Londres – Uma pesquisa da consultoria Ilumeo que avaliou o impacto dos influenciadores digitais no mercado financeiro revelou que 65% dos investidores tomaram decisĂ”es norteadas por um ‘fininfluencer’ no Brasil. 

O dado confirma o que outros estudos vĂȘm mostrando: a consolidação das redes sociais como ambiente de divertimento, de comunicação entre pessoas e de consumo de notĂ­cias acelerou a sofisticação do mercado de influenciadores, com marcas ĂĄvidas por alcançar uma audiĂȘncia que trocou as mĂ­dias tradicionais pelas plataformas – ou que pelo menos passou a dividir seu tempo entre elas.

Assim, o que no passado era uma atividade quase artesanal envolvendo permutas de forma disfarçada virou uma indĂșstria formal que movimenta cifras impressionantes e Ă© gerenciada por gente especializada.

O mercado de influenciadores digitais

Um relatĂłrio da empresa dinamarquesa de marketing de influĂȘncia Influence Hub projetou que os negĂłcios no setor alcançarĂŁo US$ 16,4 bilhĂ”es este ano. O salto Ă© grande. Em 2017, a receita foi foi de US$ 1,7 bilhĂŁo.

A empresa classifica os influenciadores digitais atuantes no mercado em cinco tipos. Os mega, com mais de um milhĂŁo de seguidores; os macro, entre 100 mil e 1 milhĂŁo; os micro, com 1 mil a 100 mil, e os nano, com menos de 1 mil seguidores.

A consultoria destaca tendĂȘncias desse mercado, algumas surpreendentes. Uma delas Ă© que nĂŁo sĂŁo apenas as grandes celebridades a lucrar com marketing de influĂȘncia, promovendo produtos e serviços em seus canais de mĂ­dia social acompanhados por muitos milhĂ”es de pessoas.

Segundo o estudo, os microinfluenciadores estĂŁo ganhando terreno. Embora com audiĂȘncia menor, eles tĂȘm um pĂșblico mais engajado e mais propenso a tomar decisĂ”es de compra baseadas em quem seguem nas redes.

Entre as vantagens dos microinfluenciadores para as marcas estĂŁo a autenticidade e a credibilidade que transmitem. SĂŁo vistos pelos seguidores como pessoas mais parecidas com eles do que famosos vivendo realidades inatingĂ­veis para a maioria dos mortais assalariados.

A InfluenceHub afirma que os micro apresentam no Instagram uma taxa média de engajamento de 3,86%, contra 1,21% dos megainfluenciadores.

No TikTok a diferença é ainda maior: 18% contra 5% a favor dos menores.

Outra vantagem, obviamente, Ă© o valor do investimento, menor do que contratar um famoso. Mas nĂŁo Ă© apenas dinheiro o que estĂĄ em jogo.

Dependendo do produto ou serviço, pode valer a pena abrir mão de quantidade em prol da segmentação, com a possibilidade de atingir determinados nichos que talvez não fossem alcançados por uma celebridade global.

Esse Ă© outro movimento do mercado apontado pela Influence Hub. Durante muito tempo o marketing de influĂȘncia era concentrado em segmentos como beleza e estilo de vida. Agora Ă© a hora da especialização.

O relatório cita como exemplo a popularização dos fininfluencers (influenciadores financeiros) ou os petinfluencers (influenciadores para quem tem animais domésticos).

Influenciadores diversificam conteĂșdo 

Mas eles terĂŁo que disputar espaço com influenciadores “tradicionais”. Alguns jĂĄ perceberam a oportunidade e se aventuraram em outros segmentos, como quem promove beleza passando tambĂ©m a postar sobre comida ou viagens.

A profissionalização transformou a forma de pagamento. O percentual das marcas que remuneram o influenciador em dinheiro jå é igual à das que fazem permutas com produtos, em torno de 35%.

No entanto, nĂŁo basta fechar o contrato com o patrocinador e sair postando indiscriminadamente. Os usuĂĄrios de mĂ­dia social estĂŁo mais maduros e atentos a fatores como a transparĂȘncia.

Segundo o relatório, 20% dos consumidores demonstram intenção de deixar de seguir um influenciador que não seja franco sobre publicidade ou patrocínios.

Marketing de influĂȘncia nas redes sociais Ă© um dos negĂłcios do presente que dĂĄ sinais de se tornar ainda mais forte no futuro. Aproveitar as oportunidades e nĂŁo cair em armadilhas pode render lucros para agĂȘncias, marcas e influenciadores.