Londres – A Promotoria de Justiça de Paris abriu uma investigação sobre o suposto envenenamento da jornalista da Rússia Marina Ovsyannikova, exilada na França desde fevereiro deste ano.
Dias após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, ela fez um protesto ao vivo na TV estatal onde trabalhava como editora, passou a ser perseguida e acabou fugindo do país com ajuda da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Nesta quinta-feira (13), a jornalista disse ter se sentido mal na rua, segundo a RSF. A policia foi notificada e enviou uma equipe para examinar sua casa.
Uma fonte mencionou a existência de uma substância branca em pó, que teria sido deixada na porta, mas a jornalista posteriormente negou a informação.
O secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras, Christophe Deloire, escreveu no X (antigo Twitter) na noite de quinta-feira que Ovsyannikova já estava melhor, mas continuava sob cuidados médicos.
Ele esclareceu que a jornalista não declarou formalmente ter sido envenenada, como alguns veículos de imprensa informaram, mas sim que as autoridades não haviam descartado esta possibilidade.
Envenenamento de inimigos pela Rússia é comum
Envenenamento de inimigos é uma prática recorrente do regime de Vladimir Putin na Rússia, e nem profissionais de imprensa estão imunes.
Em agosto, a Alemanha também anunciou investigação sobre possível envenenamento de duas jornalistas russas.
Elena Kostyuchenko e Irina Babloyan começaram a apresentar problemas de saúde sem explicações aparentes em outubro de 2022, a primeira na Alemanha e a segunda na Geórgia.
As investigações haviam sido encerradas, mas depois de novas evidências apresentadas pelo site investigativo The Insider, a polícia de Berlim reabriu o caso.
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Quem é a jornalista que protestou contra a Rússia
Filha de pai ucraniano e mãe russa nascida em Odessa, Marina Ovsyannikova, de 45, ficou conhecida depois de protestar com um cartaz durante um telejornal ao vivo da estatal Channel One no dia 14 de março de 2022, condenando a guerra e denunciando a propaganda e as mentiras na mídia controlada pelo governo.
Ela foi multada, saiu da Rússia e passou alguns meses trabalhando na Alemanha como jornalista mas acabou não sendo bem aceita pelos colegas locais.
Voltou então voluntariamente ao seu país em julho e fez um novo protesto, diante do Kremlin.
Depois disso, foi colocada em prisão domiciliar, até fugir para a França com a filha, em uma operação orquestrada pela Repórteres Sem Fronteiras.
No início de outubro, a jornalista que pode ter sido envenenada em Paris foi condenada à revelia por um tribunal da Rússia a oito anos e meio de prisão por espalhar “informações falsas” sobre o exército.
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