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Dia do Armistício: por que tantos britânicos usam uma flor vermelha na lapela para celebrar a data?

Primeiro-Ministro Rishi Sunak vende papoula na campanha Poppy Appeal pelo Dia do Armistício em Londres

Londres – Durante todo o mês de novembro, milhões de pessoas no Reino Unido, de cidadãos comuns a celebridades, jornalistas de TV e políticos, usarão na lapela uma papoula vermelha que se transformou em uma poderosa campanha para celebrar o Dia do Armistício, em 11 de novembro, no chamado”Poppy Appeal”. 

Nesta data, em 1918, foi assinado o armistício que colocou fim à Primeira Guerra Mundial. A papoula virou um símbolo do renascimento, inspirada em um poema escrito pelo tenente-coronel canadense John McCrae, pois foi a primeira a nascer nos campos devastados da Bélgica. 

Em 1921 a papoula começou a ser vendida como forma de arrecadar fundos para os veteranos pela Royal British Legion, que continua o trabalho até hoje, usando um “exército” de voluntários que vendem mais de 40 milhões de flores, por 2 libras. A tradição também é mantida no Canadá e em outros países da Comunidade Britânica das Nações. 

A celebração do Dia do Armistício 

Embora o Dia do Armistício tenha como origem a Primeira Guerra, a data celebra os veteranos que lutaram e que perderam a vida em outras guerras. 

O poema escrito por McCrae é intitulado ‘In Flanders Fields’ (Nos Campos de Flandres), em referência à região onde ele perdeu um amigo, hoje parte da Bélgica. 

O texto fala das papoulas que nasceu entre as cruzes que sinalizam os mortos que poucos dias antes amavam e eram amados, pedindo que eles não sejam esquecidos e que a luta continue. 

O poema inspirou a acadêmica americana Moina Michael a iniciar uma campanha para adotar a papoula em memória dos que morreram na guerra em vários países. Com incentivo da francesa Anna Guérin, que vivia no Reino Unido, a Royal British Legion, fundada em 1921,  vendeu 9 milhões de papoulas em 11 de novembro daquele ano.

A primeira Poppy Appeal arrecadou mais de £ 106 mil, uma fortuna para a época, a fim de ajudar veteranos com moradia e empregos. 

Voluntários vendem papoulas vermelhas em homenagem ao Dia do Armistício em Londres
Foto: divulgação Royal British Legion

A Legião criou a “Poppy Factory” para fabricar as flores e empregar ex-militares deficientes. A unidade continua produzindo até hoje, evoluindo com o tempo. Famosos como a atriz Joanna Lumley, o apresentador de TV Gyles Brandreth e a cantora Mica Paris e a estão entre os que apoiam a campanha. 

Em 2023, a papoula se tornou reciclável 

A papoula “oficial” de 2023 é feita sem plástico, usando um papel especial feito com uma mistura de fibras renováveis ​​de fontes responsáveis, 50% das quais recuperadas de resíduos utilizados na produção de xícaras de café.   

Após o fim da celebração, ela poderá ser reciclada em casa através de coletas comuns de reciclagem de papel. 

As vendas são feitas online, por lojas e supermercados e por voluntários em estações de transporte público. Até o primeiro-ministro Rishi Sunak fez sua demonstração de apoio à causa dos veteranos.

Além da papoula em plástico, a “Poppy Shop” da Royal British Legion também oferece opções em metal, coroas decorativas, chaveiros, adesivos para carro e acessórios como bolsas e cordões. 

Há também quem faça suas próprias papoulas, ou as compre de fabricantes que não dedicam parte dos lucros aos veteranos de guerra, mas ainda assim colaboram para que a tradição de usar a imagem da flor vermelha para celebrar a paz seja mantida. 

Como usar a papoula do Dia do Armistício ? 

Embora oficialmente não haja uma recomendação sobre como a papoula deve ser usada, o senso comum é de que seja afixada à esquerda para os homens, à direita para as mulheres, e em uma posição de “11 horas”.

Ela representa a 11.ª hora do 11.° dia do 11.° mês de 1918, quando o Armistício foi assinado, marcando o fim formal da Primeira Guerra. 

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