Londres – A jornalista Minnie Chan, uma experiente profissional que trabalha há 18 anos no principal jornal em língua inglesa de Hong Kong, está inacessível há quase um mês desde que viajou para a China no final de outubro para cobrir um fórum de segurança internacional, levantando sérias preocupações sobre por que estaria desaparecida sem dar notícias.
Chan Man Li, conhecida como Minnie Chan, foi a Pequim para acompanhar o Fórum Xiangshan, um evento de três dias que terminou em 31 de outubro, para o South China Morning Post. Mas não retornou a Hong Kong e está incomunicável desde então.
O South China Morning Post, que pertence à empresa chinesa de e-commerce Alibaba, respondeu ao alegado desaparecimento de Chan afirmando que o jornalista está “de férias”, segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês).
Jornalista desaparecida cobre defesa e diplomacia da China
Nas últimas duas décadas, Chan especializou-se na cobertura de defesa e diplomacia na China para o jornal. Ela também escreveu para o Apple Daily, um meio de comunicação pró-democracia em Hong Kong forçado a fechar pelas autoridades em 2021.
O fundador do Apple Daily, o magnata da mídia Jimmy Lai, foi condenado por acusações de fraude em outubro de 2022.
Segundo a Federação Internacional de Jornalistas, vários grupos de defesa da liberdade de imprensa sediados em Hong Kong indagaram o jornal sobre a segurança de Chan e apelaram a qualquer familiar e amigo que necessite de assistência ou tenha conhecimento da sua situação para contatá-los.
A Associação de Jornalistas de Hong Kong expressou nesta sexta-feira a sua preocupação com as notícias sobre o sumiço da jornalista.
“Esamos profundamente preocupada com a segurança de Minnie e solicitamos mais informações ao South China Morning Post”.
Jornalista estaria de férias
Consultado sobre o caso pelo jornal britânico The Guardian, o jornal disse:
“A família dela informou-nos que ela está em Pequim, mas precisa de tempo para tratar de um assunto privado. A família disse que ela está segura, mas solicitou que respeitássemos sua privacidade. Estamos em contato com a família de Minnie e não temos mais informações para divulgar”.
Em 2023, a IJF documentou pelo menos 80 detenções de jornalistas na China e em Hong Kong, sendo cada vez mais comuns o desaparecimento forçado, a detenção e a intimidação de trabalhadores dos meios de comunicação
Em 11 de outubro, a jornalista australiana Cheng Lei regressou à Austrália depois de ter sido detido na China durante mais de três anos em prisão preventiva por acusações de segurança nacional.
” Pequim tem uma longa história de atacar jornalistas que criticam o governo chinês, e o desaparecimento de Chan no meio da crescente repressão aos meios de comunicação independentes de Hong Kong é profundamente preocupante”, disse a Federação.
A IFJ instou as autoridades chinesas a garantirem que a liberdade de imprensa seja respeitada e a conduzirem uma investigação imediata sobre o paradeiro da jornalista para garantir que ela possa regressar a Hong Kong em segurança.
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