Londres – A Meta está sendo processada por 42 dos 50 estados americanos, incluindo Califórnia e Nova York, pelos efeitos do Instagram sobre a saúde física e mental de jovens, pelo poder viciante da plataforma e “por enganar repetidamente o público sobre os perigos”.  

Um dos processos, ajuizado nesta terça-feira em um tribunal federal da Califórnia, reúne 33 estados. Além disso, outros nove procuradores-gerais ingressaram com ações individuais, elevando o total para 42.

Elas buscam indenizações financeiras e a suspensão das supostas práticas prejudiciais da Meta.

Processos após denúncia de ex-funcionária sobre Instagram

É a maior onda de ações contra a controladora do Instagram e também do Facebook e do WhatsApp desde que Frances Haugen, ex-gerente da Meta, tornou públicas em 2021 pesquisas internas da empresa admitindo problemas causados a jovens pelo conteúdo postado na rede social. 

Desde que as denúncias foram feitas, Haugen testemunhou em comissões de inquérito do congresso dos EUA e em parlamentos de outros países e regiões, como o Reino Unido e a União Europeia. Diversas investigações foram abertas em estados americanos. 

O amplo processo civil é o resultado de uma investigação liderada por uma coalizão bipartidária de procuradores-gerais da Califórnia, Flórida, Kentucky, Massachusetts, Nebraska, Nova Jersey, Tennessee e Vermont.

“Crianças e adolescentes sofrem com níveis recordes de problemas de saúde mental, e as empresas de mídia social como a Meta são as culpadas”, disse a procuradora-geral de Nova York, Letitia James.

“A Meta lucrou com a dor das crianças ao projetar intencionalmente suas plataformas com recursos manipuladores que tornam as crianças viciadas em suas plataformas e, ao mesmo tempo, diminuem sua auto-estima”.

O processo judicial argumenta que pesquisas associam o uso das plataformas de mídia social da Meta pelos jovens a problemas como depressão, ansiedade, insônia, interferência na educação e na vida diária “e muitos outros resultados negativos”. 

Os procuradores-gerais destacam recursos como curtidas, alertas e filtros que, segundo eles, são “conhecidos por promover a dismorfia corporal de usuários jovens”. A dismorfia corporal leva a pessoa a passar muito tempo se preocupando com falhas em sua aparência. 

A ação alega ainda que a Meta coleta regularmente dados de crianças menores de 13 anos sem o consentimento dos pais, em violação à lei federal de privacidade dos EUA. 

“As escolhas e práticas de design do Meta aproveitam e contribuem para a suscetibilidade dos jovens usuários ao vício”, afirma o processo.

Em um comunicado sobre os processos, a Meta se disse “desapontada” porque “em vez de trabalhar de forma produtiva com empresas de todo o setor para criar padrões claros e apropriados à idade para os muitos aplicativos que os adolescentes usam, os procuradores-gerais escolheram esse caminho”. 

A controladora do Instagram afirma que procura tornar o espaço online seguro para os jovens.