Londres – Depois de prender e condenar vários jornalistas que cobriram a morte da jovem iraniana Mahsa Amini, o Irã começa a fazer o mesmo com profissionais de imprensa que acompanham um caso semelhante: a editora Negar Ostad Agha foi presa durante o funeral de Armita Geravand, de 16 anos, supostamente em um confronto com a polícia da moralidade. 

Geravand morreu 28 dias depois de entrar em coma enquanto estava no metrô de Teerã, em 1º de outubro. Imagens de câmeras de segurança mostraram que sua cabeça estava descoberta, violando o código de vestimenta islâmico obrigatório. O Irã negou que ela tenha sido ferida pelos agentes. 

Editora do site de notícias Etemad Online, Ostad Agha foi presa no cemitério de Teerã onde a jovem foi sepultada. Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), ela está na prisão de Gharchak, um centro para mulheres em Varamin, cerca de 50 quilômetros a sudeste de Teerã. 

Irã não informou motivo da prisão da jornalista 

A organização disse que as autoridades não tinham divulgado o motivo da detenção de Ostad Agha nem as acusações contra ela.

Várias pessoas foram presas no funeral de Geravand, que contou com forte presença de segurança, segundo reportagens da imprensa local.

O Serviço Persa da BBC informou que outros sete jornalistas iranianos foram convocados ao Tribunal de Mídia de Teerã após cobrirem o funeral. Ativistas relataram agressões durante a cerimônia. 

Em outubro, duas jornalistas que cobriram a morte e o funeral de Mahsa Amini, Niloofar Hamedi e Elahe Mohammadi, foram condenadas a mais de 10 anos de prisão por diversas acusações, entre elas a de espionagem para os EUA. 

“As autoridades devem perceber que não podem esconder a difícil realidade do Irã prendendo jornalistas e vozes independentes”, disse o Coordenador do CPJ para o Médio Oriente e Norte de África, Sherif Mansour. 

Irã prendeu mais de 100 profissionais de imprensa após protestos

O Irã foi classificado como o pior carcereiro de jornalistas do mundo quando o CPJ realizou o seu mais recente censo mundial de jornalistas presos , em dezembro de 2022.

O país ocupa o 178º lugar entre 180 nações no ranking de liberdade de imprensa  da organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

De acordo com um relatório da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) publicado em setembro, pelo menos 100 jornalistas foram detidos e encarcerados no Irã desde o ano passado. Mais de 20 foram condenados ou forçados a abandonar os seus empregos.