendente para os cientistas, que agora estão investigando melhor a revelação. Pode ser a maior estrutura desse tipo em um ambiente do Universo próximo.

Andrômeda é a galáxia espiral mais perto da Via Láctea e um dos objetos do céu profundo mais fotografados de todos os tempos, o que aumenta o valor do que a foto mostrou. 

“Esta astrofotografia é tão espetacular quanto valiosa. Não só apresenta Andrômeda de uma nova forma, mas também eleva a qualidade da astrofotografia a um novo nível”, disse László Francsics, jurado. 

Jovens fotógrafos de astronomia 

Os chineses Runwei Xu e Binyu Wang, de 14 anos, venceram o concurso na categoria Jovem Fotógrafo do Ano, com o registro da Nebulosa da Galinha Corredora (IC2944). Ela fica na constelação de Centauro, a 6 mil anos-luz de distância da Terra. 

© Runwei Xu e Binyu Wang / Prêmio Fotógrafo de Astronomia do Ano do Royal Observatory Greenwich

O jurado Yuri Beletsky, astrônomo profissional, disse: 

” Os fotógrafos conseguiram capturar as cores vibrantes da nebulosa, bem como o aglomerado que contém várias estrelas jovens e quentes cuja radiação intensa faz com que a nebulosa brilhe.

A interação entre os ventos estelares destas estrelas e as bolsas mais densas de material na nebulosa leva à criação de características interessantes, como os glóbulos de Thackeray, que são locais potenciais de futura formação estelar.” 

Confira as outras fotografias astronômicas premiadas e destacadas no concurso

O segundo lugar entre adultos foi um registro das Galáxias dos Olhos (NGC 4438) feito no Chile. Elas ficam no Aglomerado de Virgem, requerendo um grande telescópio para revelar seus muitos componentes, como a poeira no meio e as pequenas chamas à esquerda e à direita.

Esses pequenos detalhes raramente foram revelados em outras imagens amadoras, segundo o júri. 

As Galáxias dos Olhos © Weitang Liang / Prêmio Fotógrafo de Astronomia do Ano do Royal Observatory Greenwich

Os autores da fotografia vencedora do concurso também ficaram em primeiro lugar na categoria Estrelas e Nebulosas.

Em imagens antigas de pesquisas do céu, eles descobriram uma nebulosa galáctica até então desconhecida . No seu centro foi encontrado um par de estrelas rodeadas por um envelope comum.

New Class of Galactic Nebulae Around the Star YY Hya © Marcel Drechsler

Em mais de 100 noites, foram coletadas mais de 360 horas de tempo de exposição. O resultado mostra um remanescente estelar ultraprofundo que a equipe batizou de “o coração da Hidra”. 


A melhor fotografia da aurora boreal foi a “pincelada” capturada por Monika Deviat na Lapônia. 

Brush Stroke © Monika Deviat / Prêmio Fotógrafo de Astronomia do Ano do Royal Observatory Greenwich

A jurada Katherine Gazzard destacou o ângulo incomum. 

“O painel de jurados adorou a simplicidade elegante desta imagem abstrata. Estamos acostumados a ver a aurora de uma perspectiva terrestre, com montanhas, árvores e estruturas feitas pelo homem emoldurando as luzes dançantes.

Esta fotografia oferece algo diferente, mostrando a beleza da aurora isoladamente. A composição evoca as artes da pintura com pincel e da caligrafia, praticadas em muitas culturas ao redor do mundo”.


Círculo de Luz ficou em segundo lugar entre as melhores fotos de aurora boreal no concurso do Observatório de Greenwich. Foi feita napraia de Skagsanden, Ilhas Lofoten, Noruega.

A montanha ao fundo é Hustinden, que a aurora parece circundar.

Círculo de Luz © Andreas Ettl / Prêmio Fotógrafo de Astronomia do Ano do Royal Observatory Greenwich

O júri do concurso de fotografia astronômica concedeu uma menção honrosa a esse registro “deslumbrante” da aurora boreal na Nova Zelândia, onde ela não costuma aparecer com as cores tão pronunciadas.

O autor da imagem escolheu o título “Fogo no Horizonte”. 


Fogo no Horizonte © Chester Hall-Fernandez / Prêmio Fotógrafo de Astronomia do Ano do Royal Observatory Greenwich

A melhor foto da lua foi feita no Texas, mostrando-a no momento em que oculta o planeta Marte, em dezembro de 2022, um dos últimos e maiores eventos celestes do ano.

Mars-Set © Ethan Chappel

O jurado Steve March salientou a riqueza de detalhes da imagem: 

“Capturar o nível de detalhe de Marte que você vê aqui requer muita habilidade e prática. Combinada com uma visão lunar nítida, clara e perfeitamente processada, o resultado é como levar uma lente telefoto gigante para a órbita lunar!

Esta imagem é uma maravilha técnica e um verdadeiro deleite de se ver!


O segundo lugar na categoria Lua foi para Tom Willians, que registrou a cratera Platão,de mede 109 km de diâmetro, a partir do Reino Unido.

A imagem foi feita durante um pôr do sol lunar local no quarto minguante, quando aproximadamente metade da face da Lua é visível da Terra.

Sundown on the Terminator © Tom Williams

A fotografia captura sombras “dramática”, na opinião do júri, movendo-se pela Lua.


A foto da última lua cheia do ano feita em Punta Cana foi destacada pelo júri. Ela mostra a coroa lunar, que ocorre quando a luz da lua é difratada por gotículas de água na atmosfera da Terra. Marte está à direita, aparecendo como um pequeno ponto laranja.

Last Full Moon of the Year Featuring a Colourful Corona During a Close Encounter with Mars © Miguel Claro

 A fotografia astronômica vencedora na categoria Sol foi feita na Argentina. Eduardo Shaberger registrou um enorme filamento em forma de ponto de interrogação.

Filamentos solares são arcos de plasma na atmosfera do Sol que recebem forma por campos magnéticos. 

A Sun Question © Eduardo Schaberger Poupeau

A jurada Sheila Kanani destacou a sensação de movimento da imagem e a forma do filamento: 

“Esta é uma imagem tão inteligente que, embora já tenhamos visto a granulação e a superfície do Sol antes, nunca vi um filamento em forma de ponto de interrogação antes.

Se você ampliar a superfície do Sol, a imagem terá uma qualidade semelhante à de uma pintura – sinto que consigo ver as pinceladas.

Há uma sensação de movimento e você quase pode ver o filamento do ponto de interrogação se movendo se olhar por tempo suficiente.”


Sol negro? Esta foi a ideia do fotógrafo Peter Ward, inverteu a imagem retangular em coordenadas polares para destacar as proeminências menores que ocorrem na borda do Sol e criou o disco preto no centro do enquadramento. 


Dark Star © Peter Ward

“Este “poço” escuro parece exercer a sua própria gravidade, atraindo-nos e proporcionando a tela perfeita para exibir as proeminências no perímetro do Sol”, disse o jurado Imad Ahmed. 


Explosão solar, de Mehmet Ergün (Alemanha) recebeu uma homenagem especial do júri na categoria Sol.

É um registro do astro no momento de uma grande explosão (vista à esquerda). As explosões são erupções repentinas de energia magnética na superfície do sol. 

 

 

Tom Philips, segundo lugar na categoria lua, foi o autor da melhor foto de um planeta do concurso do Observatório de Greenwich.

Ele registrou uma visão única de Vênus usando cores artificiais infravermelhas e ultravioletas. Ao ir além da parte visível do espectro, detalhes finos na atmosfera superior do planeta são revelados.

Suspended in a Sunbeam © Tom Williams

Em Dança das Luas, segundo lugar na categoria, Júpiter aparece cercado por duas de suas muitas luas, Io e Europa. Europa é a lua branca gelada, lançando uma sombra sobre a superfície de Júpiter. Io é o círculo amarelo-laranja coberto de lava no canto inferior esquerdo.

A grande mancha avermelhada é vista com a sombra de Europa cortando a borda sul do planeta.

Jupiter Close to Opposition © Marco Lorenzi

 

A melhor paisagem celeste do concurso de fotografia astronômica de Greenwich foi registrada nas montanhas do Himalaia.

Os “Sprites” são um fenômeno extremamente raro de luminescência atmosférica, dando a impressão de fogos de artifício. 

Grand Cosmic Fireworks © Angel An

Esta descarga elétrica raramente vista ocorre muito mais acima na atmosfera do que um raio normal (e, na verdade, apesar do nome, é criada por um mecanismo diferente), dando à imagem uma sensação de escala intrigantemente enganosa.

Embora o gradiente de cores seja lindo por si só, a imagem também revela de forma impressionante a delicada estrutura do plasma. 


Equador celestial acima do memorial da trincheira da Primeira Guerra Mundial, por Louis Leroux-Gere, ficou em segundo lugar. 

O fotógrafo registrou a trilha de estrelas acima das trincheiras preservadas da Primeira Guerra Mundial no Parque Memorial Nacional Canadense de Vimy, norte da França. Ele levou mais de cinco horas para capturar a rotação do céu revelando as estrelas coloridas. 

Foto: Louis Leroux Gere / APY15

Veja também outras finalistas do concurso do Observatório de Greenwich

Filip Hrebenda registrou a aurora boreal na Praia de Vikten (Ilhas Lofoten, Noruega).

Foto: Filip Hrebenda / APY15

O britânico Carl Evans registrou uma lua cheia tão alaranjada que até parece um sol sobre a pequena ilha Church Rock, na cidade de Broadhaven. 

Foto: Carl Evans / APY15

Lua crescente em um pôr do sol mágico, de Eduardo Shaberger Poupeau, é uma uma imagem composta por três elementos: o pôr do sol, a lua crescente com 16% de sua superfície iluminada e as nuvens em um vermelho intenso. A imagem foi capturada em Rafaela, Santa Fé, Argentina.

Foto: Eduardo Shaberger Poupeau / APY15

Ball of rock, por Rich Addis, é a combinação de uma foto de uma lua 78% iluminada com a de uma lua cheia.

Foto: Rich Addis / APY15

Solar flare X1 de AR2884 em ‘motion’, por Miguel Claro, Portugal, revela uma explosão solar ocorrida em 30 de abril de 2022. Foi capturada em Alqueva, em Évora, Portugal.

A cena final é o resultado de vários registros feitos em pequenos intervalos de tempo durante 27 minutos para documentar a explosão. 

Foto: Miguel Claro / APY15

Os fotógrafos Mark Hanson e Mike Selby produziram duas fotos de nebulosas usando o telescópio do Observatório de El Sauce, em Río Hurtado, Chile.

A nebulosa de bolha Wolf Rayet é formada a partir do material ejetado da estrela WR 40, que brilha no centro da bolha.

Foto: Mark Hanson e Mike Selby / APY15

NGC 3521 é uma galáxia espiral intermediária floculenta (composta por uma infinidade de braços espirais e irregulares).

Ela está cercada por poeira cósmica e possui diversas áreas de formação estelar e um centro luminoso. Jatos alfa de hidrogênio raramente vistos também aparecem na imagem.

Foto: Mark Hunson e Mike Selby / APY15

A nebulosa IC 443, conhecida como Água-viva, é uma remanescente de supernova (SNR) na constelação de Gêmeos. A imagem feita por Larkin permite ver as delicadas estruturas.

Foto: Peter Larkin / APY15

A foto mostra a nebulosa da Tarântula (NGC 2070), localizada na Grande Nuvem de Magalhães, capturada em Bentleigh, Austrália.

Foto: Steeve Body / APY15

A aurora boreal aparece sobre o relógio de sol Arctic Henge, inspirado na mitologia nórdica. O Henge está localizado em Raufarhöfn, cidade ao norte da Islândia.

Foto: Daniel Viñé Garcia / APY15

Flutuando sobre montanha islandesa Vestrahorn, a aurora boreal é refletida na praia de areia preta. A lua nascente faz com que as ondulações da areia pareçam douradas no lado direito da imagem. 

Foto: Lorenzo Ranieri Tenti / APY15

A imagem foi capturada enquanto a lua se escondia, revelando a aurora boreal sobre o grande arco do mar de Pollet, em Donegal, Irlanda.

Foto: Brendan Alexander / APY15

A foto foi feita logo após um lançamento de massa coronal (CME) do sol – grandes erupções de gás ionizado a alta temperatura, em 24 de fevereiro de 2023. Nesse dia,  a aurora boreal foi vista em grande parte do Reino Unido, algo incomum. 


Planetas, cometas e asteroides

Em 2022, a imagem rara de um pedaço da cauda do popular cometa Leonard foi a campeã do concurso de fotografia astronômica do Observatório de Greenwich. Este ano, outra foto do cometa ficou entre as finalistas. 

O Leonard (C/2021 A1) foi registrado  no deserto de Negev, Israel, quando fez sua aproximação mais próxima da Terra, em 2021/2022.

Foto: Alex Savenok / APY15

Outra foto finalista mostra os anéis e faixas e as zonas coloridas de Saturno em sua atmosfera. A Divisão de Cassini, lacuna de quase 5 mil km de largura entre as duas principais estruturas do anel, é claramente vista.

Foto: Damian Peach / APY15

As imagens foram publicadas com autorização da organização do prêmio de fotografia Astronomy Photographer of The Year 2023 do Observatório Real de Greenwich e não podem ser reproduzidas.


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