Londres – No dia marcado para o cessar-fogo na guerra entre o Hamas e Israel em Gaza o nรบmero de jornalistas mortos nas quase cinco semanas de conflito atingiu 53, segundo acompanhamento da ONG de liberdade de imprensa Comitรช de Proteรงรฃo a Jornalistas (CPJ).
O CPJ afirma que este foi o mรชs mais mortal para jornalistas desde que comeรงou a coletar dados de fatalidades envolvendo profissionais de imprensa, em 1992. Apenas na รบltima semana foram 10 casos.
O nรบmero inclui os que perderam a vida a serviรงo e os que foram atingidos por bombardeios. As organizaรงรตes de liberdade de imprensa internacionais e locais investigam se alguns deles estavam trabalhando na hora do ataque ou se locomovendo antes ou depois de trabalhar.
Pode haver mais jornalistas mortos em Gaza
Mas a conta de pelo menos 53 caso pode ser ainda maior. O CPJ disse que tambรฉm estรก investigando relatos nรฃo confirmados de outros jornalistas mortos, desaparecidos, detidos, feridos ou ameaรงados, e de danos a redaรงรตes e a residรชncias de jornalistas.
Em 24 de novembro, o levantamento da organizaรงรฃo apontou:
- 53 jornalistas e profissionais de mรญdia mortos, dos quais 46 palestinos, 4 israelenses e 3 libaneses.
- 11 jornalistas feridos.
- 3 jornalistas dados como desaparecidos.
- 18 jornalistas detidos
Foram ainda contabilizadas agressรตes, ameaรงas, ataques cibernรฉticos, censura e assassinatos de familiares.
O caso mais recente foi o da repรณrter Farah Omar, da rede de TV libanesa Al-Mayadeen, ligada ao grupo Hezbollah. A emissora foi a primeira a ter as transmissรตes suspensas em Israel e nos territรณrios em guerra pelo governo israelense.
Omar morreu em um ataque israelense na รกrea de Tayr Harfa, no sul do Lรญbano, perto da fronteira com Israel, segundo a Al-Mayadeen, a rede Al-Jazeera e o grupo de liberdade de imprensa SKeyes, com sede em Beirute.
Ela tinha acabado de fazer um boletim ao vivo sobre a escalada das hostilidades na fronteira libanesa-israelense.
O cinegrafista da Reuters Issam Abdallah morreu em circunstรขncias semelhantes no dia 13 de outubro, vรญtima de um ataque que teria sido direcionado aos profissionais de imprensa que estavam no local, de acordo com a organizaรงรฃo Repรณrteres Sem Fronteiras (RSF).
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Jornalismo ‘erradicado’ na regiรฃo em guerra
Em um comunicado distribuรญdo esta semana, a ONG afirmou que “o jornalismo estรก sendo erradicado” na Faixa de Gaza.
Entre os jornalistas mortos na semana mais fatal do conflito para a mรญdia estรก Bilal Jadallah, um profissional conhecido na comunidade de mรญdia palestina, ex-presidente do conselho da Press House-Palestine, organizaรงรฃo que apoia a mรญdia independente em Gaza.
Ele perdeu a vida em um ataque israelense que atingiu seu carro diretamente enquanto tentava sair da cidade de Gaza pelo distrito de Zeitoun na manhรฃ de 19 de novembro, segundo a RSF.
A Repรณrteres Sem Fronteiras responsabiliza Israel por nรฃo atender aos apelos para proteger os profissionais de imprensa na regiรฃo, onde a situaรงรฃo รฉ “terrรญvel”:
“Esta รฉ uma das contas de mortes mais altas em um sรฉculo. Jornalistas internacionais estรฃo proibidos de entrar em Gaza. Os repรณrteres que estรฃo lรก nรฃo tรชm refรบgio seguro e nรฃo tรชm como sair. Eles estรฃo sendo mortos um apรณs o outro.
Desde 7 de outubro, o territรณrio palestino tem sido submetido a uma verdadeira erradicaรงรฃo do jornalismo. Instamos a comunidade internacional a intervir para proteger os jornalistas no local, abrir a passagem de fronteira de Rafah e permitir que repรณrteres internacionais entrem.โ
Segundo o Comitรช de Proteรงรฃo a Jornalistas, as forรงas israelenses disseram ร s agรชncias de notรญcias internacionais Reuters e AP que nรฃo podem garantir a seguranรงa dos jornalistas que trabalham em Gaza.
A organizaรงรฃo lembra que a regiรฃo tambรฉm tem vivido “apagรตes de comunicaรงรฃo”, tornando difรญcil para muitos jornalistas se comunicarem com o mundo exterior.
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