Londres – O Museu de Histรณria Natural de Londres anunciou os vencedores de seu prรชmio anual de fotografia da vida selvagem, dando a vitรณria ao registro raro de um caranguejo-ferradura de trรชs espinhos feito pelo francรชs Laurent Balestra nas Filipinas
Alรฉm do exotismo de suas formas e beleza de sua couraรงa dourada, lembrando atรฉ uma nave espacial, o caranguejo fotografado na Ilha Pangatalan รฉ um sรญmbolo das ameaรงas ร vida selvagem: conviveu com dinossauros, sobreviveu por mais de 100 milhรตes de anos e agora enfrenta riscos devido ร pesca, destruiรงรฃo do habitat e uso de seu sangue azul para fazer vacinas.
Este outro รขngulo mostra a parte inferior do animal, que segundo os especialistas da instituiรงรฃo, pouco mudou ao longo da histรณria.
O concurso de fotos da vida selvagem do museu londrino recebeu este ano quase 50 mil inscriรงรตes de 95 paรญses.
Veja os outros trabalhos premiados, incluindo a imagem de uma anta brasileira, que agora estรฃo expostos em uma mostra no Museu.
Fotรณgrafo indiano que vive em Dubai, Vishbnu Gopal registrou o animal saindo cautelosamente da floresta em Tapiraรญ, Sรฃo Paulo. O destaque รฉ o olhar desconfiado.
Fotos da vida em Israel sรฃo premiadas
Duas fotos escolhidas pelo jรบri do concurso retratam a vida selvagem em Israel, que agora vive os horrores de uma guerra.
Amit Eshel venceu a categoria Animais em seu Ambiente com a imagem de dois machos da espรฉcie รญbex (espรฉcie de cabra selvagem) em pleno combate no Deserto de Zin.
Eles se enfrentaram na encosta de um penhasco por cerca de 15 minutos antes de um deles se render. Em seguida, separaram-se sem ferimentos graves.
Carmel Bechler, israelense de 17 anos, conquistou o tรญtulo de Jovem Fotรณgrafo da Vida Selvagem do ano com a foto de corujas em um prรฉdio abandonado ร beira de uma estrada.
Bechler disse que seu trabalho pretende mostrar que โa beleza do mundo natural estรก ao nosso redor, mesmo em lugares onde menos esperamos que esteja, sรณ precisamos abrir nossos olhos e nossas mentesโ.
Para os jurados, contraste na foto entre as luzes de neon e as corujas cuidando de seus ninhos simboliza a tensรฃo crescente entre os humanos e a vida selvagem.
O concurso premiou um fotรณgrafo ainda mais jovem, na categoria 10 anos ou menos. O indiano Vihaan Talya Vikas venceu com a imagem batizada de “O Muro das Maravilhas”, captada em uma reserva em Karnataka, รndia.
Uma aranha ornamental de tronco de รกrvore impede que suas presas escapem. Para o fotรณgrafo, parecia que a aranha havia posicionado sua teia apรณs ficar fascinada pelo som da flauta de Krishna.
Outro indiano, Seriam Murali, teve sua foto escolhida como a melhor na categoria “Comportamento dos Invertebrados”.
“Luzes fantรกsticas”, feita na Reserva de Tigres Anamalai, em Tamil Nadu, รฉ uma combinaรงรฃo de 50 capturas de imagem com duraรงรฃo de 19 segundos para mostrar os flashes de vaga-lumes produzidos durante 16 minutos nas florestas perto de sua cidade natal.
O mundo das pequenas criaturas da vida selvagem foi tambรฉm registrado pelo grego Agorastos Papatsanis, em Monte Olimpo. A foto escolhida como a melhor na categoria Plantas e Fungos mostra cogumelos guarda-sol liberando esporos pelas guelras
Alguns pousarรฃo onde houver umidade e alimentos, permitindo-lhes desenvolver redes sob o solo da floresta.
O vencedor em Comportamento de Mamรญferos, Bertie Gregory, documentou na Penรญnsula Antรกrtica um grupo de baleias preparando-se para colocar uma foca na รกgua para comรช-la.
As bolhas registradas na imagem sรฃo consideradas uma forma de as baleias se comunicarem para formar as ondas e assim derrubarem o animal.
Em Comportamento de Pรกssaros, o campeรฃo foi Hadrien Lalague, como uma foto feita na Guiana retratando um grupo de pรกssaros trompetistas, que se alimentam de vegetais, insetos e atรฉ pequenas cobras encontradas no chรฃo da floresta.
Mas a enorme jibรณia que passava diante deles na hora do clique talvez tenha sido considerada grande demais para virar uma refeiรงรฃo.
No mundo subaquรกtico, o melhor registro do concurso do Museu de Histรณria Natural de Londres foi feito na Baรญa de Kosi, รfrica do Sul.
Mike Korostelev capturou a ternura da mamรฃe hipopรณtamo descansando no fundo de um lago de guas claras.
O jรบri do Museu de Histรณria Natural de Londres escolheu a foto do que parece ser um namoro entre dois gansos-patola, de Raquel Bigsby, como a melhor imagem de Arte na Natureza.
Todos os verรตes, a Reserva Natural Nacional de Noss, na Escรณcia, acolhe mais de 22 mil desses animais, que regressam do Norte para procriar nas saliรชncias esculpidas pelos elementos da natureza. A espรฉcie foi a mais atingida pelo surto de gripe aviรกria de 2022.
A melhor sรฉrie do concurso foi feita por Luca Melcarne no Parque Nacional de Vercors, nos Alpes franceses. Uma das imagens รฉ a do รญbex no meio do gelo.
Para fazer o registro, o fotรณgrafo teve que descongelar a cรขmera com a prรณpria respiraรงรฃo.
Mas nem tudo รฉ alegria na natureza. A foto batizada de Rio Morto, feita em Jacarta (Indonรฉsia), mostra o rio Clilwung, que vem sendo sufocado por resรญduos sรณlidos, dejetos e fertilizantes agrรญcolas.
A imagem de Joan de la Malla venceu na categoria Zonas รmidas.
A escolha das melhores fotos do ano no concurso do Museu de Histรณria de Londres รฉ feita por um painel internacional de jurados com base em originalidade, narrativa, excelรชncia tรฉcnica e prรกtica รฉtica.
โEmbora inspirem admiraรงรฃo, as imagens vencedoras deste ano apresentam provas convincentes do nosso impacto na natureza โ tanto positivo como negativoโ, disse Doug Gurr, diretor do Museu-
โAs promessas globais devem se transformar em aรงรตes para inverter a marรฉ do declรญnio da natureza”, completou.
As fotos foram divulgadas pelo Museu de Histรณria Natural de Londres.
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