Londres – A Meta, dona do Facebook e do Instagram, passarĂĄ a exigir que imagens e vĂdeos produzidos com uso de inteligĂȘncia artificial generativa para propaganda polĂtica sejam sinalizados, como forma de limitar o efeito dos “deepfakes” e imagens alteradas que enganam os usuĂĄrios das redes sociais.
A empresa nĂŁo proibiu o uso desse tipo de conteĂșdo, mas a partir de 2024 postagens com imagens criadas con IA ganharĂŁo uma etiqueta para alertar o pĂșblico, e tambĂ©m a indicação de quem pagou pelo anĂșncio.
A decisĂŁo, anunciada via Twitter pelo presidente de assuntos globais da Meta, Nick Clegg, entra em vigor no ano em que pelo menos 16 paĂses realizarĂŁo pleitos nacionais, incluindo os EUA, onde Donald Trump pretende voltar Ă Casa Branca.
Presidente da Meta Ă© ex-polĂtico britĂąnico
Clegg, que assumiu a linha de frente nas comunicaçÔes mais importantes da Meta em 2022 quando o CEO da rede social, Mark Zuckerberg, ficou com a imagem desgastada depois de seguidas denĂșncias sobre as prĂĄticas da empresa, Ă© um ex-polĂtico britĂąnico que chegou a ser vice-primeiro-ministro do paĂs no governo de David Cameron.
Ele disse:
“No ano que vem, os anunciantes que veiculam anĂșncios sobre questĂ”es sociais, eleiçÔes e polĂtica na Meta terĂŁo que divulgar se a imagem ou o som foram criados ou alterados digitalmente, inclusive com IA, com a finalidade de mostrar pessoas reais fazendo ou dizendo coisas que nĂŁo fizeram ou disseram.”
No passado, Mark Zuckerberg demonstrava menos inclinação para esse tipo de restrição, tendo chegado a afirmar que os polĂticos deveriam ter alguma margem de tolerĂąncia para fazerem alegaçÔes falsas e que os telespectadores e eleitores deveriam decidir como responsabilizĂĄ-los.
Mas as pressĂ”es cada vez maiores por regulamentação da IA e responsabilização das plataformas digitais pela desinformação e influĂȘncia negativa sobre a democracia podem ter feito a Meta mudar de ideia.
Na semana passada, o presidente Joe Biden revelou ter ficado “estarrecido” ao se ver em um vĂdeo deepfake durante a cerimĂŽnia em que anunciou um amplo decreto para regulamentar a IA.
As preocupaçÔes eleitorais se justificam. TĂŁo logo Biden anunciou a intenção de concorrer Ă reeleição, o Partido Republicano colocou no ar nas redes sociais um vĂdeo intitulado “Beat Biden”, construindo um cenĂĄrio catastrĂłfico caso ele seja reeleito, com imagens produzidas por IA simulando uma comemoração da vitĂłria.
O concorrente, Trump, também foi alvo de deepfakes simulando sua prisão.
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O que diz a nova polĂtica da Meta contra deepfakes
A Meta diz que os anunciantes no Facebook e Instagram terĂŁo que divulgar sempre que um anĂșncio sobre temas sociais e polĂticos, incluindo campanhas eleitorais, contiver uma imagem ou vĂdeo fotorrealista, ou ĂĄudio com som realista, que tenha sido criado digitalmente ou alterado para:
- Descrever uma pessoa real dizendo ou fazendo algo que nĂŁo disse ou fez
- Retratar uma pessoa de aparĂȘncia realista que nĂŁo existe ou um evento de aparĂȘncia realista que nĂŁo aconteceu, ou alterar a filmagem de um evento real que aconteceu
- Descrever um evento realista que supostamente ocorreu, mas que nĂŁo seja uma imagem, vĂdeo ou gravação de ĂĄudio verdadeira do evento
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Os anunciantes nĂŁo precisarĂŁo sinalizar alteraçÔes que nĂŁo interfiram na informação que se deseja transmitir, como ajuste de tamanho de imagem, corte, correção de cor ou nitidez, “a menos que tais alteraçÔes sejam relevantes para a reivindicação, afirmação ou problema levantado no anĂșncio”.
A Meta informou que adicionarĂĄ informaçÔes ao anĂșncio quando um anunciante relatar que o conteĂșdo foi criado ou alterado digitalmente.
Essas informaçÔes tambĂ©m aparecerĂŁo na Biblioteca de anĂșncios.
“Se determinarmos que um anunciante nĂŁo divulga conforme exigido, rejeitaremos o anĂșncio e a falha repetida na divulgação poderĂĄ resultar em penalidades contra o anunciante”, diz a nova polĂtica.
No inĂcio da semana, a Meta tambĂ©m anunciou que restringiria os anunciantes polĂticos de usarem as ferramentas de publicidade de IA da prĂłpria empresa, que podem gerar planos de fundo, sugerir textos de marketing ou fornecer mĂșsica para acompanhar vĂdeos.
A Microsoft estĂĄ na mesma sintonia: uma ferramenta serĂĄ oferecida gratuitamente para campanhas polĂticas permitindo aplicar uma espĂ©cie de marca d’ĂĄgua destinada a garantir aos usuĂĄrios que o conteĂșdo Ă© autĂȘntico.
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