Londres – Não teve para ninguém este ano: mesmo sem ser uma palavra e sim uma sigla, AI (IA, de inteligência artificial) foi escolhida a palavra do ano pelo dicionário inglês Collins com base na frequência com que ela foi mencionada na imprensa, nas mídias sociais e até na literatura, impulsionada pelo lançamento do ChatGPT

Alex Beecroft, diretor-geral do Collins, justificou a escolha: “Constatamos que a IA tem sido um grande foco este ano devido ao seu rápido desenvolvimento, torando-se uma palavra tão onipresente e incorporada em nossas vidas quanto e-mail, streaming ou qualquer outra que em algum momento parecia futurista – agora, é uma tecnologia cotidiana.”

A definição do Collins para IA é “a modelagem das funções mentais humanas por programas de computador”, simplificando o que muitos ainda tentam explicar e entender. 

IA, palavra do ano escolhida em banco de dados gigantesco

Os lexicógrafos do Collins Dictionary escolhem as palavras do ano a partir da análise de um banco de dados com mais de 20 milhões de termos, entre palavras únicas ou expressões, mencionadas em jornais, sites, revistas, livros, rádio, TV e conversas cotidianas.

O objetivo é atualizar o dicionário para refletir a evolução da sociedade e as preocupações daqueles que utilizam a língua. 

Algumas palavra que fazem parte da lista do Collins são associadas a situações locais do Reino Unido, enquanto outras são universais, como nepo baby, expressão usada para descrever os filhos de celebridades que tiveram sucesso em atividades semelhantes às de seus pais. 

A atriz vencedora do Oscar Jamie Lee Curtis, filha da também atriz Janet Leigh e do cantor Tony Curtis, e o roqueiro Noel Gallagher, pai da modelo Anais Gallagher, falaram sobre assunto, colocando nepo baby em evidência.  

Gallagher disse em uma entrevista que é “humano ajudar seus filhos”.

Outra palavra que segundo o dicionário já virou parte da linguagem cotidiana, para preocupação de marcas comerciais, é desinfluenciar. Trata-se de usar as redes sociais para convencer seguidores a evitarem certos produtos comerciais ou escolhas de estilo de vida.

Um dos alvos dos desinfluenciadores pode ser outra palavra listada pelo Collins entre os destaques do ano: ultraprocessados, definidos pelos lexicógrafos como “alimentos preparados através de métodos industriais complexos” e frequentemente constituídos por “ingredientes com pouco ou nenhum valor nutricional”. 

Esses alimentos podem provocar males como diabetes e obesidade. E aí apareceu outra das palavras do ano eleita pelo dicionário: semaglutida, tratamento potencial para as duas condições. É a substância do medicamento Ozempic, que passou a ser usado para emagrecimento. 

A droga foi o tema da primeira coluna do ex-primeiro-ministro Boris Johnson no jornal Daily Mail, onde passou a escrever depois de deixar o cargo.

Canon event (evento canônico) pode não ser tão popular no Brasil ainda, mas foi listada pelo Collins entre as mais populares de 2023.

A expressão, que significa “um evento essencial para a formação do caráter ou identidade de um indivíduo”, foi usada no filme “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” e ganhou tração nas redes sociais. 

As outras palavras do ano do Collins 

As outras palavras do ano não são tão familiares em outros países como IA, veja quais são:

  • Bazball : Um estilo de críquete de teste em que o lado rebatedor joga de maneira altamente agressiva, associado ao jogador e técnico neozelandês Brendon McCullum, conhecido como Baz.
  • Debanking : O ato de privar uma pessoa de uma conta bancária.  Embora no Brasil também se fale nos “desbancarizados”, pessoas que não têm recursos para manter uma conta ou que optam por outros serviços para atividades financeiras, a palavra virou moda no Reino Unido por outro motivo: o político britânico de direita Nigel Farage denunciou que sua conta no Coutts, um banco do grupo NatWest, tinha sido encerrada por causa de suas convicções políticas. 
  • Greedinflation (algo como ganânciaflação) : Segundo o Collins, é o uso da inflação como desculpa para aumentar os preços a níveis artificialmente elevados, a fim de aumentar os lucros das empresas. Com o Reino Unido vivendo uma crise de custo de vida, a palavra se tornou frequente como não era antes. 
  • ULEZ : Sigla para zona de emissões ultrabaixas – uma área na qual apenas veículos que emitem muito pouca poluição podem entrar sem pagar uma taxa. Adotada inicialmente em Londres, as áreas viraram objeto de batalhas políticas e entraram nos debates sobre mudanças climáticas.